CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Notícias

'A vida precisa voltar à normalidade', diz governador do Amazonas sobre retomada da economia

  1. Principal
  2. Notícias

28/05/2020

Fonte: Estadão

Thaíse Rocha

Após uma redução no número de óbitos por covid-19 em Manaus, o governador Wilson Lima (PSC) confirmou que o comércio reabrirá gradualmente a partir do próximo dia 1º de junho. No Interior, que detém 54% dos casos de coronavírus no Amazonas, a decisão ficará sob critério das prefeituras.

Lima já havia antecipado, no domingo, 24, a retomada do comércio porque a "a vida precisa voltar à normalidade". Mas em coletiva à imprensa na terça-feira, 26, esclareceu que a suspensão das medidas restritivas iria depender da curva de casos do novo coronavírus, caso contrário, o Estado iria retroceder com a decisão. O decreto que permite apenas serviços essenciais vai até o dia 31 de maio.

"Tem havido um número menor de óbitos e isso tem diminuído ao longo dos últimos 15 dias. Temos um aumento de casos, mas um número alto também de recuperados. Temos mais de 23 mil recuperadas. A gente consegue enxergar uma luz no fim do túnel. Todas as decisões de reabertura do comércio estão condicionadas à essa curva", explicou aos jornalistas.

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL-Manaus) estima que cerca de 1.500 lojas fecharam definitivamente e em torno de 30 mil funcionários foram demitidos. Para o presidente da CDL-Manaus, Ralph Assayag, a medida do governo vai evitar que esses números aumentem. "Infelizmente o vírus ainda vai fazer muitas vítimas, até que se tenha uma vacina ou remédio direcionado ao combate. O que nós precisamos ter é um cuidado redobrado, como usar máscara. A decisão do governo foi acertada, é uma maneira de não acontecerem mais demissões. Quando começarem a abrir é a hora que nós vamos ver mais lojas fechando", disse.

Ainda segundo Assayag, serviços como restaurantes, que só devem ser abertos daqui a 60 dias, não conseguirão manter suas operações. O comércio só deve iniciar sua recuperação a partir segundo semestre de 2021, caso não haja medidas conjuntas e firmes dos governos Federal, Estadual e Municipal, como, inicialmente, investirem na construção civil e em microempreendedores.

O presidente em exercício da Fecomércio Amazonas, Aderson Frota, destacou que o governo estadual precisa estabelecer um calendário definitivo para retomada das atividades comerciais. De acordo com Frota, 600 empresas estão fechadas mantendo uma série de custos, pois não há renda circulando. "Nós não podemos permitir que se atribua a abertura das lojas por motivo da pandemia. Não é o funcionamento da atividade comercial que está provocando a doença, o que está provocando a contaminação são as pessoas que não observam uma série de cuidados, uma série de medidas protetivas para a saúde. Precisamos encontrar um ponto de equilíbrio para que nós possamos voltar com as atividades comerciais, sem estimular o crescimento das estatísticas da covid-19", argumentou.

Concordando com a justificativa do Estado, o economista e presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, reforçou que os dados e informações sobre a pandemia no Amazonas permitem ao governo promover a abertura gradual do comércio. "A quantidade de leitos ocupados tem diminuído dia a dia, o número de óbitos tem diminuído. Existem estudos que apontam que provavelmente mais de 50% da população da capital já foi contaminada", disse. "Acho que tem que ter responsabilidade e acompanhamento das medidas de proteção, tantos dos trabalhadores como clientes, para que não haja um aumento de casos. Vamos aguardar e torcer para que as medidas sejam acertadas e encontrar uma nova normalidade pós-pandemia", indicou.

Já o prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), pediu cautela. “Não vamos criar nas pessoas uma falsa ilusão de que todo mundo que for para a rua estará empregado”.

Para o infectologista Marcus Lacerda, que coordenou a pesquisa sobre o uso da cloroquina no combate à covid-19, o momento pede equilíbrio para não haver um novo crescimento. "É uma decisão complicada. Acho que deve haver um meio-termo. Voltar aos poucos com cuidado e acompanhar de perto. Não podemos juntar dados do Amazonas com [os de] Manaus; as mortes na capital caíram. Abertura total não pode, nem fechamento total. O comércio de Manaus nunca fechou de fato, apenas uma mínima parcela", afirmou.

No início de junho, um relatório técnico desenvolvido pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a pedido da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapeam), apontou que um relaxamento no isolamento social poderia levar a um novo pico de casos em junho. O estudo, desenvolvido por dez pesquisadores divididos em dois grupos, analisou o número de casos confirmados em Manaus até o dia 20 de abril.

"Qualquer afrouxamento de medidas de distanciamento social, neste momento ou nas próximas oito semanas, pode levar a um novo crescimento das infecções e óbitos de covid-19 em poucas semanas, considerando o número atual muito alto de indivíduos infectados (estimados em cerca de 85.000) e a ainda pequena porcentagem (estimada em 10% a 15%) de indivíduos com uma possível imunidade (provavelmente temporária)", explicam os pesquisadores.

Ainda no levantamento, os especialistas ressaltam a importância do distanciamento social, se mantido nas próximas oito semanas, para a redução de novos infectados no Amazonas. "Recomenda-se assim a implementação de medidas ainda mais rígidas de distanciamento social para obter uma redução ainda mais acentuada de novas infecções. Tais medidas mais rígidas neste momento poderiam inclusive permitir a antecipação de possíveis medidas de relaxamento do distanciamento social futuramente", citam em outro trecho da pesquisa.

O estudo foi desenvolvido pelos pesquisadores da Ufam Max Lima, Jeremias Leão, Celso Cabral, Silvia Dias, Diego da Silva, W. Alexander Steinmetz, José Mir Costa, Sandro Bitar. Além dos pesquisadores Luiz H. Ducmal, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Alexandre Celestino L. Almeida, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House