05/02/2014
A queda de 3,5% registrada no último mês de 2013 foi, especialmente, influenciada pelo desempenho do setor de veículos automotores, cuja produção despencou 17,5% em relação a novembro — tendência quedeveseacentuar em 2014, com o agravamento da situação econômica da Argentina, maior importador dos veículos brasileiros.
"Esse resultado é decepcionante, no sentido de que houve um esforço fiscal do governo em 2013", afirmou o economista da Gradual Investimento, André Perfeito. "A produção de veículos aumentou 7,2% no ano, em 2013, mas isso é efeito das vendas no primeiro semestre, o que mostra que a redução no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) é um estímulo que teve efeito somente quando começou. Estamos vendo um esgotamento desse tipo de incentivo ao consumo", concordou a analista da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro.
Para Alessandra, o país está vivendo o desaquecimento dos condicionantes da demanda. "Em 2013, houve a desaceleração da renda real e do ritmo de expansão do emprego. O crédito para aquisição de veículos também estava fraco, o índice de confiança do consumidor já acumula uma queda de 15% desde abril de 2012 e ainda temos uma parte importante do consumo sendo atendida pelas importações", apontou.
Para a analista da Tendências, o efeito Argentina já começou a ser sentido no final do ano passado e, em 2014, tende a se acentuar, uma vez que, com a escassez de dólares no país, o governo do país vizinho está impondo barreiras às importações.
"A Argentina absorve quase a totalidade de nossas exportações. No final do ano passado, ainda que já possa ter algum efeito prático de controle das importações pelo país, a barreira entra em vigor somente a partir do começo deste ano. Então, uma forte queda das exportações para o país é esperada agora para janeiro", previu.
André Perfeito, da Gradual, diz que, entre os dados divulgados ontem pelo IBGE, há ainda outro indicador preocupante: "Observamos uma queda bastante relevante na produção de bens de capital em dezembro, mesmo se olharmos pela série dessazonalizada, quando deveríamos, ao contrário, estar aumentando a formação bruta de capital fixo", lamentou.
Levando-se em conta o resultado anual, a produção industrial brasileira encerrou 2013 com alta acumulada de 1,2%. Apesar de representar o melhor desempenho desde 2010, o resultado do ano passado não foi suficiente para reverter e compensar a queda de 2,5% em 2012, quando a produção industrial brasileira registrou a primeira retração desde 2009.
"Encerramos 2013 com um patamar de produção equivalente ao do fim de 2009, quando a indústria ainda sentia os efeitos da crise do subprime. De lá para cá a indústria vem num processo de tentar recuperar o que foi perdido", comentou o economista do IBGE, André Macedo.
Desembolsos do BNDES: alta de 22% em 2013
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou ontem que seus empréstimos em 2013 totalizaram R$190,4 bilhões reais, alta de 22% sobre 2012.
Segundo o banco de fomento, as aprovações de empréstimos em 2013 caíram 8%, para R$ 239,6 bilhões.
Já as consultas e os enquadramentos no ano passado tiveram recuo de 11% e7%, respectivamente.
O BNDES disse, em comunicado, que a queda nas aprovações, consultas e enquadramentos em 2013 é "explicada pela alta base de comparação e também sinaliza cenário de maior moderação nos desembolsos do banco em 2014".
Fonte: Brasil Econômico