11/04/2022
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A passividade, quando colocada como falha e falta de vontade de agir, é desastrosa. Provoca constrangimento, mal-estar e prejuízos de em vários tamanhos. É assim que pode ser entendida a condição passiva das autoridades governamentais, políticas, empresariais, de instituições e de líderes de organizações de trabalhadores do Estado do Amazonas em relação ao desmantelamento da Zona Franca de Manaus.
O corre-corre de agora, após mais um ato de ataque do governo federal ao principal modelo de desenvolvimento econômico do Amazonas e de cidades da Amazônia Ocidental, demonstra como a postura preferencialmente adotada pelas forças vivas do Estado é a da espera e de submissão. Nem os representantes no Congresso Nacional, nem as autoridades locais conseguiram promover uma ação firme e forte que envolvesse a sociedade estadual e demonstrasse à Presidência da República a determinação para fazer valer a ZFM.
Acomodados na promessa de que as especificidades da ZFM seriam respeitadas, agora, com o fato consumado, começa uma tentativa de enfrentar o grave problema criado a partir de um compromisso apresentado e não respeitado, mais como blefe do que a disposição de honrar o que fora acertado entre o presidente da República, líderes empresariais e governo estadual. Prevaleceu a lógica estabelecida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, conhecida pelos brasileiros do Amazonas e aqueles que na região moram e ou nela têm negócios,
A má vontade do gestor da política econômica brasileira em relação ao modelo ZFM é notória e ficou exposta desde antes da posse de Guedes no posto ministerial, e durante a sua gestão até este momento. O ministro percebe o modelo ZFM como problema que precisa ser extirpado e assim age. O que é complicado e se constitui em ataque à ZFM é o fato de o presidente da República ser conhecedor da opinião de Paulo Guedes, sinalizar às autoridades do Estado que as especificidades da ZFM seriam mantidas e respeitadas ao mesmo tempo em que autoriza edição de decreto que representa exatamente o contrário dessa sinalização.
Empurrada para baixo e com poder minguado de atração de projetos, a Zona Franca de Manaus torna-se, para os investidores, um espaço de instabilidade econômico-político cuja margem de lucro não atraí diante da realidade de vulnerabilidade em que o modelo foi submetido de forma aguda na atualidade. Por que esperaram até agora para agir coletivamente?
Fonte: Acrítica