CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Notícias

A indústria de bicicletas do PIM começou o ano embalada

  1. Principal
  2. Notícias

14/02/2022

Marco Dassori

A indústria de bicicletas do PIM começou o ano embalada. As fabricantes entregaram 61.437 unidades, resultado 7,8% superior ao de janeiro de 2021 (56.981), mês inicial da segunda onda em Manaus. Em relação a dezembro do mesmo ano (25.370), quando as empresas entraram em férias coletivas, o incremento foi de 142,2%. O desempenho configurou um recorde para o subsetor, sendo o melhor número de manufatura desde 2014 (69.999). As vendas internas seguiram aquecidas, mas as exportações desaceleraram, a despeito da alta exponencial sobre a base de 2020.

É o que revelam os dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares). O placar de janeiro reforçou a projeção de encerrar este ano com expansão de 17,4% na comparação com o exercício anterior, elevando a produção de 749.320 (2021) para 880.000 (2022) unidades. A pedra no caminho entre a meta e a realização ainda é o impacto da crise global de abastecimento de componentes nas linhas de produção da indústria incentivada de Manaus, já que a entidade garante que a demanda pelas bicicletas “made in ZFM” segue fortalecida.

Em texto distribuído pela assessoria de imprensa da Abraciclo, o vice-presidente do Segmento de Bicicletas, Cyro Gazola, assinala que os números comprovam o esforço das associadas para atender à demanda. “O setor ainda sofre com os impactos da falta de insumos, mas graças ao planejamento, estamos superando essa adversidade e, gradativamente, atendemos ao consumidor que deseja uma bicicleta”, declarou.

A Abraciclo informa que 50% das partes e peças de uma bicicleta são importados, a exemplo de sistemas de freios, transmissões, suspensões e selins. Mas, a expectativa é que o subsetor retome gradativamente o ritmo de produção nos próximos meses, depois de passar por um 2021 conturbado. Conforme Gazola, as fabricantes já elaboraram um plano de ação, que abrange toda a cadeia logística, capaz de suprir as linhas de produção nos próximos meses. “O foco principal é que todas as unidades retomem a curva de aceleração. Dessa forma, iremos equilibrar a oferta e a demanda”, enfatizou.

Outro desafio enfrentado no início do ano é o fator ômicron. De acordo com o vice-presidente do Segmento de Bicicletas, o impacto da disseminação da nova variante da Covid-19 foi significativo no contingente de trabalhadores do PIM –assim como em outras praças. “A produção não parou em nenhuma das quatro associadas, mas ficou mais lenta devido aos casos de afastamento de colaboradores”, ponderou.

Ômicron e verticalização

Em sintonia, o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus, e vice presidente da Fieam, Nelson Azevedo, lamentou os impactos da “contaminação assustadora” da ômicron nas linhas de produção mundo afora, especialmente nos fornecedores de insumos. “A China, especialmente, está com prejuízos que podem desarticular suas expectativas de crescimento. E por consequência, todas as empresas pelo mundo afora, que dependem de seus suprimentos. Eles adotam medidas radicais para conter o contágio e isso afeta a indústria e a logística fortemente”, frisou.

O dirigente também manifestou apreensão em relação ao índice de contágios na indústria, em que pesem os cuidados do setor. “Estamos muito preocupados com a taxa de ausências. No setor de duas rodas, há empresas que reduziram a carga de trabalho, por conta disso. Eles só retornam quando não há qualquer membro da família com suspeitas de contaminação. Foi a maneira encontrada de evitar que o colaborador seja fonte de contaminação para os colegas na fábrica”, contou.

Azevedo salienta que as autoridades estão tomando medidas preventivas para conter o contágio e as empresas reforçaram as medidas sanitárias da OMS, mas concorda que a escassez de componentes ainda é uma realidade cotidiana, por isso defende maior verticalização no PIM. “Precisamos resgatar nossos fornecedores locais de outrora, sentar e negociar parcerias. Muitos deles estão com suas empresas praticamente paralisadas. É melhor para o fabricante de bens finais ter fornecedores locais, fazendo entregas pelo sistema ‘just-in-time’ ou ‘kanban’, sem estoques intermediários e com grande flexibilidade de ajustes no planejamento da produção”, argumentou.

MTB e Elétrica

Com 38.702 unidades fabricadas e sendo responsável por 63% do volume total, a MTB (Moutain Bike) liderou o ranking das categorias de bicicletas mais produzidas pelo PIM, em janeiro, ao avançar 99,2% sobre dezembro (19.429), e apenas 0,4% ante o dado de 12 meses atrás (38.533). Com fatia de 26,7%, a categoria Urbana/Lazer (16.673) cresceu 264,7% e 2,9%, respectivamente. Na sequência está a Infanto-Juvenil (3.108 e 5,1% de participação), com acréscimos de 3.008% e 114,5%.

Os resultados mais consistentes, entretanto, continuaram vindo dos modelos com produção ainda minoritária. A maior elevação proporcional em relação a janeiro de 2021 (+306,3%) foi registrada pela categoria Elétrica (1.491), que ainda responde por 2,4% do total, e acelerou 61% ante dezembro. Com volume de fabricação pouco superior em representatividade (2,9%), a Estrada somou 1.763 unidades manufaturadas no primeiro mês de 2022, montante 313,8% superior na variação mensal e 143,8% melhor na anual.

Gazola destaca que, apesar da preponderância das Moutain Bikes, as Elétricas vêm ganhando mais espaço no mercado. “A bicicleta elétrica é uma boa opção de deslocamento nas cidades e será cada vez mais comum vê-la nas ruas. Os brasileiros seguem uma tendência mundial de optar por produtos em sintonia com o meio ambiente e adotar um estilo de vida mais saudável”, salientou. “A expectativa para este ano é de produzir cerca de 15 mil unidades, o que representa aumento de 45,7% na comparação com 2021”, emendou.

Exportações balançam

O segmento, contudo, não teve números tão positivos nas vendas externas contabilizadas no primeiro mês do ano. A Abraciclo informa que o PIM exportou 2.126 bicicletas, em janeiro de 2022, o que equivale a um decréscimo de 57,1% na comparação com dezembro de 2021 (4.959) e a uma escalada exponencial de 2.125% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando embarcou apenas uma unidade.

De acordo com dados do Comex Stat, os principais destinos das bicicletas manufaturadas no Polo Industrial de Manaus, no mês passado, estão no Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul). Foram embarcadas 1.765 bicicletas para o Paraguai (83% do volume total). Na sequência vieram o Uruguai (220 unidades e 10,3%) e a Argentina (120 bicicletas e 5,6%).

Em entrevista anterior à reportagem do Jornal do Commercio, o gerente executivo do Centro Internacional de Negócios da Fieam, Marcelo Lima, lembrou que os países que adquirem os produtos do polo de duas rodas do PIM antes compravam similares mais baratos da China. O motivo da substituição seria a melhor qualidade e a oferta de assistência técnica. “Havia alguma dificuldade logística, que foi superada. Por esse motivo, e pelo próprio crescimento vegetativo do mercado, a tendência é que a alta se mantenha em 2022”, arrematou.

Fonte: JCAM

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House