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A incapacidade de realizar como característica nacional

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28/05/2019

Augusto Barreto Rocha

É assustadora incapacidade que temos para fazer. E nos especializamos cada vez mais nesta inabilidade. Faz muito que se repete que no Brasil há pouco planejamento. Concordo. Todavia, entendo que há um problema maior: a incapacidade de realizar. Há uma percepção antiga que se observam as árvores pelos frutos ou que a vida se passa nos fatos e não nas palavras. Entretanto, a nossa cultura típica é mais lúdica e agarrada na música e nas palavras de encantamento. Como refletia Joaquim Nabuco: terá a escravidão ligação com esta problemática?

As pessoas discutem e entram em atrito por frases vazias e chegam a brigar em redes sociais ou no mundo real pela simples discordância de ideias, pois faltam argumentos para debater. Qualquer um quer impor sua forma de pensar, por mais ignorante que seja em um determinado assunto. Como os governos são um espelho das sociedades, a colocação da culpa nos políticos afasta-nos ainda mais da solução. O caminho da solução é político, pois a alternativa ao método político será autoritária e a história do país e do mundo está repleta de exemplos que o autoritarismo de qualquer sabor não é interessante.

A solução é enfrentar os problemas e realizar. Todavia, quantos de nós está realmente interessado em realizar? Fico abismado ao ver alunos afirmando que um determinado tema não possui conteúdo, sem sequer ter pesquisado. Também vejo “empreendedores” falando sobre suas soluções mágicas de softwares, hardwares ou medicamentos sem nunca ter emitido um pedido de vendas. A frequência com a qual vemos engodos e mecanismos de enganação pura e simples é fantasticamente alta.

Entretanto, nem tudo está perdido. Há uma diversidade de pessoas que possuem um brilho e uma capacidade de fazer, mas elas não acreditam em si, pois a conversa dominante de todos coloca mais luz nos aspectos negativos, ao invés do estímulo aos aspectos positivos. Fala-se mais de presidiários do que sobre a forma como as pessoas honestas conseguem fazer sucesso e os heróis vão sendo invertidos. Assim, há uma imensidão de exemplos negativos e pouquíssimos exemplos positivos nas conversas da imprensa e das pessoas.

Quando surgem exemplos positivos, já ligamos nosso desconfiômetro: será positivo realmente? De maneira geral, há uma inflada nos parâmetros, o que normalmente nem seria necessário. Compara-se um microempresário logo com o Steve Jobs ou um grupo de empresas com o Vale do Silício. Nem o Polo Industrial de Manaus inteiro se compara com o Google em faturamento… Imagine meia dúzia de startups com o Vale do Silício (o PIB da Califórnia é maior do que o PIB do Brasil). A incapacidade de se olhar no espelho e no retrovisor de maneira nítida é algo fundamental para transformar esta realidade.

Conclusão: além de planejar, precisamos realizar. Todavia, para a execução adequada destes dois verbos, precisaremos compreender onde realmente somos e estamos. Sem um posicionamento claro, qualquer iniciativa regional terá poucas chances de sucesso. Fica o convite para sermos o país do presente.

*Augusto Barreto Rocha é doutor em Engenharia de Transportes (COPPE/UFRJ), professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), diretor adjunto da FIEAM, Coordenador da Comissão de Logística do CIEAM.

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