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Seo Azevedo, seu legado permanecerá!

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25/06/2018

Wilson Périco (*)
wilson.perico@technicolor.com

Estamos todos tristes com a partida de José dos Santos Azevedo, nosso bom companheiro, entretanto, temos, doravante, o compromisso de permanecer unidos como sempre ele recomendou. Perdemos uma presença física, mas temos que manter viva a chama do companheirismo de “seo Azevedo” como todos chamávamos na rotina de luta pelo respeito ao Amazonas, e por essa Amazônia esquecida.

Sua obstinação pelo nosso Estado, sua recomendação pela unidade, sua presença em todos os fóruns que debatessem nossos direitos de promover a prosperidade apesar dos embaraços locacionais desta região remota e ambientalmente delicada, são alguns exemplos de um legado que precisamos manter como um farol e bússola. Ou, como diriam os seringueiros, construtores do Ciclo da Borracha, uma poronga, a lanterna artesanal que eles levavam à testa para iluminar a escuridão da floresta a coleta do látex, o leite da fortuna. Seo Azevedo é nossa ilustre poronga.

Eu o conheci logo que cheguei em Manaus . Nossa relação fraterna entretanto, teve início nas reuniões convocadas pelo também saudoso Dr Euripedes Lins, dirigente devotado da FAEA, a entidade da agricultura. Sua história é de puro e exemplar empreendedorismo. Conversávamos sobre o Amazonas na homenagem feita pelo Exército Brasileiro ao Dr Mário Guerreiro. Vindo de Portugal, Seo Azevedo era símbolo de vitória profissional começando numa casinha modesta no Centro de Manaus, consertando rádios e os primeiros aparelhos de tv que aqui apareceram. Sua trajetória se expandiu nos três setores da economia, com ênfase no setor do comércio e serviços, na indústria, com sua habitual determinação, e na agricultura para dar exemplo de quanto precisamos nos diversificar e nos integrar para promover a mudança e fazer girar a economia em harmonia com o tecido social.

Pessoa de hábitos simples, caminhava a pé por suas lojas no Centro, sempre, porém, com visão ampla das demandas e soluções para nosso Estado. Defendia com insistência a Interiorização do desenvolvimento, alegando que a Lei nos permitia usar 20% do território para atender às demandas sociais sem comprometer o grandioso serviço ambiental que nosso Estado oferece ao Brasil e ao mundo. Defendia exploração dos minérios, a biodiversidade, com uma Biotecnologia robusta, para fortalecer o polo industrial de Manaus. Pregava e realizava suas intuições. Ele nos deixa um patrimônio de entusiasmo e fé na prosperidade geral desta região.

Defensor da família como esteio da vida social, interagia “olho no olho”, dando coerência e fortalecimento aos valores de respeito, dignidade, fraternidade e compromisso com o próximo. Assim, o víamos na rotina do Hospital da Beneficente Portuguesa e demais entidades filantrópicas que, discretamente, amparava. “É melhor dar do que receber”, como diria seu guia espiritual, o Apóstolo Paulo.

E, como exemplo de seu altruísmo e dignidade, ocupava um lugar ativo e proativo nas principais entidades de classe do setor produtivo, com postura aguerrida, convidando a todos ao protagonismo de quem gera emprego e renda. Falando por três setores, mais do que ninguém, poderia recomendar a unidade, mostrar que nossas diferenças são pequenas, algumas lastimáveis, a luz do que podemos fazer unidos pelo Amazonas e pelo Brasil.

Neste instante dramático em que nos encontramos, obrigados, com o suor de nossa rotina,a pagar a conta dos malfeitos de governantes aloprados, a trajetória de seo Azevedo deve nos ensinar que só na resistência organizada e compartilhada podemos fazer frente ao confisco, à espoliação e a ilegalidade generalizada que nos impõe.

Obrigado, Comendador José dos Santos Azevedo, que saibamos prestar neste momento a homenagem que muitos de nós deveríamos tê-lo feito em vida, nesta vida de dedicação a esta terra e a este país tão rico e tão perverso contra todos que se dedicam a conjugar o verbo empreender.

Muito obrigado, seo Azevedo !!

(*) Wilson é economista, presidente do CIEAM e vice presidente da Technicolor para AL.

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