26/04/2022
Ainda que a pandemia tenha acelerado o processo de digitalização, ainda há uma crise global de habilidades digitais -e uma necessidade urgente de ação. De acordo com o novo Global Digital Skills Index, estudo global da Salesforce, especialista em soluções de gestão de relacionamento com clientes (CRM), aponta que 73% dos trabalhadores não se sentem preparados para aprender as habilidades digitais hoje necessárias exigidas pelas empresas
Realizada com mais de 23 mil trabalhadores em 19 países, incluindo o Brasil, a pesquisa revela ainda que, apesar de 82% planejarem aprender novas competências nos próximos cinco anos, neste momento apenas 28% estão ativamente envolvidos em programas de aprendizado e treinamento destas capacidades.
Enquanto isso, o cenário no Brasil é mais otimista, com apenas 37% dos entrevistados afirmando não estarem preparados com as habilidades digitais necessárias para o futuro do trabalho -o menor índice entre todos os países pesquisados -, sendo que 79% dos trabalhadores brasileiros estão planejando aprender novas habilidades, seja para crescer na própria carreira ou em busca de um novo caminho profissional.
Lacuna global
Essa lacuna é uma preocupação, mas também uma oportunidade. Com empresas em todo o mundo em rápida transição para modelos digitais, aumentou muito a demanda por funcionários com habilidades digitais.
"Existe uma lacuna entre a fronteira da inovação e as habilidades necessárias para usar essas inovações", disse Peter Schwarte, vice-presidente sênior de planejamento estratégico e Chief Futures Officer da Salesforce. "Isso, por si só, não é novidade. Mas o que é novo é o alcance dessa inovação, quão difundida ela é, e como ela permeia todos os aspectos da vida. É difícil fazer quase qualquer coisa hoje em dia sem alguma forma de interação digital".
A pontuação global dos 19 países pesquisados no Salesforce Index para prontidão digital, avaliada em termos de preparação, nível de habilidade, acesso e participação ativa em requalificação digital, hoje é de apenas 33 de 100.
Os países representados na pesquisa variaram de pontuações de 63 a 15, destacando que, embora alguns países se sintam mais preparados digitalmente do que outros, como o Brasil, que possui uma pontuação de 53, há urgência em fazer investimentos para diminuir a lacuna de habilidades digitais e construir uma força de trabalho mais inclusiva.
Mesmo com a boa pontuação do Brasil no Salesforce Global Digital Skills Index, é importante ressaltar que a mensuração é feita a partir da auto avaliação dos respondentes. Apesar de grande parte dos profissionais consultados se considerarem bem preparados para o futuro profissional, associações de classe no país indicam desafios para preencher vagas mais qualificadas, como na área de tecnologia da informação.
Cotidiano x local de trabalho
Habilidades cotidianas, como mídias sociais e navegação na web, não se traduzem necessariamente nas principais habilidades digitais do local de trabalho necessárias para as empresas impulsionarem a recuperação, a resiliência e o crescimento.
No mundo, mais de dois terços (64%) de todos os entrevistados da Geração Z dizem ter habilidades avançadas de mídias sociais -apoiando o estereótipo de domínio digital entre a geração mais jovem. Porém, menos de um terço (31%) acreditam ter as habilidades avançadas de trabalho digital necessárias hoje pelas empresas.
No Brasil, ao fazer a mesma comparação há uma percepção mais otimista sobre as habilidades digitais aplicadas ao trabalho, mas as habilidades do dia a dia também tendem a superar o nível de conhecimento das habilidades relacionadas ao trabalho. Segundo o estudo, 75% do público da Geração Z no país que participou do levantamento considera usar de forma avançada as mídias sociais, e 66% se sentem muito preparadas com habilidades digitais aplicadas ao ambiente de trabalho.
Contudo, quando olhamos para a habilidade em e-commerce e comércio digital, considerada a mais importante no ambiente de trabalho pelos consultados no Brasil, apenas 32% dos jovens da Geração Z consideram ter um nível avançado, em linha com o observado com os respondentes das demais faixas etárias.
"A tecnologia faz parte da vida do brasileiro, mas nem sempre o conhecimento que se tem sobre ela é o que fará a diferença na carreira", destaca Fábio Costa, general manager da Salesforce. "Assim como a transformação digital impacta empresas e colaboradores constantemente, capacitar-se também é uma jornada. E ela exige profundidade nos interesses do indivíduo e nas demandas do mercado", completa.
Fonte: