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Ex-ministro revela na FIEAM os desafios do Brasil para ser rico e competitivo- Correio do Amazonia

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17/08/2017

Reportagem publicada pelo Correio da Amazônia

Mesmo com os desafios do custo Brasil, dos juros altos e da legislação trabalhista anacrônica, da ineficiência dos serviços e do elevado custo do frete, a indústria brasileira não perdeu produtividade. Muito pelo contrário, o país consegue preservar um grau de complexidade e diversificação industrial que só perde para a China.

A análise vem assinada pelo ex-ministro da Fazenda, Mailson da Nóbrega, que apresentou as perspectivas da economia do Brasil em palestra para empresários, economistas e representantes do Polo Industrial de Manaus, na reunião de diretoria da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, na última segunda, 14, ainda como parte das comemorações dos 57 anos da FIEAM. A palestra foi promovida em parceria com a Comerc Energia.
Titular da Fazenda entre 1988 e 1990, quando foram dados os primeiros passos para a abertura da economia brasileira, Mailson da Nóbrega, hoje aos 75 anos, falou sobre conjuntura, condições econômicas e institucionais, e os desafios do Brasil para se tornar um país rico e competitivo. Em sua avaliação, apesar da recessão econômica e da instabilidade na política, o país é um mercado de oportunidades que continua atraindo investidores mundiais.

De acordo com o economista, o Brasil é a 8ª economia do mundo, mas poderia ser a 6ª se os erros do governo brasileiro não tivessem entrado em debate nacional e mundial. “Com uma economia desse nível nenhuma empresa relevante do mundo quer deixar de estar presente no Brasil. Das 500 maiores empresas mundiais, 400 têm operação no território brasileiro”, garantiu.

Nóbrega acredita que o novo ciclo de crescimento do país dependerá da expansão de investimentos e da produtividade. “A taxa de investimento do Brasil está no nível histórico mais baixo, na ordem de 14%, enquanto precisa de investimentos na ordem de 25% para ter um potencial de crescimento satisfatório”, disse.

Ele citou dois fatores de riscos que podem abalar o Brasil e a confiança do mercado local, que são novas denúncias na operação Lava Jato contra o presidente Michel Temer, e a rejeição da reforma da Previdência, destacando a importância das reformas de base do país para o seu crescimento.

Na avaliação de Nóbrega, o Brasil possui muito mais fatores que eliminam a crise do que riscos, como a inexistência de crise cambial. Ele lembrou que o país deixou de ter câmbio fixo estabelecido pelo Banco Central para ter câmbio flutuante que responde aos acontecimentos de situações internacionais e domésticas.

Outro fator favorável é a reserva internacional – de US$ 380 bilhões – superior à dívida externa, de US$ 320 bilhões. “O Brasil é um credor líquido. O mundo deve mais ao Brasil do que ele deve ao mundo, e não pagamos a dívida porque não é conveniente, pois o Tesouro precisa visitar outros mercados, financiar exportações e importações, e ter capital de giro”, explicou, lembrando que esse fator é fundamental para explicar por que os mercados internacionais continuam apostando no Brasil.

“No auge da nossa crise, entrou mais dinheiro no Brasil do que saiu. São US$ 75 bilhões de capital estrangeiro, equivalente a quatro vezes mais que a nossa necessidade de financiar o balanço de pagamento. Déficit inferior a US$ 20 bi que irá reforçar ainda mais as reservas ao logo dos próximos meses, projetando o Brasil como um país de grandes possibilidades de investimentos”.

Indústria e agronegócio
Autor do livro ‘Desafios da Política Agrícola’, escrito em 1985, antes de se tornar ministro, Mailson da Nóbrega afirmou que a complexidade e diversificação do setor produtivo brasileiro é um dos melhores do mundo, apesar dos gargalos de crescimento e de competitividade. O maior destaque dado pelo economista foi para o agronegócio que, segundo ele, é a grande conquista do Brasil nos últimos 50 anos.

“Acredito que a terceira revolução da agroindústria ocorreu no Brasil com a agricultura tropical de alta eficiência, iniciada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e empresas privadas”, apontou, explicando que os produtores fizeram a migração do Sul e Sudeste para o Centro-Oeste.

A invenção de tecnologias de plantio direto e de técnicas de correção de solos nos últimos 50 anos dobrou a produção de áreas plantadas e quadruplicou a produção de grãos no Brasil. “Não há maior ganho de produtividade dessa magnitude em nenhum segmento da economia brasileira. O cerrado deixou de ser considerado imprestável para representar 70% das exportações de grãos do país”, disse o economista.

Para Nóbrega, o problema da agricultura é quando sua produção passa da “porteira” e se depara com o ambiente hostil de estradas ruins, sistema tributário caótico, entre outros impasses. O ex-ministro compara as cinco décadas da agroindústria brasileira com os mais de 200 anos de produção agrícola dos Estados Unidos da América, destacando a marca dos EUA de ser 14 vezes mais produtivo que o Brasil.

“Dos grandes produtores agrícolas (EUA, Rússia, China, Índia, e União Europeia), o Brasil é o único que pode dobrar o plantio de grãos e a produção agropecuária sem derrubar nenhuma árvore, além de ser o único a produzir três safras por ano com o agronegócio integrado de milho, soja e pecuária”, disse Nóbrega, lembrando que a agricultura é o segmento que concentra o maior índice de inovação do país.

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