29/12/2022
O Amazonas abriu 2.109 postos de trabalho com carteira assinada, em novembro. Pelo 11º mês seguido, as admissões (+18.892) bateram as demissões (-16.783), permitindo um acréscimo de 0,44% sobre o estoque anterior. O saldo de vagas, contudo, veio mais fraco do que os de outubro (+3.463), setembro (+5.214) e agosto (+4.088), além de corresponder a menos da metade do registrado 12 meses atrás (+4.817). Diferente do ocorrido nos meses anteriores, as contratações foram sustentadas basicamente pelo comércio e a oferta se restringiu a Manaus (+0,53% e +2.319).
Mesmo assim, a alta proporcional de criação de empregos formais no Amazonas (+0,44%) voltou a bater as médias nacional (+0,32%) e da região Norte (+0,15%). Com o novo incremento mensal, o mercado de trabalho do Estado também se manteve no azul nos acumulados do ano (+8,94% e +39.733) e dos últimos 12 meses (+8,12% e +36.382). O estoque –que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos –chegou a 481.630 ocupações. É o que revelam os números do ‘Novo Caged’, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, nesta quarta (28).
Em paralelo, o Brasil gerou 135.495 empregos celetistas, no mês passado, com 1.747.894 contratações e 1.612.399 desligamentos, e incremento mensal de 0,32%. O número também veio menor do que os de outubro (+159.454), setembro (+278.085) e agosto (+278.639), e ficou muito abaixo do patamar do mesmo período de 2021 (+324.112). Em 11 meses, foram criados 2.442.377 postos de trabalho em todo o país, situando o estoque brasileiro em 43.120.732 vínculos empregatícios. Quatro das cinco regiões brasileiras avançaram –com exceção do Centro-Oeste. Apenas comércio e serviços conseguiram o mesmo.
Vale lembrar que a oferta de empregos formais ainda está distante da demanda dos trabalhadores, tanto em âmbito estadual, quanto nacional. Os dados mais recentes do IBGE mostram que, embora tenha diminuído, a quantidade de amazonenses na fila do desemprego chegou a 183 mil, no terceiro trimestre. A mesma base de dados informa que pouco mais da metade da população “apta ao trabalho” (14 anos ou mais, conforme o órgão de pesquisa) tinha ocupação remunerada, sendo que 57,1% dessas vagas não contavam com carteira assinada.
Comércio na frente
Assim como no âmbito nacional, nem todas as cinco atividades econômicas do Amazonas fecharam novembro no campo positivo, já que duas eliminaram empregos. No mês da Black Friday e da Copa, coube ao grupo que inclui comércio e reparação de veículos (+1,90% e +2.111) sustentar a maior parte das contrações. Foi o melhor número de 2022, ultrapassando com folga o dado de outubro (+647). O maior impulso veio do varejo (+1.841), seguido de longe pelo atacado (+224) e pelo segmento de reparação de automóveis e motocicletas (+46). Em 11 meses, o setor criou 8.872 empregos.
Líder do ranking, nos meses anteriores, os serviços caíram para a segunda colocação. O setor gerou apenas 315 postos de trabalho celetistas, com alta de 0,14% sobre o estoque anterior, desacelerando significativamente ante outubro (+1.323) e setembro (+3.384). O destaque positivo veio do grupo que reúne informação, comunicação, e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+480). Mas, administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais (-623) somaram saldo negativo ainda maior. Ainda assim, os serviços já abriram 22.817 vagas no acumulado do ano, sendo campeões na oferta de oportunidades no mercado de trabalho estadual.
A indústria emendou o sétimo mês no azul, mas perdeu uma posição. O setor criou 245 vagas celetistas e teve variação positiva de 0,20% na comparação com o estoque anterior. Mas, também perdeu força em relação a outubro (+1.109) e setembro (+1.269). As contratações foram puxadas pela indústria de transformação (+0,17% e +184), com destaque para produtos de metal (+173), e farmoquímicos e farmacêuticos (+104). O segmento de água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação (+49), assim como a indústria extrativa (+13) também criaram empregos, o que não ocorreu na atividade de eletricidade e gás (-1). O saldo do acumulado foi de 6.138 vagas.
Em sentido contrário, a construção interrompeu dois meses de alta e eliminou 323 vagas, gerando recuo de 1,27% em seu estoque de empregos. As demissões foram a regra em obras de infraestrutura (-185), construção de edifícios (-112) e serviços especializados para o setor (-26). A agropecuária, por sua vez, saiu de três meses consecutivos de saldos positivos para um corte de 239 postos de trabalho, no maior tombo proporcional da lista (-5,74%). Os desligamentos se concentraram principalmente nas lavouras temporárias de cana-de-açúcar (235). De janeiro a novembro, a construção gerou 1.894 empregos e a agropecuária, apenas 12.
“Dinâmica consistente”
O presidente da Fieam, Antonio Silva, disse à reportagem do Jornal do Commercio que o “Novo Caged” confirma a “consistência da dinâmica econômica local”. “Podemos observar essa solidez pela superioridade dos números locais em relação às médias nacional e regionais. Nesse sentido, o PIM é a principal força motriz que mantém a engrenagem econômica amazonense em movimento. Destaco, especialmente, o segmento metal mecânico. Para os próximos meses, em decorrência de fatores exógenos e econômicos conjunturais, esperamos estabilidade e crescimento mais tímido”, ponderou.
O presidente em exercício da Fecomércio-AM, Aderson Frota, salientou que, embora os serviços tenham desacelerado, o destaque do comércio na geração de empregos foi uma boa notícia para o setor, que vem driblando as altas dos juros e da inflação, assim como sua pressão sobre os orçamentos familiares, para manter as vendas. “Comércio e serviços continuam como os maiores empregadores e apresentaram os melhores resultados. É normal que ambos tenham crescido porque é fim de ano”, frisou, sem mencionar perspectivas.
Já o presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza, assinala que o “grande problema” está na insegurança empresarial diante da transição de governo em Brasília, e da “falta de informações sólidas” que norteiem decisões. “É natural que haja uma redução no estoque de mão de obra neste fim de ano, porque todos estão apreensivos. Mas, tivemos um crescimento expressivo em 2022 e acredito que as perspectivas para 2023 são boas. Temos investimentos previstos em obras paralisadas, e estimativas em obras de infraestrutura. Há também uma tendência de redução dos juros e a construção é um setor que contrata muito com pouco dinheiro”, concluiu.
Fonte: JCAM