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Varejo no Amazonas volta ao nível pré-pandemia

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14/04/2022

Marco Dassori

O varejo do Amazonas voltou a respirar em fevereiro, após sofrer dois tombos seguidos. A alta das vendas foi de 1,8% na variação mensal, superando a média nacional (+1,1%), que foi impulsionada pelos segmentos de combustíveis, eletrônicos, móveis, vestuário e calçados. O índice de crescimento, no entanto, foi insuficiente para repor a perda anterior (-2,2%). A comparação com 2021 mostra crescimentos de dois dígitos, já que o setor passava pelo segundo mês de portas fechadas, em razão da segunda onda e das políticas de isolamento social.

Em sintonia com a escalada dos juros e dos níveis de inadimplência, o resultado seguiu morno em subsetores dependentes de crédito, como veículos e material de construção. O galope da inflação inibiu vendas e aumentou o descolamento entre o volume comercializado e a receita nominal. A boa notícia é que, a despeito de um Carnaval atípico, e da ômicron em alta, o comércio amazonense conseguiu ficar 1,2% acima do patamar pré-pandemia, embora siga 4,9% abaixo do pico da série (outubro de 2020). É o que revela a PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), divulgada pelo IBGE, nesta quarta (13).

A variação mensal do Amazonas (+1,8%) foi apenas a 14ª melhor entre todas as unidades federativas do país – empatando com Santa Catarina. O pódio foi dividido por Roraima e Amapá (ambos com +8%) enquanto Tocantins (-3,7%) teve o único resultado negativo do ranking. Em relação a fevereiro de 2021, o incremento amazonense foi de 21,5%, propiciando uma elevação acumulada de 28,4%, no bimestre. Em ambos os casos, o Estado encabeçou o ranking brasileiro de crescimento da atividade, sendo favorecido por uma base de comparação fraca. Em 12 meses, a alta foi de 5,4%.

Receita e crédito

Vitaminada mais uma vez pela inflação, a receita nominal foi melhor em todas as comparações, especialmente as de longo prazo. A variação mensal ficou positiva em 2,6%, superando a perda de janeiro (-1,8%). Em relação a fevereiro de 2021, a elevação chegou a 27,2%, possibilitando que os acumulados do ano (+33,6%) e dos últimos 12 meses (+17,1%) também seguissem no azul. O Amazonas superou a média nacional (+2,3%, +14,3%, +12,6% e +14,7%) em todas as comparações.

Em todo o Brasil, o varejo foi alavancado por combustíveis e lubrificantes (+5,3%), móveis e eletrodomésticos (+2,3%), tecidos, vestuário e calçados (+2,1%). Embora tenham apresentado menor impacto, os subsetores artigos de uso pessoal e doméstico (+1,6%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (+1,4%) também cresceram. A alta atípica da divisão de livros, jornais, revistas e papelaria (42,8%) foi favorecida pela volta às aulas. Os piores números vieram de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-5,6%) e de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (0%).

Em razão do tamanho da amostragem, o IBGE ainda não segmenta o desempenho do comércio no Amazonas. Sabe-se apenas que o varejo ampliado local, que inclui veículos e material de construção teve desempenhos piores do que o dado global do setor, em quase todas as comparações. Entre janeiro e fevereiro, o incremento não passou de 1,7%. O mesmo se deu no confronto com fevereiro de 2021 (+16,5%) e no desempenho do bimestre (+25,1%). Os segmentos em questão ajudaram a impulsionar discretamente apenas os resultados do acumulado de 12 meses (+6,1%).

“Mais moeda”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, assinalou à reportagem do Jornal do Commercio que desempenho do comércio amazonense foi positivo, em fevereiro. Embora ressalte que não dispõe de subsídios para atribuir motivos para os resultados da pesquisa, o pesquisador avalia que alguns fatores podem ter contribuído para tanto, especialmente o discreto aumento do nível de empregos, assim como pelo próprio Carnaval atípico de 2022, o que teria gerado “mais moeda no mercado” – e, indiretamente, mais inflação.

“Em fevereiro o comércio voltou a apresentar aumento de vendas em ambas as comparações, mostrando uma certa recuperação em relação as perdas do mês anterior. A comparação com fevereiro do ano passado foi favorecida pelas circunstâncias de pandemia de 2021. Já o comércio ampliado manteve o mesmo nível de desempenho que o comércio normal, mostrando que automóveis, peças e materiais de construção não contribuíram. Com isso, a média móvel trimestral ficou com uma pequena situação de queda, o que indica a mesma situação para o próximo mês”, ponderou.

“Saques de FGTS”

Na mesma linha, o presidente da assembleia geral da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Ataliba David Antonio Filho, disse à reportagem do Jornal do Commercio que o Carnaval de escalada mais reduzida foi fator importante para o setor, pois permitiu que os gastos da população fossem direcionados ao varejo de pequeno e médio portes, “preservando a capacidade de compra da população”.

O dirigente avalia que, assim como ocorrido na média nacional, a temporada de volta às aulas também impulsionou as vendas, assim como outros fatores atípicos. “Em grande parte, essa melhora veio da absorção de empregos temporários, assim como pelo aumento de empregos formais oferecido por novos empreendimentos, e os saques de FGTS. Os indicadores deste ano apresentam melhora significativa em relação ao ano anterior”, frisou.

“Mais empregos”

Para o presidente da CDL-Manaus, Ralph Assayag, de uma forma geral, o que o IBGE fala “está correto”, mas ressalta que a comparação entre os desempenhos do varejo amazonense em janeiro e fevereiro é “irreal”. “Não dá para comparar um mês com 31 dias e com o os outros 50% do 13º do funcionário público estadual pago, com outro que teve praticamente 24 dias. Em relação ao ano passado, também fica difícil, porque estavam todos fechados e, este ano, estamos todos abertos”, observou.

Segundo o dirigente, os segmentos de combustíveis, de móveis e eletrodomésticos, e de vestuário também avançaram no Amazonas, mas foram puxados mais pelos efeitos inflacionários na receita nominal, do que pelo volume de vendas. “Houve muita alteração nos preços, um pouco menos no vestuário. Mas, como estávamos fechados no ano passado, os subsetores acabaram com melhor repercussão neste ano. principalmente porque agora temos mais gente empregada, como também, mais segurança no emprego. Nos dois primeiros meses de 2021, foram demitidas 18 mil pessoas”, ponderou.

Efeito inflação

Em sintonia, o presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas), Ezra Azury, salienta que o aumento dos preços dos combustíveis está “puxando bastante” a receita das vendas do varejo amazonense. A retomada gradual dos setores econômicos a um ritmo mais “próximo do normal”, em paralelo com o refluxo da pandemia, também teria ajudado. O dirigente avalia que, por esses mesmos motivos, março também apresentará números positivos.

“A tendência é que nos próximos meses tenhamos essa cota de combustível bem alta. Os segmentos de vestuário e calçados também puxaram as vendas, já que as pessoas estão podendo sair e voltamos a ter eventos e shows. O mesmo acontece para os bares e restaurantes. Esse mês em que estamos, no entanto, começou ainda de maneira morna. Alguns subsetores estão reclamando, como os de alimentação e de supermercados, pela redução de produtos vendidos, em virtude da inflação”, finalizou.

Fonte: Jornal do Commercio

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