15/05/2022
As exportações registraram a melhor performance do ano, sendo encabeçadas por óleo de soja, concentrados para refrigerantes e motocicletas. Outros itens básicos de alimentação, revendidos por atacadistas locais para a Venezuela, tiveram destaque na pauta, assim como ouro, nióbio, e até sucata. E, a despeito da crise do IPI e dos lockdowns na China, as importações de insumos industriais seguiram positivas. É o que mostram os dados do governo federal, disponibilizados no portal Comex Stat.
As vendas externas do Estado totalizaram US$ 111.97 milhões, sendo 39,84% mais fortes do que as de março de 2022 (US$ 80.07 milhões) e 48,09% superiores à marca de 12 meses atrás (US$ 75.61 milhões). As importações superaram US$ 1.32 bilhão, correspondendo a um acréscimo de 8,20% ante o mês anterior (US$ 1.22 bilhão) e a uma expansão de 30,69% no confronto com abril de 2021 (US$ 1.01 bilhão). No quadrimestre, as exportações (US$ 348.69 bilhões) do Amazonas subiram 15,57%, enquanto as importações (US$ 4.76 bilhões) avançaram 19,30%.
Em ambos os casos o peso total das mercadorias também foi maior em abril, confirmando crescimento no comércio exterior amazonense, apesar dos efeitos da inflação mundial e do câmbio nos resultados. As vendas externas atingiram 37,77 mil toneladas, quantidade 31,51% maior do que a do mesmo mês de 2021. O mesmo se deu nas aquisições no estrangeiro, que demonstraram alta de 46,20% na mesma comparação, atingindo 301,81 milhão de toneladas. Em quatro meses, contudo, houve queda de 5,10% (127,90 mil toneladas), no primeiro caso, e elevação de 3,70% (894,01 mil toneladas), no segundo.
Insumos e China
As importações de fevereiro foram encabeçadas por insumos para o PIM, além de alguns bens finais. Os itens mais adquiridos foram circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 241.22 milhões), óleos de petróleo” (US$ 171.11 milhões), platina (US$ 110.66 milhões), discos, fitas e suportes para gravação de sons (US$ 90.39 milhões), celulares (US$ 84.34 milhões), componentes para televisores, celulares e decodificadores (US$ 57.90 milhões), partes e acessórios para veículos de duas rodas (US$ 43.58 milhões), transatlânticos e barcos de cruzeiro (US$ 40.03 milhões). A única queda registrada na variação anual veio dos componentes para eletroeletrônicos.
A China (US$ 460.55 milhões) voltou a liderar o ranking de fornecedores do Amazonas, além de elevar as vendas em relação ao quarto mês de 2021 (US$ 424.31 milhões). Os EUA (US$ 244.64 milhões) se mantiveram no segundo lugar, logo à frente do Vietnã (US$ 110.33 milhões). Foram seguidos por Taiwan (US$ 93.30 milhões), Coreia do Sul (US$ 91.89 milhões), Japão (US$ 58.42 milhões), África do Sul (US$ 47.71 milhões) e Bélgica (US$ 43.89 milhões). Todos tiveram números melhores do que os de 12 meses atrás.
O gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Marcelo Lima, lembra que as importações costumam vir em uma crescente ao longo dos primeiros meses do ano, em paralelo com o aquecimento do PIM, e a despeito dos eventuais impactos da política chinesa de “covid zero” em suas vendas para Manaus. “É importante porque as compras se destinam a partes e peças para o Polo Industrial. O maior fornecedor ainda é a China e, à exceção dos Estados Unidos, todos os demais são países asiáticos”, salientou.
Venezuela e atacadistas
A Venezuela (US$ 36.93 milhões) renovou a liderança entre os destinos das vendas externas amazonenses, com acréscimo ante abril de 2021 (US$ 22.47 milhões). Na sequência, estão Colômbia (US$ 14.45 milhões), EUA (US$ 10.38 milhões) e China (US$ 8.60 milhões). Tradicional parceiro comercial do Amazonas, a Argentina (US$ 6.82 milhões) se segurou na quinta posição, sendo seguida por Alemanha (R$ 4.94 milhões) e Índia (R$ 3.10 milhões), entre outros. Apenas Argentina e Colômbia reduziram aquisições.
Em abril, o óleo de soja (US$ 26.93 milhões) voltou a liderar ranking das exportações, graças a um acordo de atacadistas do Amazonas com importadores da Venezuela. As vendas decolaram 148,43% ante o mesmo mês de 2021 (US$ 10.84 milhões). Motocicletas (US$ 13.61 milhões) e preparações alimentícias/concentrados (US$ 13.56 milhões) também ocuparam o pódio. Foram seguidas por ferro-ligas (US$ 7.63 milhões) e extratos malte (US$ 5.98 milhões), circuitos integrados (US$ 4.52 milhões), ouro (US$ 4.21 milhões) e “desperdícios, resíduos e sucata” (US$ 3.38 milhões).
Apesar da presença dos concentrados e das motocicletas nas primeiras colocações da pauta de vendas externas do Estado, os próximos manufaturados do PIM presentes na lista só aparecem na décima, 13ª, 18ª, 19ª e 29ª posições, respectivamente: aparelhos de barbear (US$ 3.10 milhão), aparelhos de TV (US$ 1.64 milhão), celulares (US$ 957.823) e canetas (US$ 841.832), isqueiros (US$ 332.100) e entre outros. A lista inclui ainda diversos componentes fabris.
Pandemia e IPI
O gerente executivo do CIN/Fieam reafirmou que os números de abril não mostraram “grandes alterações” em relação ao quadro geral do comércio exterior do Amazonas dos últimos meses, e seguem dentro das expectativas. “As exportações deste ano devem permanecer nesse patamar, com aumentos comedidos. Mas, dificilmente sofrerão uma redução”, ponderou, acrescentando que ainda haveria muito espaço para crescer.
Lima informa que o Amazonas foi o quarto maior exportador da região Norte, no acumulado até abril. “Estamos atrás de Pará (US$ 6.70 bilhões), Rondônia (US$ 903 milhões) e Tocantins (US$ 830 milhões). Correspondemos a um terço do valor do terceiro colocado e superamos apenas Roraima, Amapá e Acre. Vendemos principalmente para países vizinhos. No caso do Pará, os produtos exportados são principalmente minérios e os maiores compradores são China, Malásia e Japão. O Amazonas precisa trabalhar melhor suas exportações, mas sabemos que 97% da produção do PIM fica no mercado interno. Pouca coisa sai daqui”, avaliou.
Ao comentar a respeito das mudanças de cenário para o comércio exterior, destaca que o dólar segue em flutuação, favorecendo mais o exportador do que o importador. Considera que o ano de eleições no país sinalizaria, em tese, alguma estabilidade econômica. Mas menciona que a atividade pode sofrer efeitos negativos não apenas da guerra na Ucrânia, mas também da crise do IPI. A boa notícia seria o refluxo mundial da pandemia.
“Há uma reativação do comércio internacional e já observamos a realização de eventos internacionais, de forma presencial. Neste ano, o Brasil participou da Feira de Dubai, em março, o que trouxe bastante proveito para os empresários amazonenses também. Acreditamos que novos negócios surgirão a partir daí. Mas, há também uma expectativa do empresariado local em relação aos decretos do IPI, o que pode provocar alguma alteração na produção do PIM, embora o comércio exterior seja isento de tributos”, encerrou.
Fonte: Jornal do Commercio