07/05/2019

Notícia publicada pelo jornal Acrítica

Após revogar o edital que reestruturaria o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), o governo federal em parceria com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), está criando uma nova organização para cuidar da instituição.

A informação foi confirmada à reportagem por meio de uma declaração do superintendente Alfredo Menezes, um dia após ele participar de uma reunião com representantes do Ministério da Economia, que vem realizando uma série de estudos sobre o centro de pesquisa.

"Este estudo irá incluir todos os envolvidos com o centro, como os acadêmicos, cientistas e as universidades, onde iremos desenhar uma proposta que está sendo conduzida pela Sepec (Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade), e, dentro do prazo mais breve possível queremos estar apresentando e fazer que o CBA funcione dentro de um modelo de negócios, gerando benefício diante de toda esta biodiversidade que nós temos", disse o superintendente.

A declaração de Menezes foi dada após o governo federal re vogar a portaria 141, do último dia 26 de abril, o edital de chamamento público 2/2018 que reestruturaria o CBA e já havia contemplado a empresa Aliança de Bioeconomia da Amazônia (Abio) com vencedora do certame e futura gestora do centro. A Abio se posicionou sobre a revogação, por meio de nota, informando que recebeu a notícia da revogação com desapontamento a decisão de retirar do CBA uma perspectiva de futuro promissor com base no apoio das instituições de pesquisa, desenvolvimento, inovação e empreendedorismo da bioeconomia da Amazônia, mas que por outro lado, reconhece o direito do Governo Federal em tomar decisões de natureza política.

"A Abio tem diversas iniciativas em andamento, dentre as quais o CBA era uma delas.
A aliança seguirá com suas atividades de apoio aos seus membros, promovendo ações e projetos colaborativos voltados para aumentar a geração de empregos, renda e a participação da bioeconomia no PIB da Amazônia.

Diante da revogação do edital do CBA, a Abio deseja que o Governo Federal tenha sucesso e pleno êxito na gestão desse importante patrimônio público", finaliza a nota.
Menezes criticou Centro "Nunca produziu nada em 20 anos". Durante uma conversa informal com jornalistas momentos antes de conceder entrevista coletiva no dia 8 de abril, o superintendente da Suframa, Alfredo Menezes, já havia sinalizado que o CBA poderia ser comandado pelo órgão.

Após fazer lembrar da viagem que realizou na comitiva do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em Israel, onde conheceu um local dito por ele como uma espécie de "CBA de Israel" com as mesmas funções por meio de atividades científicas e da bioeconomia, ele afirmou que o CBA do Amazonas nunca produziu nada ao longo de seus quase 20 anos.

"Digam-me o que ele (CBA) fez em 20 anos e o que foi produzido? Temos que ter o senso o crítico de cobrar e saber o que houve de fato", afirmou.

Abio tinha objetivo de tornar local uma referência

Conforme apresentado no site da Abio, o local tinha o desafio de tornar o CBA um centro de excelência da biotecnologia da Amazônia, gerenciando o local por meio de um conjunto de atividades de pesquisa, desenvolvimento, inovação e empreendedorismo (PDI&E). No site da associação, também foram apresentados problemas e soluções nas áreas estruturais do ambiente de PDI&E na Amazônia e gerenciais do CBA, das médias e grandes em presas, startups e pequenas empresas e sobre os fornecedores de matéria prima para bionegócios.

A Aliança de Bioeconomia da Amazônia (ABio) é formada por dez instituições, entre elas a Universidade Federal do Amazonas (Ufam); Universidade do Estado do Amazonas (UEA); Instituto Federal do Amazonas (Ifam); Fundação Amazonas Sustentável (Fas); Universidade Nilton Lins; Fundação Oswaldo Cruz-Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz); Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas (Sema); Secretaria de Planejamento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (Seplancti); Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Bionorte); Rede de Inovação e Empreendedorismo da Amazônia (Rami); Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam); Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).