28/02/2014 10:08
“Não existe vantagem para o comércio. Qualquer local do Brasil faz a importação e, para pessoas de fora, sai mais barato importar de outro local do que comprar aqui, porque a logística de transporte do Amazonas é muito cara. A única forma de atrair o consumo de fora para a região é com preços menores, e a Zona Franca não nos proporciona isso, pelo contrário, algumas pessoas saem de Manaus para comprar mais barato em outros estados ou até em outros países”.
“Em teoria, um dos objetivos do modelo seria ajudar a aquecer o comércio local, mas isso não acontece. Nós deveríamos ter as mesmas isenções de impostos nas compras do produto. Se existe a lógica de dar benefícios para quando as empresas compram material de fora, porque não existe para as pessoas que compram dentro da Zona Franca? Eu realmente não entendo”, ressalta.
Gaitano Antonaccio, conselheiro superior e presidente da assembléia geral da Associação Comercial do Amazonas (ACA), vê outras alternativas para melhorar a relação entre a ZFM com o comércio local. Para ele, o que faltam são políticas voltadas à valorização do comércio local.
“Eu vejo com muito pessimismo essa ideia de beneficiar com isenções também os comerciantes. É algo muito difícil de acontecer, porque seria preciso mudar a legislação. Para mim, o que precisa ser revisto é essa abertura, essa facilidade muito grande para lojas de atacado de outros estados se instalarem aqui. Elas compram muito e conseguem vender por um preço muito abaixo que o de uma loja menor de Manaus. O consumidor acaba dando preferência para essas filiais de fora e os comércios locais acabam”, afirma.
Ele defende ainda uma propaganda melhor da ZFRM com o objetivo de atrair mais investidores para a região. “Somos muito virgens de investimento. Nessa polêmica da Europa, a presidente Dilma Rousseff defendeu muito bem a Zona Franca, mas não a vi convidando os europeus para conhecer a região. A Zona Franca não se resume a benefícios fiscais, ela também possui um belíssimo projeto de proteção às nossas florestas, e isso quase nunca é ressaltado”, ponderou.
Fonte: Portal Acrítica.com.br