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Economia do AM oscila de novo

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24/11/2021

Marco Dassori

Depois de retomar o crescimento no levantamento anterior, a prévia do PIB do Amazonas voltou a oscilar em setembro e apresentou queda de 1,79% ante agosto. Desta vez, o Estado seguiu a trajetória da média nacional, mas obteve pior desempenho, embora o resultado não tenha sido suficiente para anular o ganho anterior (+3,04%). O indicador encolheu 0,89% em relação ao mesmo mês de 2020, período de ensaio de recuperação pós-primeira onda. No acumulado do ano, a economia amazonense ainda se manteve positiva em 6,53%, sendo ainda fortalecida por uma fraca base de comparação.

O índice registrou 167,53 pontos no Amazonas, em setembro, após o incremento de agosto (170,69 pontos). Foi o quarto pior número do ano, que teve seu nível mais baixo, em janeiro (158,85), e seu apogeu, em junho (175,68). O Estado também tombou na comparação do terceiro trimestre com o segundo (-3,13%) -base de comparação ainda fortalecida pela retomada pós-segunda onda. Já o PIB anualizado fechou com 6,03% de elevação. Vale notar que as duas últimas comparações costumam ser apontadas por especialistas como a melhor forma de captar tendências. Os dados são do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central).

O Estado só ficou à frente da economia brasileira nas variações acumuladas. Em âmbito nacional, o indicador apontou decréscimo de 0,27% entre agosto e setembro, pelo segundo mês seguido, em resultado pouco acima do esperado pelo mercado. A comparação com setembro de 2020 ainda rendeu incremento de 1,52%, enquanto o acumulado do ano ficou positivo em 5,88%. O indicador praticamente não se moveu na média móvel trimestral encerrada no nono mês de 2021 (-0,14%), mas ainda conseguiu crescer 4,22%, no aglutinado de 12 meses.

O IBC-Br é um indicador criado para tentar antecipar o resultado do PIB e ajudar a autoridade monetária na definição da taxa Selic. Visto pelo mercado como uma antecipação do resultado do PIB, o indicador do BC (Banco Central) também é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica e ajuda a autoridade monetária a decidir sobre a taxa básica de juros, além de ajudar investidores e empresas a adotarem medidas de curto prazo. A metodologia é diferente da empregada pelo IBGE, que calcula o PIB brasileiro -e cuja próxima divulgação nacional está prevista para o dia 2 de dezembro.

Setores e arrecadação

O cálculo do IBC-Br leva em conta estimativas para indústria, comércio, serviços e agropecuária, acrescidas dos impostos. Mas, sua divulgação não inclui o desempenho de cada rubrica. Em sintonia com a depreciação do indicador do BC, números do IBGE apontaram resultados negativos para indústria e comércio, contrastando com uma nova oscilação positiva na indústria. Em paralelo, a arrecadação tributária da Sefaz (Secretaria de Estado da Fazenda) acelerou, em sentido contrário ao do recolhimento da Receita Federal.

A produção industrial do Estado oscilou novamente e caiu 4%, na passagem de agosto para setembro, em desempenho oposto ao do mês anterior (+6,8%). O decréscimo, também se manteve no confronto com setembro de 2020 (-13,5%), em um segundo mês seguido com variação anual negativa. O Amazonas conseguiu permanecer no azul nas comparações dos aglutinados do ano (+12,6%) e dos 12 últimos meses (+11,4%), mas saiu da lista das unidades federativas com índices acima do patamar pré-pandemia -que se resumiu a Santa Catarina (+5,2%), Rio de Janeiro (+1,7%), Paraná (+1,6%) e Minas Gerais (+10,2%).

O setor terciário da economia amazonense apontou desempenhos divergentes. O comércio varejista do Amazonas tombou pelo quarto mês seguido e recuou 0,6%, na variação mensal, após os tropeços mais robustos de agosto (-1,6%), julho (-2,9%) e junho (-3,5%). Em relação ao resultado de setembro do ano passado, o varejo local sofreu decréscimo reforçado de 10% no volume de vendas. O acumulado do ano (+0,4%), assim como o aglutinado de 12 meses (+3,4%), seguem no campo positivo, mas continuam sendo erodidos pelas sucessivas retrações mensais.

Em contraste, o setor de serviços do Amazonas registrou alta, após o tropeço anterior. O volume de serviços no Estado subiu 2,2% ante agosto de 2021, em intensidade ainda abaixo da retração anterior (-2,5%). No confronto com setembro do ano passado, ainda houve elevação de 10,8%, índice que ficou pouco aquém ao do apresentado no mês passado (+13,2%). Foi suficiente para segurar a atividade no campo positivo, nos aglutinados do ano (+14,3%) e de 12 meses (+11,4%).

Os números da Sefaz indicam que o recolhimento estadual desacelerou 5,55% nominais, na passagem de agosto (R$ 1,44 bilhão) para setembro (R$ 1,36 bilhão). O confronto com o nono mês de 2020 (R$ 1,18 bilhão) rendeu elevação de 15,26%, encorpando o acumulado do ano (R$ 10,40 bilhões) em 20,76% -+4,57% e +12,20%, descontado o IPCA. Já a arrecadação federal reaqueceu (+2,63%) entre agosto (R$ 1,52 bilhão) e setembro (R$ 1,52 bilhão), além de crescer 4,92% ante a marca de 12 meses atrás (R$ 1,49 bilhão). Em nove meses, os cofres da União recolheram R$ 14,32 bilhões, 26,11% a mais do que em igual intervalo de 2020 (R$ 9,87 bilhões) -em números líquidos, houve decréscimo 4,83% e alta de 17,36%, respectivamente.

Sazonalidade e incertezas

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), professor universitário e consultor empresarial, Francisco de Assis Mourão Júnior, apontou a inflação, os juros e dólar, assim como as tensões políticas, ajudaram a minar a capacidade de crescimento da economia brasileira, chegando a antecipar nova oscilação para setembro. O economista, contudo, avaliou que a sazonalidade será mais forte para determinar o rumo da economia amazonense até dezembro, dado o papel preponderante do PIM na economia amazonense e seu portfólio de produtos de consumo.

Questionado sobre um prazo mais longo, Francisco de Assis Mourão Júnior, observa, entretanto, que as incertezas se impõem, em um panorama de transição e uma tímida reação do PIB para um caminho que traga a recessão de volta. "Estamos com a inflação alta, juros altos, dólar alto. Estamos vendo que as medidas tomadas pelo BC não estão surtindo o efeito desejado. Essa situação, principalmente atrelada à escalada dos preços, está fazendo o consumidor se retrair. Quando isso acontece, diminuem as vendas e, dessa forma, cai a produção e aumenta o desemprego", lamentou.

O conselheiro do Corecon-AM lembra que a conjuntura macroeconômica aponta para um "2022 difícil", mas alerta que, um dado negativo, na próxima divulgação oficial do PIB pode comprometer as expectativas dos agentes econômicos, no próximo ano. "Para isso, teríamos de ter dois PIBs negativos consecutivos, com reflexos no aumento do desemprego, queda da renda familiar e falências e concordatas. Mas, não acredito que teremos recessão, de fato. O próximo dado ainda deve ser positivo, embora bem modesto", finalizou.

No acumulado do ano, a economia amazonense ainda se manteve positiva em 6,53%.

Fonte: JCAM

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