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ZFM, precisamos levar a conversa a sério!!!

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27/11/2019 17:48

Os ataques à economia do Amazonas não cessam há meio século. A desinformação geopolítica e a desintegração histórica e cultural estão na base desse conflito e maledicências que são agravadas por interesses de grupos que não aceitam que este Brasil tenha um Norte. É o caso do Instituto Escolhas que nos foi indicado pelo economista Marcos Lisboa, e que teve seu diretor, advogado Sérgio Leitão, insistentemente convidado pelo CIEAM a analisar uma proposta de precificação dos serviços ambientais que a ZFM propicia, subitamente resolveu criar uma proposta para sutilmente “diversificar” a Indústria instalada em Manaus.

Conta outra!

Matéria publicada no Amazonas Atual revela um estudo do Ministério da Economia, obviamente aconselhado pelo ministro Paulo Guedes, “demonstrando” que renúncia fiscal não reduz desigualdades regionais. A desonestidade desse estudo se baseia na distorção do conceito de renúncia. Alguém só renúncia alguma coisa quando possui ou possuía antes do ato a coisa em questão. Não é o caso do Amazonas onde não há um centavo público de investimentos na ZFM. Pelo contrário, somos o baú da felicidade fiscal e pecuniária da União. Se cessarem os 8,5% de contrapartida fiscal as empresas não vão suportar o custo Brasil e o custo Amazônia de infraestrutura. Vão passear em outro arraial sob o som das guarânias. Eis a razão do convite do presidente do CIEAM, Wilson Périco, em artigo publicado nesta terça-feira, no Espaço da Indústria do jornal A Crítica, para que nossos interlocutores e maledicentes que se dispuserem a sentar para conversar sério sobre este que é o maior acerto fiscal da História da República. Confira!

ZFM, precisamos levar a conversa a sério!!!

Wilson Périco (*) presidencia@cieam.com.br

Propostas de substituição da ZFM, a Zona Franca de Manaus, como a do Instituto Escolhas – publicada na semana passada e noticiada pela grande imprensa como sendo a Bioeconomia a panaceia para os males da Amazônia – não acabam nem ficam pouco em nossa história econômica. Além dos habituais salvadores da Pátria, a cada instante borbulham os especialistas em Amazônia, ou os empreendedores visionários que se atribuem o entendimento de todos os detalhes que os investimentos normalmente requerem. O buraco, aqui, entretanto, é bem mais embaixo.

Riscos de empobrecimento e mais desemprego

É uma tarefa hercúlea substituir a economia do Polo Industrial de Manaus. São 52 anos de muita luta e muitos benefícios. Para quem não sabe, geramos a média anual de faturamento em torno de R$ 80 bilhões/ano, isso agrega cerca de R$ 20 bilhões à economia do Amazonas. Se os incentivos forem suspensos pela caneta do poder, metade das empresas fechariam em dois tempos. A outra metade iria rever sua planilha de cortes para continuar existindo. Perderíamos 40 mil empregos diretos e teríamos um abalo de consequências nefastas na arrecadação local e estadual.

7x1 na improvisação

Bioeconomia, na proposta de substituição, prevê orçamento de R$ 7 bilhões numa parceria público/privada. Os dois entes estariam com o casco da própria embarcação bem avariados. Ou seja, na hipótese de mexida com 80% da roda da atividade econômica, Bioeconomia começa o jogo perdendo de goleada. Bioeconomia é nosso desafio e promessa, mas tem uma longa estrada para aplainar.

A maturação da embromação

Existe alguma atividade que poderia repor esse volume de recursos no médio prazo? Nem a mais promissora delas, a mineração das substâncias preciosas, resolveria nossas demandas socioeconômicas. Este atrativo pode gerar não mais de R$ 6 bilhões de valor agregado com a legalização (?) do garimpo de ouro e diamantes, prospecção de petróleo e gás, estanho, potássio, nióbio, urânio, tântalo. Sem esquecer que estamos no Brasil. A silvinita do Baixo Amazonas, para dar exemplo, está virando um pesadelo depois de 7 anos de burocracia. Toda essa lista de metais de alto valor agregável demanda, pelo menos uma década de maturação e não passam de 1.500 empregos gerados.

Na cola da Costa Rica

Temos uma obviedade natural de negócios chamada turismo. Temos potencial de multiplicar por quatro o número de turistas/ano, que são atualmente 200mil, para chegar ao patamar de Costa Rica, um país menor que o Município de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro juntos. Com esta façanha, em 10 anos poderíamos faturar R$ 2 bilhões de valor agregado, 10% do que o PIM atualmente gera. Não mais do que mil empregos.

Cozinheiras, piloteiros e...?

Para todos esses itens alternativos ao Polo Industrial de Manaus, precisamos de mão-de-obra de ponta a ponta, cuja qualificação demorou mais de duas décadas em alguns segmentos industriais. E padecemos de uma cultura empreendedora robusta que, hoje, ainda nos faz muita falta. No caso do turismo de pesca, uma aventura das mais fascinantes, temos cozinheiras da deliciosa cozinha regional e piloteiros experientes, mas não temos infraestrutura para abrigar os pescadores ou suas famílias que queiram, literalmente, mergulhar nos mistérios da Amazônia.

Vamos seguir a aplicação dos recursos

Temos, finalmente, uma agroindústria de laticínios bubalinos a inovar, resinas, óleos vegetais, fibras naturais para agregar ao algodão e à seda milenar, e uma piscicultura e fruticultura a prosperar. Falta-nos recursos humanos e sobram recursos financeiros que hoje são gerados pela indústria para dinamizar, diversificar e regionalizar a economia. Recursos da ordem de R$ 1 bilhão/ano, se somarmos os Fundos de Turismo e Interiorização do Desenvolvimento e das Micro e Pequenas Empresas. Fundos que, adicionados aos mais de R$ 300 milhões/ano com o pagamento integral da UEA, e da Assistência Social, deixarão de existir com as novas propostas para além e ao largo da existência da indústria. Precisamos, a rigor, é levar a conversa a sério?

(*) Wilson é economista, empresário e presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas.

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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

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