15/05/2015 15:06
A fotografia eloquente
Os dados do IBGE, Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de março último, que apontam o tamanho da crise no Brasil, descrevem as situações excepcionais, que se explicam por situações sazonais, e chamam a atenção para evidências curiosas. Enquanto a crise do Amazonas revela a dimensão de sua dramaticidade, com (-21) de queda, o Pará, com (+12), salta para índices cada vez mais densos de crescimento. Lá o Plano B é antigo e priorizou a recomposição ambiental e a correção das opções predatória de desenvolvimento. Aqui, basta recuperar os dados em dólar, do desempenho da economia, divulgados pelo Centro da Indústria, CIEAM, para confirmar que o modelo ZFM está claudicando desde o início da década. Há três anos, temos insistindo que a publicação em Reais do desempenho das indústrias da ZFM serviu para camuflar a desindustrialização a caminho. Em 2005, as empresas responderam a uma pesquisa sobre as dificuldades para consolidar a competitividade industrial do modelo ZFM. O resultado foi eloquente: sem infraestrutura, sobretudo de transporte, não há como ser competitivo. O resultado adverso da produção industrial se repete e se agrava há 13 meses, a arrecadação do Estado começou a cair desde agosto e são inquietantes as perspectivas. E isso é anterior à crise nacional e vai perdurar após seu equacionamento se nada for feito.
Luzes de um túnel possível
Têm surgido alguns elementos novos que, pensados estrategicamente, podem se constituir opções de longo prazo, como projetos da Cooperação Andina de Fomento, interessada em desenvolver uma parceria com a Universidade do Estado do Amazonas, não para alguns programas imobiliários pretendidos por alguns desavisados, mas a formulação de um programa estratégico de qualificação de recursos humanos na perspectiva de novas modulações de negócios, coerentes com a vocação amazônica, na linha da parceria ora firmada entre a UEA e a FEA/USP, para um Doutorado Interinstitucional em Administração. Este é um gargalo crítico que desafia a gestão no setor público e setor privado, para pensar e executar as novas saídas. A crise não é de obras mas de soluções criativas, como se detecta nas iniciativas de parcerias da UEA, com investimento em inteligência e conquista do conhecimento. Na mesma linha, o Programa de Cooperação entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento BID e a Agência de Fomento do Estado do Amazonas, para adensar as atividades produtivas no interior, numa visão empreendedora, não assistencialista, em cadeias produtivas não-predatórias de alimentos, fortalecendo cooperativas e associações, empresas familiares e novos empreendedores para as múltiplas vocações regionais de negócios. Os indicadores da porta de saída, embora luminosos, carecem de atenção, foco e mobilização. É uma ladainha que rezamos sem meditar e que nos resta compreender para fazer funcionar.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicado no Jornal do dia 15.05.2015