29/05/2014 14:18
Articulação produtiva
O dirigente da FAEA exaltou os benefícios e conquistas do modelo ZFM mas foi enfático com relação às disparidades do padrão econômico e de desenvolvimento humano entre a qualidade de vida e acesso aos benefícios dos cidadãos de Manaus em comparação com os que vivem no interior. Isso afeta a imagem de sucessos e acertos do modelo e remete a uma articulação produtiva "Nós temos a possibilidade de articular a produção do polo industrial de Manaus e muitas cadeias produtivas, já em andamento, com aposta nas novas tecnologias, também desenvolvidas pela Embrapa Amazônia Ocidental e outros parceiras de pesquisa, desenvolvimento e extensão como o IDAM, que já permitem a plantação extensiva da Hevea Brasiliensis, a seringueira, atacadas historicamente pelo "mal das folhas". Esta foi uma praga que inviabilizou um investimento de Henry Ford no interior da floresta, no século XX, da ordem de US$ 2 bilhões. Muni Lourenço lembrou que outras cadeias como a malva, juta, curauá, podem já combinar artefatos e inovação de novos arranjos para diversificar e sofisticar produtos, aprimorar embalagens, abastecer a construção civil, resinas, oleaginosas, entre outras. IDAM e AFEAM, instâncias de extensão e fomento, trabalham nesse desafio e conquistas. Essa articulação se estende, ainda, ao potencial de fito cosméticos e fitoterápicos, itens em abundância, cuja demonstração de eficácia é referendada pela medicina milenar dos povos da Amazônia. Essa articulação, também, se dará pelo conhecimento e interatividade, onde o polo industrial possa saber e fazer novas parcerias. O Amazonas tem 1,5 milhão de cabeças de gado, investindo em programas atentos aos parâmetros de sustentabilidade, reduzindo áreas de pastagem e combinando a pecuária com as demandas ambientais da região. E aí, também, a parceria com a Embrapa relata seus benefícios com a inovação tecnológica denominada pecuária/lavoura/floresta, para triplicar a área não predatória de ocupação sustentável. Diferentemente de outros modelos de atividade pecuária no Brasil, no Amazonas a atividade tem alcançados patamares extraordinários de sustentabilidade. São 30 mil propriedades pecuárias com ocupação de 90 mil trabalhadores, orientados a focar no equilíbrio ambiental. Essa conduta foi determinante para o índice de 57% de redução do desmatamento nos 4 primeiros meses deste ano em relação ao ano anterior. Voltaremos ao assunto.
Confisco danoso
Há 10 anos, de 2004 para cá, 46% dos recursos recolhidos a título de TSA, as taxas de serviços cobradas pela Suframa, R$ 1,16 bilhão, verbas que não fazem parte do orçamento, estão sendo usurpadas pelo governo federal. Esse confisco é anterior, foi inventado a partir da instituição da conta única da União. Uma decisão alheia à opinião dos atores locais interessados, os estados e municípios integrantes da Amazônia Ocidental e as áreas de Livre Comércio, e o mais afetado deles, a Suframa, o órgão que recolhe esses recursos e deles sempre dependeu, por força de legislação federal, o Decreto 288/67. Temos retratado neste espaço os indicadores do esvaziamento institucional dessa autarquia, que, ano a ano, tem sido obrigada a protelar projetos e programas de diversificação da economia, na busca inglória de escapar do garrote das isenções fiscais que embasam o modelo industrial. Este descredenciamento de autoridade e desarticulação de função e responsabilidade aparece em forma de dano à rotina do processo produtivo local. Danos que se revelam no veto ou embromação da liberação do PPB, nas dificuldades para rever as verbas de P&D, pesquisa e desenvolvimento, insuficiência de servidores para as atividades de rotina, sintomas inequívocos dessa paralisia institucional.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicado no Jornal do Commercio do dia 29.05.2014