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“Um parceiro não joga o outro nágua”

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21/02/2020 09:41


Wilson Périco (*) wilson.perico@wlbp-consulting.com

Um de nossos grandes pioneiros e empreendedores do Amazonas, Petrônio Augusto Pinheiro, repetia para familiares e colaboradores: “Um parceiro não joga o outro nágua”. Ele foi parceiro de Antônio Andrade Simões na saga de construção do Grupo Simões, um dos mais robustos da Região Norte. Este absurdo de jogar um parceiro para se afogar nos perigos dos rios pode ser traduzido com o aumento de impostos no momento em que se discute a Reforma Tributária, e as condições de sobrevivência do modelo ZFM. Reduzir as vantagens comparativas significa deteriorar mais ainda a competitividade das empresas do Polo Industrial de Manaus. O aumento do ICMS da energia vai ferir de morte as empresas em dificuldades justamente aquelas indústrias, especialmente as de componentes, que queremos salvar.

Só a união e o entendimento nos restam

Através de todos os instrumentos e redes de informação, temos conclamando a união de todos em torno da defesa da ZFM. Aqui se produz o pão nosso de cada dia. E se à margem da Lei não temos salvação, assim procedendo, desconectados e focados em torno do umbigo individualista, vamos esvaziar o Polo industrial de Manaus. Governo estadual, federal e municipal, a classe política, as entidades do setor produtivo e dos trabalhadores, a impressa e a sociedade civil tem que estar comprometidas pelo interesse comum. Só assim, seremos capazes de superar qualquer ameaça ou desafio.

Uma medida perigosa

O novo aumento de imposto de ICMS sobre o uso de energia elétrica é uma decisão unilateral que atinge as empresas que estão com extremas dificuldades, como o Polo de Componentes e aquelas que perderam sua competitividade por conta do não aproveitamento do crédito de ICMS. Um inaceitável absurdo, num momento em que somente a União de todos vai assegurar nosso programa de desenvolvimento na Reforma Tributária.

Impacto letal

São medidas do governo que impactam, de maneira letal, investidores que firmaram contrato com o gestor público mediante regras claras e distintas e que agora não tem fôlego para suportar a imposição de trocar os pneus de um veículo em movimento. Não podemos colocar em risco os empregos gerados pelos investimentos que temos. Ninguém consegue suportar tantas surpresas jurídicas, uma insegurança inaceitável e destrutiva.

“Bolas nas costas”

No ano passado, os cofres estaduais tiveram um superávit de 5 bilhões, graças ao desempenho produtivo do Polo Industrial de Manaus, elo maior da engrenagem econômica que responde por 80% da geração de riqueza. E quem é o principal beneficiado? Ora, mesmo assim, aumentar a própria receita, prejudicando a competitividade das empresas, numa linguagem futebolística, é “ jogar bola nas costas”. Numa linguagem regional é isso que significa jogar o parceiro na água na hora do temporal.

Fazemos nossa parte

No início do ano de 2019, o governo estadual pediu da Assembleia Legislativa para legitimar a utilização de recursos do fundo do FTI, uma contribuição anual da indústria de R$ 800 milhões, para interiorização do desenvolvimento. Tal medida foi para salvar os rombos na área da saúde. Uma tragédia social cujas razões são sobejamente conhecidas pela sociedade. Além do FTI, temos FMPES e UEA, até hoje sem um conselho para acompanhar a utilização dessas verbas. Nos últimos 5 anos, as empresas do Polo Industrial da ZFM, recolheram 8 bilhões para os mencionados fundos. A utilização dessas verbas para outros fins deveria ser evitada para que atingissem o objetivo para o qual foram criadas. Que permaneçamos juntos, solidários e conectados, sob pena de ver por terra a construção de um programa de acertos que nos levará a todos de roldão.

(*) Wilson é economista, empresário e presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas.

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Publicada no Jornal do Commercio do dia 21.02.2020

Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

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