27/06/2014 11:38
Trilhas coerentes
Movida por uma paranoia estéril, durante anos a academia local nutriu uma recusa descabida da aproximação com o setor produtivo da ZFM, estribada no argumento insensato de ameaça à autonomia universitária. A rigor, essa parceria legitima a autonomia e lhe confere trilhas de novas escolhas, de acordo com as necessidades prioritárias do interesse público, ávido por pesquisas que transformem os inventários das potencialidades regionais da biodiversidade, das jazidas minerais, das alternativas de fertilizantes, energéticas e de propagação genética das espécies em oportunidades novas para a economia regional. É preciso assegurar que a parceria se dê com o conjunto da Ação Empresarial do Estado, articulando as entidades do Setor produtivo: FIEAM, CIEAM, ACA, FAEA, FECOMMERCIO e quem mais demandar os perfis oferecidos à comunidade e ao mercado de trabalho. Do músico ao arquiteto, academia e economia não podem caminhar em divórcio. As iniciativas do setor primário, que tem reunido as pesquisas da Embrapa na pecuária sustentável, na produção do super guaraná, no combate aos fungos que ameaçam a produção de cupuaçu, banana e seringueira, a interatividade da pesquisa com desenvolvimento, com a revisão e racionalidade dos recursos para pesquisa e qualificação de recursos humanos de nível superior, são os frutos dessa interação que promete soluções e benefícios de toda ordem. A parceria com a Samsung com a UEA se seguiu à instalação do Centro de Desenvolvimento e Tecnologia (CDT), da Moto Honda da Amazônia, em Setembro último, de olho na criação e inovação de novos produtos. É o primeiro centro desse porte da multinacional na América Latina e abrigará engenheiros da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). O Centro, que já começou a funcionar, tem 220 funcionários da Honda entre engenheiros e técnicos.
UEA + 20
O reitor Cleinaldo Costa, eleito pela comunidade acadêmica em votação inédita na história da academia na Amazônia, é enfático a respeito dessa parceria: “Daqui pra frente, com a consolidação deste entendimento, será exequível desenhar cursos, perfis, número de vagas necessárias conforme a demanda para os próximos anos, num projeto denominado UEA + 20. Ao mesmo tempo, conjuntamente, repensar a qualidade do ensino por meio dos Núcleos Docentes Estruturantes - NDE´s dos cursos integrantes da parceria”. À UEA compete a tarefa – que já começou – na estruturação de laboratórios focados na formação de profissionais que as empresas demandam através da qualificação permanente e de cursos de pós-graduação Lato Sensu em Tecnologia, nas diversas Engenharias, Farmácia, Segurança do Trabalho, Produção, Petróleo e Gás, Certificação de Qualidade, Telefonia Celular, Mecânica, Redes, Novos Produtos, Urgência e Emergência (PAE), entre outros itens e áreas profissionalizantes que se fizerem necessários, além da qualificação no Stricto Sensu (Mestrado e Doutorado). Integra ainda o propósito o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia e Inovação, a parceria com o Instituto Nokia, além de Acordos de Cooperação Técnica com 16 Universidades Brasileiras e Europeias. Há uma unanimidade em relação a necessidade de integrar o setor produtivo atual a novas matrizes de geração de riquezas e oportunidades para diversificar e interiorizar a economia. Afinal, integrar um modelo de desenvolvimento numa região com quase duas dezenas de municípios com índices constrangedores de desenvolvimento humano não é confortável pra ninguém.
Desafio essencial
Em todo esse desafio, que confere à Suframa o papel de gerenciamento do modelo, impõe-se a tarefa – garantida a prorrogação dos incentivos fiscais que dão suporte ao modelo ZFM – de fortalecer a autarquia e reafirmar o que diz a Lei, que ganhará mais 50 anos de constitucionalidade. Na Lei estão descritas as funções originais de seu Conselho de Administração, o CAS, cuja rotina funcional deveria supor, por exemplo, a aplicação dos recursos oriundos de suas taxas, algo que alcançou em 10 anos, o montante de R$ 1,3 Bilhão. Nos últimos anos, porém, por conta de uma leitura vesga e centralista, a União tem descuidado o edifício constitucional e operacional da autarquia. Um desacato à autoridade de quem dirige um modelo de desenvolvimento que devolve à União, mais de 50% de toda riqueza produzida na ZFM. Por isso, defender a recuperação institucional e revitalização operacional da Suframa é a tarefa mais urgente e necessária ao cumprimento de uma agenda de adensamento, consolidação e regionalização da ZFM e dos benefícios que ela tem propiciado à região e ao país como um todo.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicado no Jornal do Commercio do dia 27.06.2014