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TV LAR, 59 anos do sonho Azevedo

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17/02/2023 08:30

Integrante destacado do setor varejista e industrial, Azevedo vai ser encontrado sempre e com singular dedicação nas reuniões do que era chamado de Santa Aliança, a gestão articulada do setor privado do Amazonas através de suas lideranças nas entidades de classe. Era neste contexto que José e também Antônio Azevedo passaram a atuar em sintonia pela integração no setor privado, insistindo sempre na necessidade de interiorizar o desenvolvimento como o melhor modelo e estratégia de preservação/conservação da Amazônia.

Por Alfredo Lopes
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Coluna Follow-up

Há 59 anos, Brasil passava por fortes transformações e o Amazonas seguia isolado e dependente da boa vontade federal. A base econômica era o extrativismo e algumas indústrias de beneficiamento de produtos da floresta, As casas de aviamento, ou os grandes armazéns dos J, todos de origem portuguesa, J.A. Leite, J. G de Araújo, J. Amorim, que abasteciam o beiradão amazônico, eram vestígios melancólicos do fausto da Borracha.

De suntuoso, apenas o conjunto arquitetônico da Belle Époque puxado pelo Teatro Amazonas e demais arroios do governador Eduardo Ribeiro e sua visão cosmopolita. Foi neste cenário que começa a se ensaiar o Sonho José dos Santos Azevedo, o embrião de um programa empreendedor empurrado pelo ousadia impregnada de humildade e determinação de construir a saga Azevedo, o patriarca e seu sonho de mudar para melhor a vida das pessoas e expandir o progresso na paisagem paradisíaca da Amazônia.

Omnia Vincit Labor

Extraída do fronstipício da antiga escadaria central do Colégio Dom Bosco, em Manaus, a frase em latim – visível a todos os alunos que subiam as escadas do Colégio Dom Bosco – ficou marcada no coração e mente de Azevedo. “O trabalho vence tudo”, de um poema de Virgílio 70aC, a sentença descreve a jornada Azevedo, sua postura visionária e seu compromisso cívico com uma terra que passou a chamar de sua, o Amazonas das mulheres guerreiras, no centro da maior floresta tropical do planeta e sede da ZFM, Zona Franca de Manaus, o maior acerto fiscal da história da República para o desafio de redução das desigualdades regionais.

Aluno salesiano do Colégio Dom Bosco, onde foram forjados muitas lideranças empresariais e destacados entes públicos do Amazonas, desde os anos 20, quando foi fundado, o Colégio influenciou fortemente o futuro comendador Azevedo, que foi discípulo de Padre Agostinho Caballero, uma referência de bondade e solidariedade humana, e contemporâneo de Gilberto Mestrinho, três vezes governador do Amazonas. Estudaram lado a lado no Curso de Contabilidade, uma ferramenta escolar decisiva no desempenho de ambos pela vida afora. Tornaram-se grandes amigos.

NOSSA HISTÓRIA | Colégio Dom Bosco
NOSSA HISTÓRIA | Colégio Dom Bosco
O colégio Dom Bosco na década de 70

Vivíamos a Era do Rádio

Em ondas curtas e depois tropicais, o rádio era febre nos anos 60 na Amazônia, mas a televisão já fazia história com Assis Chateaubriand desde 1950. Quando teve início a primeira loja da TV Lar, sua instalação ocorreu na sala de estar da residência da família Azevedo em 1964, na Rua Henrique Martins, onde o patriarca, ainda jovem, consertava aparelhos de rádio. Manaus soube que a Seleção Brasileira de Pelé, o rei do futebol, fora bicampeã do mundo nas ondas do rádio. Por aí se deduz o destaque e a fama de José Azevedo no cotidiano de Manaus, a Cidade Sorriso, como era conhecida, com seus 160 mil habitantes.

Mario Lago com Lina Abeu, José Azevedo, Josaphat Pires, José Renato, Jerusa, Bia e Sebastião – foto: Abrahim Baze
Momento histórico da dramaturgia do Amazonas: Francisco Barbosa, Procópio Ferreira e José Azevedo no Teatro Amazonas em 1958 – foto: Abrahim Baze

Em pouco tempo, aquela loja de ambiente estritamente familiar, foi dado corpo e alma à veia empreendedora, escrevendo a cada dia um capítulo da história Azevedo. O cenário original era a Rua Henrique Martins, no Centro histórico de Manaus. A duas quadras, fica a Praça da Polícia, conhecida por conta do quartel que ali existia. A praça, Heliodoro Balbi, homenageia um advogado de origem italiana que honrava a categoria por seu espírito público e extrema ousadia na defesa da ética, democracia e cidadania. Para quem conviveu com José dos Santos Azevedo esses valores são recorrentes em sua trajetória e manifestações nas tribunas das entidades de classe do setor produtivo onde sempre brilhou. Daí tantas homenagens em sua trajetória de vencedor.

Antônio Azevedo, o primogênito

Ele nasceu um pouco antes da intervenção militar de 1964, um ano de reboliços políticos e sacolejos institucionais. Logo depois, em 28 de fevereiro de 1967, com o Decreto-Lei 288/67 estava criada a Zona Franca de Manaus, uma Área de Livre Comércio que tirou o Amazonas do marasmo econômico em que se encontrava depois do esvaziamento do II Ciclo da Borracha. Fundada em três pilares, Comércios, Indústria e Agricultura, o boom inicial se deu com o comércio de importados. O Brasil era um país fechado ao comércio internacional, por isso a ZFM foi uma explosão de negócios.

José dos Santos da Silva Azevedo aos 6 meses de idade em 1936 – foto: Acerva Abrahim Baze

Acompanhando o patriarca em sua caminhada de sucesso, Antônio Azevedo foi descobrindo o mundo a partir da oficina que ficava numa das dependências da casa, foi contagiado pelas referências do ambiente de empreendedorismo. Essa vivência que foi formalizada no que hoje seria menor aprendiz, teve sua carteira de trabalho assinada aos 12 anos. Desde criança, porém, pelo simples olhar em torno, entendeu o sentido do verso de Virgílio.

Os Azevedo foram reciclando e renovando conceitos

Nada como compartilhar condutas, crenças e vivências. Antônio teve que buscar soluções estratégicas, gerenciais, tecnológicas que a academia e as diversas economias do mundo podem oferecer. Seu pai havia se associado à Yamaha, fabricante japonês de motocicletas. Participação modesta, diza sempre o patriarca para não dizerem que ele queria ser melhor do que o calendário marca. Nunca foi. Como é comum aos sábios, José Azevedo sempre primou pela simplicidade e pela modéstia de seus costumes.

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José Azevedo e seu filho Antônio Maria Azevedo
Antônio Maria Azevedo

Olhando o conjunto de sua obra, mesclada e expandida com a agregação de valor do conhecimento acadêmico e operacional de seu sucessor, podemos deduzir algumas ponderações. Uma delas é a presença constante e atuante de José dos Santos Azevedo no processo de transformação regional a partir do Amazonas. Integrante destacado do setor varejista e industrial, Azevedo vai ser encontrado sempre e com singular dedicação nas reuniões do que era chamado de Santa Aliança, a gestão articulada do setor privado do Amazonas através de suas lideranças nas entidades de classe.

Era neste contexto que José e também Antônio Azevedo passaram a atuar em sintonia pela integração no setor privado, insistindo sempre na necessidade de interiorizar o desenvolvimento como o melhor modelo e estratégia de preservação/conservação da Amazônia. Antônio, nos últimos anos, focou um pouco mais no estudo, planejamento, mobilização dos atores sociais, para pensar, preparar e trabalhar na construção do futuro que já começou a partir de Manaus.

Desde a primeira hora, integrou-se de corpo e alma no CODESE, Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Estratégico de Manaus, um movimento que começou em vários municípios do país visando desenhar e implantar uma cidade para seus cidadãos, justa, fraterna, sustentável e próspera. Um ensaio, mais um, que descrevem a utopia Azevedo, que materializa um sonho, isto é, antecipar uma utopia de uma cidade, um Amazonas e sua articulação Amazônia a favor de sua gente, de mãos dadas e braços abertos, no modo Azevedo.

Alfredo Lopes é consultor ambiental, filósofo, escritor e editor-geral do portal BrasilAmazôniaAgora

Fonte: Brasil Amazônia Agora

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