14/03/2014 08:36
Greve vitoriosa
Além de ética, falta informação. Somos tímidos em produzi-la e displicentes em divulgá-las. A greve dos servidores da Suframa, que foi deflagrada no último dia 19 de fevereiro, traduz as agruras de uma categoria que tem padecido desta clareza de comunicação e pressão por direitos legítimos, procedentes e coerentes. E nesse contexto de explicitação dramática dos percalços salariais, a paralisação já alcançou seus resultados de comunicar ao Planalto Central e respectivos ministérios – já em clima de eleição – a anomalia trabalhista de salários defasados e discriminados pela própria estrutura de cargos e salários da União. A solução já está dada, a partir disso, e caberá à Suframa, com apoio das entidades de classe, e da própria classe politica e da imprensa, cobrar que se faça justiça sem tardança. Não há reivindicação de privilégios e sim denúncia de direitos tolhidos. Alinhar e equacionar essas distorções é uma premissa vital para tornar digno o serviço e o soldo dos servidores da autarquia. Debater, portanto, a prorrogação exige pautar os fundamentos dessas condições turbulentas, da Suframa esvaziada, desprovida de autonomia e condições humanas e materiais de conduta, com servidores revoltados e assoberbados de funções. Mais que um jogo político, a prorrogação supõe definição de papeis, compromissos dos atores e acatamento dos direitos negligenciados.
ZFM em pauta
A pauta da Câmara dos Deputados destaca para o próximo dia 19, no contexto da comunicação efetiva e eficaz, A IMPORTÂNCIA E OS IMPACTOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E AMBIENTAIS DO MODELO DA ZONA FRANCA DE MANAUS. A proposta é dos parlamentares Rebecca Garcia e Henrique Oliveira. Trata-se de uma Audiência Pública para discutir dados e fatos que o Brasil desconhece e precisa acessá-los antes da representação parlamentar abonar a prorrogação. No Congresso, o último estudo patrocinado pelo Senado, em maio último, afirmava que “.... 32,5% dos benefícios tributários concedidos à ZFM não são custeados pelo governo federal, mas pelos próprios Estados e municípios.”, entre outras ilações curiosas, infundadas e, a rigor, maldosas. Uma Aritmética marota, encomendada pelos arautos da incompreensão do modelo, vendida como verdade que, até hoje, a ZFM não foi capaz de responder com eficácia publicitária. Na ocasião, a várias mãos, Suframa/Sefaz, Seplan e CIEAM/FIEAM elaboraram uma Nota Técnica de alto nível que jamais veio à lume na mídia hostil ao modelo. Em outubro último, em reunião do CIEAM com a própria deputada Rebecca, na ocasião ocupando a secretaria estadual de Governo, foi proposta uma campanha nacional para posicionar a ZFM, elucidar equívocos e aproximar a opinião pública nacional do modelo. Agora a Suframa está tomando para si a incumbência inadiável de podar a deturpação dos fatos e colocará no ar, em breve, uma campanha de esclarecimento. De uma vez por todas, há que se comunicar que não há custeio da ZFM, há renúncia, onde o governo deixa escapar por um lado sua compulsão arrecadatória e ganha por outro, fazendo da renúncia medida compensatória, generosamente compensatória e tecnicamente demonstrável.
"Somos tratados como colônia..."
Numa entrevista dada à Folha de São Paulo, em novembro último, o general Eduardo Villas Bôas, comandante militar da Amazônia, denunciou que o Brasil trata a região como se fosse uma colônia, por absoluta ignorância de suas potencialidades e necessidades. Mediador sereno e determinado do conflito recente que envolveu índios e não índios na região de Humaitá, o general tem denunciado o descaso econômico, social, sanitário, cultural e político da União com relação à Amazônia. Os acadêmicos do Sudeste, que costumam postular a salvação da floresta em suas teses, ignoram que o Estado do Amazonas tem mais de 96% de sua floresta original conservada, mais de três milhões de habitantes e tem uma superfície superior à Europa Ocidental. É um Estado que abriga um modelo que recolhe a cada ano mais de 54,42% da riqueza que produz para os cofres federais, segundo estudos da FEA/USP, a maior instituição de pesquisa econômica do país. Em 2013, por esses estudos, a ZFM recolheu ao Tesouro Federal mais de R$ 42 bilhões de impostos. Está na hora do Brasil conhecer o Brasil, conhecer suas matas, sua floresta exuberante, onde vicejam 20% do banco genético da Terra. Um país de águas e florestas que o mundo inteiro cobiça. A ZFM, criada há 47 anos, produz – sem chaminés nem poluição dos rios – motocicletas, televisores, tablets, celulares, concentrado de bebidas, entre centenas de itens, incluindo oxigênio. Sim, com essa floresta exuberante, produzimos oxigênio limpo e vital. Assim ajudamos o Brasil, o mundo, os seres vivos, a respirarem melhor e evitar o agravamento das mudanças climáticas.
Na Carta Magna
Deputados de todo o país que irão debater a prorrogação da ZFM desconhece(m) que este parque industrial de Manaus, no coração da floresta amazônica, existe para evitar sua destruição. O modelo de desenvolvimento está amparado na Constituição Brasileira. É claro que precisamos de mais cientistas – só temos 500 em atividade – para transformar essa riqueza na cura das doenças, na magia e beleza dos cosméticos tropicais, ou seja, para assegurar a implantação do polo da Nutracêutica, a nova ciência da nutrição na perspectiva da longevidade, da eterna juventude. Com certeza, assim como a opinião pública, o Congresso desconhece que a indústria local financia integralmente a Universidade do Estado do Amazonas, a única do Brasil presente em todos os municípios de um Estado. E são 62 municípios espalhados pela imensidão territorial do Amazonas. As indústrias patrocinam, também, o turismo, as cadeias produtivas de agroindústria no interior e ajudam na moradia, na segurança e na educação dos jovens, distribuindo anualmente aos municípios do Estado em 2012 somaram R$ 1.120.064.000,00 – dados extraídos da Nota Técnica aludida. E para aqueles que desconhecem o papel de distribuição de riqueza pela Zona Franca de Manaus, de toda a riqueza produzida por indústrias da ZFM, de acordo com os estudos da FEA/USP aqui mencionados, 54,42% vão para o governo; 27,28% são distribuídos entre os empregados; e apenas 1,82% fica com os empresários. Em compensação, no restante do país o governo recebe 41,54% de toda a produção, os empregados ficam com 36,31% e os empresários, com 6,44%. Os estudos surpreenderam até os estudiosos locais, pois mesmo com os incentivos fiscais, as empresas locais geram, em média, 31% de riqueza sobre o faturamento, enquanto as outras criam aproximadamente 50%. São dados eloquentes e informações convincentes sobre a mais acertada proposição federal para o desenvolvimento inteligente da Amazônia!
==============================================================================
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do Centro da Indústria do Estado do Amazonas. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicado no Jornal do Commercio do dia 14.03.2014