28/09/2018 09:58
Publicado pela Folha, no 51º Aniversário da Suframa, o presente artigo presta contas ao contribuinte da contrapartida scal da ZFM e anuncia os caminhos que devemos trilhar e as metas a perseguir.
Amazônia, os caminhos da sustentabilidade
Appio Tolentino (*)
Em agosto de 2014, o Brasil, através de suas representações
parlamentares, reconheceu os acertos sem precedentes da
Zona Franca de Manaus, prorrogado seu formato de
desenvolvimento por mais 50 anos. A República não registra
qualquer redução constitucional das desigualdades regionais
com tantos avanços. Na geração de emprego e renda –
estimados em 3 milhões em toda a cadeia produtiva – na
proteção orestal,
na prestação de contas da contrapartida fiscal,
conseguimos destaque inesperado na contribuição de
receitas para as fazendas federal e estadual. Estamos entre os
oito estados da federação que mais recolhe do que recebe dos
cofres da União. Este avanço, porém, não faz parte dos
propósitos da lei, posto que a riqueza gerada nos domínios da
ZFM deveria ser preferencialmente aplicada nos estados e
municípios da Suframa, autarquia responsável pela gestão da
contrapartida fiscal.
Nesse contexto, portanto, cabe indagar: o
que pretendemos para as próximas décadas?
Mobilizar parceiros
Não há outro caminho que não seja a mobilização criativa de
todos os atores envolvidos, tanto na ação empresarial, como
nos setores estratégicos e de planejamento do tecido
institucional, incluindo a academia, setor público nas funções
de meio ambiente, educação, segurança, diplomacia,
transportes e magistratura, entidades de trabalhadores e
demais categorias. Cabe-nos revelar ao Brasil, seus
governantes e planejadores, a imensidão de oportunidades e
benefícios dos recursos naturais. Compartilhar nossas lições
de gestão estratégica e sustentável desses recursos, assimilar
metodologias e protocolos de acesso e ampliar as
possibilidades de agregação de valor, adensando,
diversicando
e regionalizando o setor produtivo, a planta
industrial, a expansão agrícola, a modernização comercial e
de serviços, com inovação tecnológica e adequação regional
do sistema de ciência, tecnologia e inovação (CT&I).
Polos de bioeconomia e tecnologia de informação e comunicação
Estes polos, portanto, são os próximos desaos da ZFM, integrados a ações espalhadas na Amazônia Ocidental e Amapá. Insistir, pois, num plano integrado, regional e inserido no sumário geral e nacional de uma política industrial, ambiental e de inovação tecnológica supõe algumas premissas:
• Não queremos nem podemos seguir apêndice da economia da política industrial que o Brasil precisa consolidar.
• Para mantermos o dinamismo desta política pública,
incluindo o fomento da industrialização nas Áreas de Livre
Comércio nos demais estados da Amazônia Ocidental e
Amapá, com uso racional de matéria-prima regional e
apropriação da biodiversidade amazônica com pesquisa e
desenvolvimento, temos que reter na região a riqueza aqui
produzida.
Segurança jurídica
É vital reduzir a burocracia, recuperar e defender nosso marco
regulatório, resgatar o Conselho de Administração da Suframa
como órgão constitucionalmente independente e coordenador
da presença federal na Amazônia Ocidental, conforme
recomendação do Tribunal de Contas da União. Assim,
poderemos prover infraestrutura de transporte, comunicação
e energia, e construir maior interligação logística na panamazônia,
abrindo caminhos para minimizar os custos de
importação e exportação, ampliando mercados.
O PIB Verde
Considerando, nalmente,
que a oresta
só será conservada
se a ela for atribuída uma função econômica, queremos rever e
redimensionar o PIB da Amazônia Ocidental, o PIB Verde, e
assim precificar
nossos ativos ambientais, cobrando as
respectivas contrapartidas econômicas para desenvolver
novas modulações de crescimento da região e do país,
cumprindo nosso papel e contribuição nesse imenso desao
do desenvolvimento regional e de sua integração nacional.
Mãos à obra.
(*) Appio, engenheiro e advogado tributarista, é superintendente da Zona Franca de Manaus; foi secretário de Desenvolvimento Econômico do governo do Amazonas (2012-2014, gestão Omar Aziz)
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicada no Jornal do Commercio do dia 28/09/2018