09/07/2024 20:31
“Eventos como o “Seminário Defense & Security Tech Day”, porém, catalisam esse processo, conectando empresas, instituições e governo em um esforço conjunto para promover a inovação e o desenvolvimento sustentável. A cooperação estratégica entre esses atores é crucial para garantir a soberania nacional e posicionar a região como líder em tecnologia de defesa no cenário global”.
Anotações de Alfredo Lopes (*) Coluna Follow-up 09.07.2024
A diversificação da matriz econômica do Amazonas, especialmente no contexto da Zona Franca de Manaus (ZFM), tem se tornado uma prioridade estratégica para garantir o desenvolvimento sustentável e a soberania nacional sobre a Amazônia. O setor de defesa emerge como uma alternativa promissora, alinhando-se aos objetivos de inovação tecnológica e crescimento econômico da região. E quais são as oportunidades e desafios que a integração da Indústria de Defesa e da Indústria da Floresta representa para a Zona Franca de Manaus, destacando eventos e iniciativas recentes que catalisam essa transformação.
Academia, Ecologia e Economia
Nos dias 9 e 10 de julho de 2024, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em parceria com o Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (CIEAM), está organizando o “Seminário Defense & Security Tech Day”. Este evento, realizado na Escola Superior de Tecnologia (EST), no auditório da Samsung Ocean Manaus, foi pensado como o objetivo principal de apresentar as oportunidades de negócios no setor de defesa - a partir do Polo Industrial de Manaus - para as empresas locais e de outras praças, promovendo a diversificação econômica com o concurso da Base Industrial de Defesa do Brasil (BID).
O Brasil reconhece a importância da participação da indústria e de suas empresas representadas pelo Centro e Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, na promoção da inovação e competitividade. Com o apoio do Comando Militar da Amazônia (CMA), o evento sugere uma plataforma para empresas e instituições conhecerem as demandas tecnológicas e explorarem parcerias estratégicas.
Nova Indústria Brasil (NIB)
A política industrial brasileira, expressa no documento "Nova Indústria Brasil" (NIB), já em movimento, tem como uma de suas principais missões para a Amazônia a diversificação da economia através da inclusão de setores estratégicos tanto na bioeconomia e mineração como na Indústria de Defesa. A inserção da ZFM na NIB reforça a importância de setores de alta tecnologia, como defesa, comunicação, sensoriamento, transição energética e veículos autônomos. Estes nichos não apenas reforçam a segurança nacional, mas também impulsionam o desenvolvimento de tecnologias avançadas que podem ser transferidas para outros setores industriais.
Parcerias Estratégicas e Inovação
Durante o seminário, diversas apresentações iniciaram com abordagem de proposições com a integração entre a indústria local e as necessidades estratégicas das Forças Armadas do Brasil. O portfólio de necessidades de produtos de defesa foi destacado, assim como o papel da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) na promoção da BID. Empresas como a BDS, pioneira no setor têxtil, exemplificaram o potencial da região para fornecer produtos estratégicos de defesa, simbolizando a evolução tecnológica e a capacidade produtiva local.
A participação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) como instituição de ensino, pesquisa e extensão foi amplamente reconhecida. A UEA, custeada pela indústria da ZFM, pode se tornar um ambiente ideal para, em cooperação com demais órgãos, fortalecer o Sistema de Defesa, Indústria e Academia. Esta colaboração, que inclui a UFAM e outras instituições de pesquisa criam um ambiente de inovação que beneficia não só a Amazônia, mas todo o país.
Indústria de Defesa e Economia Florestal
A integração da Indústria de Defesa e da Economia Florestal na matriz econômica do Amazonas é vista como um passo fundamental para a diversificação econômica. A Indústria Florestal, com foco em produtos sustentáveis e de alta tecnologia, complementa os esforços da Indústria de Defesa ao promover o uso sustentável dos recursos naturais da Amazônia. Esta sinergia entre defesa e economia florestal potencializa o desenvolvimento de tecnologias inovadoras, ao mesmo tempo em que garante a proteção e a sustentabilidade da floresta amazônica.
Desafios e Oportunidades
A diversificação da base industrial do Polo Industrial de Manaus (PIM), tradicionalmente focada em eletrônicos, duas rodas, dois dos polos que se destacam no PIM, é essencial para enfrentar os desafios econômicos atuais do país. A indústria de defesa, com sua orientação para áreas críticas e alta tecnologia, oferece uma nova fronteira de crescimento e inovação. E há muitos olhares interessados por essas oportunidades. A colaboração entre o governo, as indústrias e as instituições acadêmicas, como o Instituto Militar do Exército e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, diversificam o ambiente de inovação já consolidado no Amazonas pelo topo do ranking nacional em intensidade tecnológica.
Sustentabilidade e Desenvolvimento Tecnológico
A Indústria de Defesa na região será orientada para o desenvolvimento de áreas críticas como transição energética, cibernética, sistemas de comunicação e sensoriamento, além de propulsão e veículos autônomos. Estes nichos reforçam a segurança nacional e propiciam o desenvolvimento de tecnologias avançadas que podem ser aplicadas em outros setores industriais, promovendo a sustentabilidade e o crescimento econômico da Amazônia.
Iniciativas como o Sistema de Apoio Oficial à Exportação são fundamentais para facilitar o acesso ao mercado global, enquanto reformas em propriedade intelectual e regulamentações são essenciais para sustentar o crescimento das cadeias produtivas de defesa. A cooperação estratégica entre governo, indústrias e instituições acadêmicas impulsionaria uma nova fase de crescimento e inovação, garantindo que a região atenda demandas nacionais de defesa e se posicione como líder em tecnologia de defesa no cenário global.
Integrar, não entregar e assumir a Amazônia
Enfim, a integração da Indústria de Defesa e da Indústria da Floresta representada pelo PIM na matriz econômica do Amazonas representa uma oportunidade única para a diversificação e fortalecimento da Zona Franca de Manaus. Os recursos do Fundo de Sustentabilidade para a Bioeconomia é um caminho já sugerido e incorporado. De certa forma, os novos eventos atualizam a narrativa original usada nos anos 60: para analisar as oportunidades da ZFM. Eventos como o “Seminário Defense & Security Tech Day”, porém, catalisam esse processo, conectando empresas, instituições e governo em um esforço conjunto para promover a inovação e o desenvolvimento sustentável. A cooperação estratégica entre esses atores é crucial para garantir a soberania nacional e posicionar a região como líder em tecnologia de defesa no cenário global.
(*) Coluna Follow-up é publicada as quartas, quintas e sextas-feiras no Jornal do Commercio do Amazonas, sob a responsabilidade do CIEAM e coordenação editorial de Alfredo Lopes, editor do portal BrasilAmazoniaAgora
Fonte: BrasilAmazoniaAgora