07/11/2018 09:06
Defensor da progressiva independência da contrapartida fiscal que dá suporte a atuação da Suframa, o presidente do Cieam (Centro das Indústrias do Estado do Amazonas), Wilson Périco, usa a lógica dos resultados: na medida em que assegurarmos a retenção da riqueza aqui produzida – para a diversificação e adensamento da indústria –, vamos criar uma plataforma industrial e de inovação para expandir a nova economia que daí virá. Basta que esses recursos sejam aplicados conforme a lei, não para custeio da máquina pública. O resultado é a geração de mais empregos.
Em seu artigo mensal no Espaço da Indústria, ele lembra que
o Amazonas tem uma arrecadação prevista de R$ 17,9 bilhões
no próximo ano. Bem maior que o Pará, que tem R$ 14 bilhões
estimados na receita estadual. Uma radiograa
mais apurada
deste recurso revelará algo paradoxal: a riqueza aqui
produzida tem-se esgotado principalmente no custeio da
máquina pública. Mais da metade vai para a União, a
insaciável máquina pública do Brasil. Isso precisa mudar.
Antes de classicar
de liberal ou neoliberal, inspirada em
Chicago, pouco importa, qualquer plataforma de redução
dessa máquina é medida emergencial. Reduzir o imposto ajuda a criar ambiente de novos negócios, e encolhe o
tamanho da gastança para deixa o setor privado trabalhar e
gerar oportunidades, simples assim.
‘Vai sobrar dinheiro’
Périco registra que no ranking das 30 mais pesadas cargas
tributárias do mundo, o Brasil é o país que menos devolve
serviços públicos de qualidade para seus contribuintes. E
notem: temos as mais altas taxas de contravenção do planeta,
por isso, impõe-nos a frequente ampliação dos tributos para
compensar as folias da gastança. É sintomático que o novo
governo esteja montando uma estrutura poderosa de combate
à corrupção. Chega de aumentar a carga tributária para suprir
os malfeitos da gestão pública aloprada. Se fechar a torneira
das folias vai sobrar muito dinheiro. Portanto, qualquer
medida que enxugue está máquina, pesada lenta e inepta,
deve ser acolhida com aplausos e scalizada
todos os dias.
Muito tributo e pouco respeito
Nos anos 90, o Brasil passou a mensurar essa gastança
sombria. No governo Fernando Collor, 1991 e 92, era preciso
três meses de trabalho por ano para dar conta dos impostos.
Nos governos de Itamar Franco e FHC Já se deu uma ampliada
para 4 meses e no governo Lula e Dilma esta carga tributária
exigiu 5 meses para cumprir o pagamento de 60 tipos
impostos que nós carregamos no lombo como burros de carga.
No caso do Amazonas a cobrança destes impostos cumprem o
que determina a legislação municipal, estadual e federal onde
cada segmento federativo faz acrobacias burocráticas para
achacar a poupança da população, como mostrou o último
Relatório do Banco Mundial, confirmando
que no Brasil o
setor privado gasta mais em saúde que o setor público.
Custo público x benefício social
Portanto, é preciso rever urgentemente o custo benefício da
burocracia e qualicar
a contrapartida social que deveria
propiciar. Compete a Manaus, ainda, sustentar, em conjunto
com a União, mais de 50 municípios que não tem atividade
econômica além dos gastos da prefeitura. Quem paga essa
conta são trabalhadores e investidores das empresas de
Manaus.
E entre as prefeituras, mais da metade dos prefeitos não tem
argumentos para justicar
a aplicação obscura das receitas
públicas. No âmbito estadual as empresas recolhem para dois fundos de regionalização da economia. Onde foi parar o
montante anual aproximado de R$1 bilhão para o turismo,
Interiorização do desenvolvimento e fomento de pequenas e
médias empresas recolhido junto à indústria?
‘Cadê a dinheirama de P&D?’
No âmbito federal, o Amazonas recolhe a metade de todos os
impostos União cobrados na Região Norte. Além desses
impostos, as contribuições das empresas de Informática para
pesquisa desenvolvimento e inovação, mais de R$ 50 bilhões
nas três últimas décadas, não deixaram um volume coerente
de soluções inovadoras para justificar
tanto imposto. Ou seja,
deixamos de agregar valor e conferir competitividade ao Polo
Industrial de Manaus.
Ora, nas mãos do setor privado essa dinheirama poderia fazer
mais de uma revolução agrícola, na estrutura de comércio e
serviços ou de Informática/tecnologia da informação e
comunicação. Há estudos apontando que não há projetos com
destaque que tenham sido consolidados com esses recursos.
Por que não reduzir essa cangalha fiscal
e permitir que as
empresas trabalhem com liberdade, preços justos e gerem
benefícios para a sociedade? A regra de ouro do capitalismo é
a satisfação do cliente. Não há porque burocratizar o processo
produtivo nem inventar impostos para apadrinhar segmentos.
É preciso beneciar
o cidadão e deixar as empresas fazer o
que sabem: gerar riqueza e oportunidades.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicada no Jornal do Commercio do dia 07.11.2018