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“Recria tua vida, sempre, sempre...”

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28/05/2015 14:58

“Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça”., com um verso de Cora Coralina, o microempresário, ganhador da Medalha Industrial do Ano, Jorge Neves, da empresa Sabores de Tradição, prestou homenagem à professora Olívia Albuquerque, ex-presidente da FAPEAM, Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas, e fez um pronunciamento com revelações desconcertantes. Confira.

Agradecimentos institucionais – “Foi com grande alegria que recebi a notícia de ter sido escolhido o Microindustrial de 2015. Agradeço à FEMICRO/AM pela indicação e à FIEAM/CIEAM por ter me concedido tal honra. Antes de contar um pouco da minha história, gostaria de agradecer às instituições parceiras que, ao longo de minha caminhada, estiveram e algumas ainda estão ao meu lado, nos quais gostaria de destacar o trabalho incansável da FAPEAM, IEL/AM, FEMICRO/AM, SEBRAE-AM, SENAI, SUFRAMA, SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA, AFEAM, ABIMAPI e o CIDE, este último criado e mantido por esta Federação das Indústrias. Estas organizações foram e são relevantes para nós e para todos aqueles que desejam avançar, sempre mais, rumo a novos desafios. Boa parte de nossas conquistas se devem à ação destas organizações. Fiquei pensando em como contar o começo de tudo o que direi hoje para vocês. Então vamos lá, tudo começou quando cheguei a Manaus, com vontade de dar aulas de panificação e confeitaria, pois esta era a minha área.

Professor sem emprego

Em Portugal eu era professor de Panificação e Confeitaria, mas aqui em Manaus eu não consegui trabalho. Consegui dar aulas em outros estados do Brasil (dei aulas no SENAI de São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Porto Alegre, Alagoas, Goiânia e também em Brasília), mesmo vivendo aqui em Manaus, viajei durante um bom tempo a convite do SENAI. Nas Olimpíadas do Conhecimento de 2009 / 2010 eu treinei alunos de São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas, e os três estados foram campeões. Tivemos como resultado: primeiro lugar Alagoas, segundo lugar, São Paulo, terceiro lugar, Rio de Janeiro. Porém, cansado de viajar, veio então a mudança na minha vida. Quando falei para minha esposa, que queria mudar de profissão e ser empreendedor. Falei a ela: vamos fazer doces e vender na Eduardo Ribeiro. Procurei então, os caminhos que levariam a um novo momento em minha vida. Tudo o que era doceria portuguesa, vendi durante 3 anos, foi quando o SEBRAE visitou a feira de domingo da Eduardo Ribeiro e me incentivou a abrir a empresa.

Formalização empresarial


Assim o fiz, formalizei meu negócio e, como havia demanda muito grande de turistas, por produtos regionais, comecei a desenvolver uma nova linha de produtos com insumos amazônicos. Naquele momento, a Secretaria de Estado da Cultura fez um convite a mim, onde teria um espaço diferenciado. Uma loja intitulada de “Cafeteria do Largo”, nome dado pela Secretaria do Estado. Quando abri a cafeteria do largo, sai da feira do Eduardo Ribeiro e iniciei um processo mais organizado do meu negócio. Nesse mesmo espaço de tempo, acontecendo tudo simultaneamente, surge o PAPPE Integração, FAPEAM/FINEP, no qual submeti o projeto do bolo amazônico, tendo como base inovadora, um alimento desenvolvido sem glúten, sem lactose e sem gordura trans. O bolo agrega combinações simples dos diferentes sabores oriundos do cupuaçu, castanha do Brasil e das sementes aromáticas do cumaru e puxuri, ideal para pessoas que buscam mais saúde, através de alimentos saudáveis. Com isso, consegui reunir características amazônicas diferenciadas, gerando inclusive andamento de uma patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial.

Pesquisa & Desenvolvimento


Buscando melhorar a formulação do bolo amazônico, o apoio do Pappe Integração foi fundamental, pois nos concedeu o fomento para desenvolver pesquisas, que pudessem garantir a qualidade do meu produto. Isso tudo aconteceu, quando implantei minha pequena fábrica no Centro de Incubação Empresarial o CIDE. Nossas vendas sempre foram de boca a boca, os clientes gostam do nosso produto e nos indicam para outros e assim, começamos a formar mercado. Hoje distribuímos para restaurantes como Alentejo, Buffet LeLieu, Frigorifico Vitelo, Supermercados Fuji, entre outros. A cadeia de fornecimento que hoje temos no Amazonas, ainda não atende o nível de excelência dos produtos que desenvolvemos. Então 75% da matéria-prima, compramos fora do Amazonas. Seria necessário políticas públicas para incentivar a certificação orgânica do Amazonas. Quando compramos a castanha sem a certificação, esta pode vir com afla toxina que acarreta males para a saúde. Na Europa só se consome produtos que possuem certificação, garantido desta forma a qualidade do consumo.

Insumos importados e carga tributária


Hoje temos cerca de nove fornecedores que demandam insumos para a Sabores de Tradição, todas de fora. A Sabores da Tradição tem hoje 10 empregados diretos. Somos apoiados por meio do programa PRO INOVAR, que foi idealizado e desenvolvido pela FAPEAM, IEL e FEMICRO. Programa esse, que tem nos ajudado muito, a dar mais performance à nossa gestão. Alguns dos entraves que toda a micro e pequena empresa enfrenta é a carga tributária, que vem contribuindo para o fechamento de micro e pequenas empresas em todo o Brasil. Para se ter uma ideia, o que eu ganhava na Avenida Eduardo Ribeiro – na feira, era mais ou menos 3 vezes mais que hoje ganho com minha empresa constituída, pois a carga tributária é muito alta.

Gratidão e homenagem


Agradeço à nossa equipe que tão intensamente assume os desafios propostos. São os nossos colaboradores os pilares da operação no cotidiano e, seguramente, terão muito trabalho pela frente porque ainda há muito que realizar. Agradeço à minha família, meus pais, em especial minha esposa Rosevane pelo apoio e compreensão e minha filha Rafaela que é o maior presente que Deus poderia ter me dado nesta vida. Minha irmã Nelita (que está em Portugal), que sempre acreditou em mim. Meu sogro Sr. Gentil, homem de trabalho, honesto e justo, ajudou-me em todos os momentos da empresa. Um obrigado especial aos meus amigos Alcir Teixeira, Celdo Braga, Luiz Garcia e Paulo Sergio. Neste momento quero homenagear uma pessoa, na qual tenho grande consideração e apreço. Prof.ª Olivia Albuquerque. Quero lhe dizer da minha gratidão e de todo respeito que tenho pela a senhora. Gostaria de lhe homenagear com uma frase de Cora Coralina, que diz “Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça”. Recriei minha vida e a reinventei. Removi pedras, pois foram muitas as dificuldades, plantei uma flor, fiz doces e recomecei e hoje estou aqui. Muito obrigada amiga, Olivia. Por fim, quero dizer que vim de outro país para o Brasil. Amo essa terra e acredito em todo seu potencial. Deus esteve sempre comigo, me ajudando e apoiando em toda caminhada. Tenho muito a agradecer e peço a todos que valorizem esse lugar, pois há um manancial divino habitado aqui. Obrigado!
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 28.05.2015

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