CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Coluna do CIEAM

Que apito toca o CAS ?

  1. Principal
  2. Coluna do CIEAM

18/10/2013 10:31

Em sua hábil manifestação, como membro nato na composição do Conselho de Administração da Suframa, o presidente da FIEAM, Antônio Silva, depois de encarecer atenção para as demandas salariais dos servidores da Suframa e da reposição dos cargos e funções esvaziadas, indagou do representante do MDIC, o secretário-executivo, Ricardo Schaefer, sobre a liberação dos PPBs. O questionamento – reprisado nesta Coluna, se insere no movimento maior dos empresários diretamente envolvidos, que esperam 6, 12, 24, 36... meses por uma autorização que tem prazo legal estabelecido de 120 dias. Este tem sido o maior entrave formal ao crescimento, ou recuperação de alguns setores do PIM– à parte os gargalos de infraestrutura. Apesar dos dados otimistas da Suframa em real, na aferição que utiliza o dólar, há um visível encolhimento da indústria local. É absurdo deixar os investidores, que são impedidos de apresenta seus projetos junto ao CAS, nas mãos da burocracia federal, alegando prejuízos virtuais em outras regiões do país. São elementos literários que autorizariam a reescrever uma versão baré do Processo de Franz Kafka, o clássico da literatura Tcheca que descreve as situações de absurdo existencial e social em limites insuspeitados. O CAS a tudo assiste e nada pode fazer para debelar esta esquizofrenia institucional. 

Mandonismo de gabinete

O caso Adidas é emblemático, e remete a uma das maiores fábricas de material esportivo do mundo, que optou por iniciar suas atividades em Manaus, um forte apelo ambiental, e que fica no Brasil, o país do futebol. A empresa teve que instalar na Argentina sua fábrica, por decisão/embromação kafkiana dos burocratas de Brasília. Ninguém cogitou consultar as entidades locais para saber vantagens ou eventuais prejuízos concorrenciais. Nem levou em conta a contrapartida que exigisse – formalmente - a paulatina adoção dos fatores e elementos da biodiversidade e diversidade étnica e cultural milenar da floresta como a empresa sugeriu. E que, por evidentes razões de mercado, pretendia fazer. O alerta da FIEAM revela uma inquietação em relação às regras do jogo. É complicado investir numa economia, marcada pela volatilidade de tantos fatores, à mercê de burocratas distraídos. Este é um cenário que precisa ser enfrentado e que se deve abrir uma discussão pública a respeito. Os descaminhos são decorrência direta e proporcional ao mandonismo do gabinete.
 
Verticalizar ou embargar ?

A questão é crucial e definitiva. E tudo sugere que o novo secretário-executivo do MDIC está disposto a enfrentar. É um embaraço sobre o qual é imperativo conversar, argumentar, regulamentar e esclarecer, de uma vez por todas, e no melhor dos mundos, no contexto de construção de uma politica industrial. Topamos a parada desde que não signifique travar o modelo, afugentar investimentos em nome de abstrações explícitas ou barganhas laterais. A especulação em cima de eventuais setores de canibalização de investidores precisa ser debatida sobre os registros econômicos da História, onde a produção de açúcar na Amazônia, além da borracha e do cacau, foi canibalizada por outras regiões do país, exatamente pela ausência crônica de uma definição combinada de segmentação industrial na perspectiva da redução das desigualdades regionais. No caso dos embargos autoritários do PPB, as entidades entendem e admitem que é melhor verticalizar – mesmo com as exigências de nacionalização de componentes – do que não publicar, condenar ao estado de expectativa e suspensão, os investidores que optaram compartilhar este desafio de investir e desenvolver no meio da floresta comprometidos com sua conservação e sustentabilidade.

O chip e o cipó

A questão do Centro de Biotecnologia da Amazônia foi novamente pautada, como ocorre há 13 anos, e a promessa da iminente definição do modelo de gestão, que “estava saindo do forno” no dia 19 de agosto último, deverá ser objeto de uma consulta a ser feita pelos técnicos de Brasília em torno das expectativas locais de sua estruturação institucional para prospecção de negócios e resultados. Um filme cuja reprise já ultrapassou todos os limites de paciência na espera de um final, se não feliz, razoável. Vem à mente o impacto dessa enrolação sobre todas as propostas e oportunidades de negócios que foram alimentados, estimulados há mais de uma década, e que aguardam o desfecho da festa com a definição de um CNPJ... A expectativa de fazer da relação entre o chip da inovação e o cipó deste bioma infinito, uma caldeirada de negócios, fica para depois, montada mais uma comissão, para resolver aquilo que já tem solução.
 
Por motivo de viagem

Tudo sugere que a Suframa não pretende convidar a Embrapa para ajudar a equacionar o enigma. Ao longo dos últimos meses esta foi uma solução, a mais sensata e disponível, para fazer andar na direção dos bionegócios este empreendimento que já consumiu mais de R$ 120 milhões das empresas aqui instaladas. A Suframa não tem gente, hoje, para atender as demandas formais das exigências que a Lei e seus regramentos absurdos impõem. Ao que consta, em seu quadro defasado de material humano, não há especialistas em biotecnologia. Entre os que lá atuam – a opinião pública ficou sabendo nesta quinta-feira – ganham salários ridículos, menores que de muitas categorias de quem não se exige qualificação ou experiência. Fica difícil imaginar um engenheiro qualificado aceitar um compromisso de 8 horas diárias, por um salário aviltante.
===============================================================================
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do Centro da Indústria do Estado do Amazonas. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 18.10.2013

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House