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​Quais são os problemas de navegabilidade na Amazônia?

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12/10/2023 08:00


Apesar da grave e inédita crise hídrica da vazante, boa notícia é que, na gravidade histórica da vazante em 2023 na Amazônia -nunca dantes enfrentada desde que se instalou o Polo Industrial de Manaus há meio século - se deu a mobilização dos interessados. E isso tem gerado grandes descobertas, que precisam, urgentemente, ser recuperadas antes que a Mãe Natureza devolva as condições que a civilização predatória confiscou.

Por Alfredo Lopes (*) Coluna follow-up - BrasilAmazoniaAgora

Nossos debates sobre os gargalos regionais da logística dos transportes na Amazônia esbarram em velhos dilemas e em falsas esperanças de soluções. Um deles remete ao Ciclo das Águas e a ausência de estudos mais aprofundados sobre as alterações sazonais e repetições cíclicas de alterações substantivas da estiagem e vazante anual. A precariedade desses estudos se agravou com a mudança climática. O aquecimento global e suas implicações geotérmicas afetam a rotina dos rios da região, causando variações, algumas imprevisíveis, no ciclo de cheias e vazantes, com reflexos cruciais da navegação.

A Comissão de Logística do CIEAM tem mobilizado os atores envolvidos nessa trama -incluindo especialistas e autoridades do setor -assentada na autoridade de quem representa o setor produtivo. Nas últimas duas décadas, vazantes extraordinárias causaram estragos acentuados -agravados pelas restrições competitivas de nossa infraestrutura -como os que se impuseram com a atual escassez hídrica. E assim se formam os gargalos na navegabilidade, trechos críticos se multiplicam nos rios amazônicos e se agravam os problemas para a navegabilidade, com bancos de areia e erosões transformadas em obstáculos naturais.

A infraestrutura portuária na região é agravada pelo fato da bacia hidrográfica da Amazônia ser muito jovem do ponto de vista de sua formação. Ou seja, sua configuração é absolutamente mutante o que torna permanente, por exemplo, a exigência de atualização das cartas náuticas. Uma das alternativas a serem monitoradas se refere ao transbordo de cargas e ao fluxo de mercadorias, o que define e interfere no planejamento, implica em constantes revisões do custo de operação, pela frequente necessidade de práticos e outros profissionais especializados que adicionam gastos significativos à operação na região.

Outro fator a ser priorizado se refere à ausência de sinalização adequada nos rios, prejudicando a navegação segura, aumentando os riscos de acidentes, incluindo de natureza ambiental. A isso se somam às restrições sazonais. Em determinadas épocas do ano, por exemplo, as restrições de navegabilidade na foz do Madeira, as condições pioram, afetando o transporte fluvial. Este ano, a seca naquele afluente do rio Amazonas, não ocorria há 60 anos.

Nesta quarta-feira, o noticiário confirmou a ruptura de mais uma ponte no interior do Estado, a de Itacoatiara, uma estrutura que não resistiu às especificidades geológicas chamadas de “terras caídas”, muito conhecida pelos ribeirinhos, mas pouco considerada pela engenharia comumente adotada, muitas vezes baseada em referências geológicas com outras composições. Ou seja, além da falta de portos seguros e capazes de embarque e desembarque de contêineres, falta também infraestrutura de retroportos no interior da Amazônia, o que limita o escoamento de produtos.

Apesar da grave e inédita crise hídrica da vazante, a boa notícia da seca em 2023 -nunca dantes enfrentada desde que se instalou o Polo Industrial de Manaus há meio século -se deu a mobilização dos interessados. E isso tem gerado grandes descobertas, que precisam, urgentemente, ser recuperadas antes que a Mãe Natureza devolva as condições que a civilização predatória confiscou. Dizendo de outro jeito, o principal problema logístico da navegabilidade também é sua solução, possível e disponível. Poucas vezes se viu a efetiva articulação dos recursos humanos, financeiros e tecnológicos. Marinha, Dnit, Antaq, Capitania dos Portos, a Abac, entre outros. A Comissão de Logística do CIEAM, desde a primeira hora, tem mobilizado estes principais responsáveis, todos tem o que oferecer, e mobilizados surpreendem a si e aos demais diante do problema a equacionar e a disposição dos talentos para equacionar.

(*) Coluna follow-up é publicada as quartas, quintas e sextas-feiras, no Jornal do Commercio do Amazonas, sob a responsabilidade do CIEAM e coordenação editorial de Alfredo Lopes, consultor do CIEAM e editor do portal BrasilAmazoniaAgora.

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