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Coluna do CIEAM

Proatividade à deriva

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11/09/2014 12:45

Os embaraços da infraestrutura logística, longe de serem equacionados, seguem comprometendo a competitividade da economia local e agravando o custo de vida para a população, cuja cesta básica já é uma das mais caras do país. Com a estiagem, em apenas uma semana, 45 balsas estão encalhadas na hidrovia do Madeira, de acordo com a Federação das Empresas de Navegação. Elas transportam a produção industrial de Manaus e também gêneros de todas as ordens e necessidades, numa rotina da precariedade logística que o poder público insiste em ignorar. Há 12 anos, o serviço de dragagem não é executado, de acordo com a entidade, que destaca os danos que isso representa. E a cada estiagem os prejuízos se avolumam. Neste ano, o rio Madeira experimenta uma de suas enchentes históricas das mais assustadoras. Mesmo assim, com o rio ainda cheio, os problemas de tráfego apareceram mais cedo do que o previsto. É a falta da dragagem sistemática, que é comprovadamente necessária e protelada ano após ano sem razões convincentes. Aqui neste espaço anunciamos, em agosto último, o início do desassoreamento do calado operacional nos 1.086 quilômetros da hidrovia, numa licitação realizada pela Codomar (Companhia Docas do Maranhão) e a AHIMOC (Administração das Hidrovias da Amazônia Ocidental) para atender uma demanda que se arrasta desde 2002. Neste período as relações institucionais entre o Estado e a União são consideradas teoricamente harmônicas e proativas. Sem dragagem, sem recuperação viária da BR 319, sem modernização portuária do Polo Industrial de Manaus, entre outras expectativas frustradas para os gargalos de infraestrutura, temos motivos de sobra para questionar os resultados objetivos dessa decantada solidariedade federativa.

Obviedade logística


É oportuno e necessário explicitar que os serviços de monitoramento, dragagem de manutenção, balizamento e sinalização da hidrovia, no contrato mencionado, firmado pelo período de cinco anos, foi assinado e deveria já estar em operação, por obra e graça das negociações do segmento do agronegócio. A hidrovia do Madeira é vital para escoar a produção de Manaus, infelizmente, porém, não é este o capital político de seu reconhecimento estratégico. A mais importante e coerente rota de transporte no Norte do país, a hidrovia do Madeira é um dos eixos mais decisivos de acordo com os técnicos do Programa Norte Competitivo. Essa obviedade foi destacada pelos técnicos da empresa Macrologística – contratada com recursos das entidades de classe da região – para equacionar o gargalo da soja, acusada de engarrafar a estrutura logística do Sudeste. Pegando carona da descoberta estratégica ou afirmando o papel da ZFM na geração de mais de 1 milhão de empregos em toda a cadeia produtiva do PIM, importa agora lutar para que o novo governo olhe para esta vocação logística natural e adequada com visão de futuro e de desembaraço nos gargalo de transporte.

Mobilização parlamentar


Promulgados os estatutos constitucionais da ZFM, que asseguram mais 50 anos, é hora de denunciar o risco de esvaziamento deste modelo se não forem enfrentadas os gargalos de que aqui tratamos. O polo de duas rodas acumula prejuízos e amplia o percentual de suas perdas. O de eletrônica tem estoque abarrotado de televisores, sem perspectiva de desafogo por conta de um Natal sem perspectiva de compensação das perdas num ano de Copa da FIFA e numa economia que encolhe. O enfrentamento dos gargalos de infraestrutura não poderá ser protelado. As novas bancadas de representação parlamentar precisam ser mobilizadas nesta direção mesmo antes de sua posse, sob o argumento de que a desindustrialização virá a galope se não tomarmos medidas concretas, legais e imediatas para reinvestir ao menos 3% da receita fiscal do modelo em equacionamento destes gargalos. É preciso que essa consciência se transforme em condutas de mobilização das bancadas de todos os estados de atuação da Suframa. O país em geral e a Amazônia em particular tem visto a protelação dessa expectativa no PNLT- Plano Nacional de Logística dos Transportes, razão destacada entre os motivos de um Brasil que encolhe sua indústria a cada ano e insiste em não crescer, a despeito de uma arrecadação fiscal que em agosto passou a marca de um trilhão de reais.

Educação e Ensino


Temos assinalado neste espaço o papel das entidades de classe do setor produtivo local na formulação de políticas públicas que se soma à generosa contribuição tributária. E nessas considerações, destacamos o aspecto essencial da Educação, aqui entendida no sentido mais amplo que a diferencia da ação pedagógica do Ensino, um conjunto de métodos e técnicas para transmitir o conhecimento. É vital esclarecer que o conceito de Educação é clara e decididamente a transmissão dos valores, a disseminação e apropriação de princípios éticos, de civilidade e solidariedade em torno de compromissos e responsabilidades em sentido amplo e necessário ao convívio, manutenção e desenvolvimento da sociedade como um todo. O esfacelamento desses valores, ilustrado pela crescente amoralidade dos costumes, do esvaziamento do conceito de família, de propriedade, de liberdade e de democracia remetem à urgência de repensar o papel e os agentes da verdadeira Educação. Quando o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), abre inscrições para a nova edição do Inova Talentos, para estimular a execução de projetos de inovação em empresas e institutos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I), está implícito na iniciativa não apenas o sentido motivacional para o ensino focado em desenvolvimento de talentos, mas também a importância de situar este programa na promoção das pessoas, no fomento da busca pelo conhecimento situado na luta pela melhoria da qualidade de vida de todo o tecido social, priorizando a nobreza dos estudos e o papel desta atitude na construção de uma sociedade mais próspera e solidária. Por isso, cabem felicitações a esta iniciativa, ao Instituto SENAI de Inovação Microeletrônica, à Olimpíada do Conhecimento, em que FIEAM/SENAI/SESI/IEL levaram alguns talentos locais para Minas, na semana passada, onde o Amazonas foi destaque com ouro e prata em várias modalidades. São ações de Ensino, focadas em valores Educacionais na perspectiva da transformação social. Haverá outro caminho?
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br 

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