27/02/2020 09:53
Entrevista com Antônio Silva, presidente da FIEAM
“Resta-nos assegurar vez e voz a quem aqui trabalha, gera empregos e oportunidades como nenhuma modalidade fiscal de desenvolvimento regional na História da República”. AS
Antônio Silva é o dirigente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas e vice-presidente da CNI, e como tal está inserido nas discussões da nova política fiscal e industrial do Brasil. Sabe como poucos as dificuldades de interlocução deste Brasil que não conhece o Brasil, e muitas vezes mostra desinteresse em conhecer. Mesmo assim defende o entendimento e aposta em algumas parcerias com aliados verdadeiramente comprometidos com nossa economia e direitos. Confira a entrevista para a Follow-up.
1. Follow up: Qual é sua avaliação sobre o momento político e os riscos de esvaziamento da Zona Franca de Manaus? Antônio Silva: Temos ido frequentemente a Brasília e acompanhado as movimentações e pressões contra nossa Economia , sobretudo por parte daqueles que se esquivam de discutir as razões de sua necessidade e os benefícios que oferecemos à região e ao Brasil. Vamos continuar fazendo o dever de casa e confiar na classe política que tem dado provas de envolvimento e dedicação intensa aos rumos do debate e negociação. Por isso, apostamos na classe política, temos razões para isso. A nova bancada federal se inseriu rapidamente nas Comissões estratégicas do Congresso. Estamos vendo um trabalho afinado, determinado, cívico e voltado para nossa terra. Isso nos dá alento e nos levará à conquista de nossos direitos.
1. Follow up: O que você
quer dizer com as “...as pressões
contra nossa Economia”?
Antônio Silva: Quem nos
conhece, já visitou a região,
percorreu algumas indústrias
do Polo Industrial de Manaus
e sabe dos benefícios para o
interior, consegue alcançar o
significado deste Programa
de Desenvolvimento chamado
Zona Franca de Manaus.
Entretanto, a RFB nos impôs
autuações vultosas, emitindo
novos autos de infração
lavrados sobre questões com
jurisprudência em nosso favor.
A pressão maior, contudo, é a
insegurança jurídica, que chega
ao limite de recusar direitos de
uma sentença já transitado em
julgado.
2. Follow up: Isso significa
que o clima de entendimento
está sob trovoadas?
Antônio Silva – Não nos
interessa qualquer tipo de
conflito. Neste momento para
resguardar direitos o único
caminho é o entendimento.
Recorrer à Corte Suprema
para acionar a República é
solução limite. E temos razões
para apostar no entendimento.
Temos apoios significativos
no núcleo de poder. A nova
gestão da Suframa é um
exemplo. Em pouco tempo
muitas mudanças a nosso
favor. Veja o exemplo dos
PPBs, os processos produtivos
que estavam travados, alguns
há 7 anos, dependendo de
aprovação. Isso está mudando e
vai nos ajudar muito a adensar
o Polo Industrial de Manaus.
A autonomia da Suframa aos
poucos é resgatada e isso é bom
pra todo mundo.
3. Follow up – Na sua
opinião o otimismo com a
Economia está abalado?
Antônio Silva:
Terminamos o primeiro ano do
novo governo com forte dose
de euforia, especialmente,
no desempenho de alguns
segmentos industriais, a
Reforma da Previdência, a
redução na taxa de juros,
o aumento nas vagas de
emprego. Entretanto, a alta do
dólar, os estragos nas relações
comerciais do Coronavírus e
os impactos na produção do
Polo Industrial de Manaus,
a insegurança jurídica... são
fatores que afastam os novos
investimentos e desestimula
quem apostou nos contratos
com a União. As regras do jogo
mudam no meio da disputa.
Quem resiste acessa incerteza?
Follow up - Qual a saída,
mudar para o Uruguai?
Antônio Silva – Isso
não está em pauta porque
nós acreditamos no
entendimento. Sempre
há uma saída quando
trabalhamos com espírito
de brasilidade. Nosso dever
de casa é prestar contas ao
contribuinte. Dizer o que
fazemos pela região, nosso
jeito de proteger a floresta
e nossa capacidade de gerar
empregos. São quase meio
milhão, segundo o IBGE pelo
Brasil afora. Vemos com bons
olhos a instalação do Conselho
da Amazônia e a Secretaria
de Meio Ambiente. Ambas
sinalizam o compromisso de
menos Brasília e mais Brasil.
Resta-nos assegurar vez e voz
a quem aqui trabalha, gera
empregos e oportunidades
como nenhuma modalidade
fiscal de desenvolvimento
regional na História da
República.
Publicada no Jornal do Commercio do dia 27.02.2020
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br