11/11/2015 15:57
Correção da rota
O ENAI, Encontro Nacional da Indústria, é o fórum mais adequado para debater o país, aplaudir acertos, criticar firmemente os erros e impedir que essa avalanche do esvaziamento da indústria, que se avoluma e espalha insegurança, desemprego e desesperança, comprometa o futuro desta nação, de sua independência e determinação civilizatório. Neste fórum, portanto, além dos grandes temas nacionais e das ações objetivos para criar um ambiente de atração de investimentos e estimular o desenvolvimento do país, é importante apontar os requisitos de infraestrutura, de formação de recursos humanos e de inovação tecnológica para recompor a vocação de modernidade da civilização brasileira e fazer da crise política e econômica, o desenho de um novo Brasil, corrigindo as distorções e apurando as opções de uma gestão da magnitude de nossas esperanças e aspirações.
Uma equação inquietante
Daqui a pouco é fim do ano, um registro cronológico que seria melhor não tivesse existido. Muito pouco a anotar em termos de avanços, investimentos, definição vitais para a gestão da ZFM, revisão do uso de seus recursos de P&D, TSA, FTI, UEA, FMPES, recursos para a pesquisa, gestão, interiorização e qualificação dos recursos humanos, onde o assento, a sugestão, o encaminhamento e discussão de resultados não incluíram a participação dos seus mantenedores. Cabe parar para repensar a importância dos fundos pagos pela indústria e o acompanhamento de sua aplicação. Isso mesmo, as empresas que recolhem a base material e financeira para incentivar pesquisas, atrelar esses estudos a modelagens novas de desenvolvimento, que contribuem para fomentar P&D, o turismo, AS CADEIAS PRODUTIVAS, financiar o desenvolvimento do interior, formar as gerações novas no ensino superior, entre outras ações de extrema relevância, são excluídas do acompanhamento do uso desses recursos. A exclusão se dá pela falta de reuniões nos últimos anos ou porque os fundos não têm conselhos constituídos. O FTI, Fundo de Interiorização do Desenvolvimento, que recebeu R$ 800 milhões em 2014, se reuniu uma vez em mais de 10 anos de existência. E a UEA, com quem as entidades formaram uma parceria para essa maior participação, ainda não constituiu seu Conselho. Os buracos são físicos, metafísicos e institucionais. E antes que o ano se acabe ainda cabe voltar a esta tecla para promover o desembaraço dessa equação, por que não?
Os buracos da representação
Enquanto a indústria se reúne em Brasília para entender e equacionar a cratera deixada pela gestão inepta, a indústria da ZFM segue estarrecida com a inépcia do poder local em assumir a gestão das crateras nas ruas do polo industrial. Uma negligência inaceitável. Nesta semana uma carreta tombou após a pista ceder nas ruas abandonadas do Distrito Industrial. "O chão se abriu e não deu para controlar o veículo", disse o motorista. O acidente se deu neste domingo (8) após um trecho da pista ceder na Avenida Norte Sul, nas proximidades da fábrica da Samsung. O veículo carregava fardos de juta e se dirigia para o bairro do Puraquequara, na Zona Leste de Manaus, quando ocorreu o acidente. O prejuízo estimado é de cerca de R$ 250 mil. Mas poderia ser maior, envolver pessoas, provocar tragédias, outras mortes. Há informações de obras da empresa Manaus Ambiental - uma permissionária da prefeitura de Manaus – na semana passada. Como ninguém assume a responsabilidade pela manutenção daquelas vias, qualquer um chega, faz suas obras e tudo fica por isso mesmo. É claro que os buracos físicos e os ético-metafísicos refletem a percepção vesga do problema político visto na sua mais obtusa e mesquinha manifestação. Poucas vezes o Brasil assistiu a uma classe política tão focada no seu umbigo de poder e tão ausente da demanda do cidadão. Esta é a miséria da falta de credibilidade na classe política, cujo discurso nada tem a ver, salvas honrosas exceções, com a conduta real. O fato é que ainda não amadurecemos como vontade política coletiva, capaz de gritar, em nome do interesse público, em uníssono e elevado tom: acorda, Brasil! E com isso, enfrentar a questão, aqui entendida como uma decisão dos gestores públicos referendada e viabilizada pelo estofo da adesão social e popular de quem paga a conta no fim da sessão, os empreendedores e trabalhadores, transformado sem cidadãos de segunda classe na hora de definir as prioridades coletivas. Até quando?
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicado no Jornal do Commercio do dia 11.11.2015