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Coluna do CIEAM

Para além da crise

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11/11/2015 09:08

Buscando cumprir a parte que lhe cabe neste labirinto de incertezas, e na perspectiva de valer sua contribuição para encontrar saídas para o imbróglio chamado Brasil, a Confederação Nacional da Indústria promove mais um encontro nacional de seus associados, O ENAI2015. São cerca de 2 mil empresários que se reúnem nesta quarta e quinta-feira (11 e 12), em Brasília, para debater com o governo federal, através do ministro Joaquim Levy e com um velho conhecido da Amazônia, o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, os embaraços da economia e as perspectivas das relações bilaterais entre o Brasil e os Estados Unidos. Estará presente, ainda, a representação parlamentar do Congresso Nacional, num desfile de análises, avaliações e proposições para este Brasil que travou em seu modelo de gestão, perdeu credibilidade, foi rebaixado por várias agências de investimentos e não mostra sinais de equacionamento em suas relações de poder, permanência ou remoção do atual núcleo de governança. São esses os elementos constitutivos deste cenário de incertezas que imprime ao Encontro Nacional da Indústria a certeza de mais perguntas do que respostas, e a demanda de mais esforços de união e de permutas de soluções e sugestões de sobrevivência e disposição para o combate. Em todos, a necessidade de acreditar, apesar dos desencontros, no Brasil e na convicção de que este país é mais forte e mais promissor de que suas crises de gestão. Oxalá que este encontro, onde os indícios de colaboração do governo com a indústria surgem como improváveis, sejam consolidados, pelo menos, eventuais mecanismos para reduzir gargalos, simplificar e reduzir burocracia e, sobretudo, afinar o discurso para dizer uníssonos e sem titubear: não dá para pagar mais impostos!!!

Correção da rota

O ENAI, Encontro Nacional da Indústria, é o fórum mais adequado para debater o país, aplaudir acertos, criticar firmemente os erros e impedir que essa avalanche do esvaziamento da indústria, que se avoluma e espalha insegurança, desemprego e desesperança, comprometa o futuro desta nação, de sua independência e determinação civilizatório. Neste fórum, portanto, além dos grandes temas nacionais e das ações objetivos para criar um ambiente de atração de investimentos e estimular o desenvolvimento do país, é importante apontar os requisitos de infraestrutura, de formação de recursos humanos e de inovação tecnológica para recompor a vocação de modernidade da civilização brasileira e fazer da crise política e econômica, o desenho de um novo Brasil, corrigindo as distorções e apurando as opções de uma gestão da magnitude de nossas esperanças e aspirações.

Uma equação inquietante

Daqui a pouco é fim do ano, um registro cronológico que seria melhor não tivesse existido. Muito pouco a anotar em termos de avanços, investimentos, definição vitais para a gestão da ZFM, revisão do uso de seus recursos de P&D, TSA, FTI, UEA, FMPES, recursos para a pesquisa, gestão, interiorização e qualificação dos recursos humanos, onde o assento, a sugestão, o encaminhamento e discussão de resultados não incluíram a participação dos seus mantenedores. Cabe parar para repensar a importância dos fundos pagos pela indústria e o acompanhamento de sua aplicação. Isso mesmo, as empresas que recolhem a base material e financeira para incentivar pesquisas, atrelar esses estudos a modelagens novas de desenvolvimento, que contribuem para fomentar P&D, o turismo, AS CADEIAS PRODUTIVAS, financiar o desenvolvimento do interior, formar as gerações novas no ensino superior, entre outras ações de extrema relevância, são excluídas do acompanhamento do uso desses recursos. A exclusão se dá pela falta de reuniões nos últimos anos ou porque os fundos não têm conselhos constituídos. O FTI, Fundo de Interiorização do Desenvolvimento, que recebeu R$ 800 milhões em 2014, se reuniu uma vez em mais de 10 anos de existência. E a UEA, com quem as entidades formaram uma parceria para essa maior participação, ainda não constituiu seu Conselho. Os buracos são físicos, metafísicos e institucionais. E antes que o ano se acabe ainda cabe voltar a esta tecla para promover o desembaraço dessa equação, por que não?

Os buracos da representação

Enquanto a indústria se reúne em Brasília para entender e equacionar a cratera deixada pela gestão inepta, a indústria da ZFM segue estarrecida com a inépcia do poder local em assumir a gestão das crateras nas ruas do polo industrial. Uma negligência inaceitável. Nesta semana uma carreta tombou após a pista ceder nas ruas abandonadas do Distrito Industrial. “O chão se abriu e não deu para controlar o veículo”, disse o motorista. O acidente se deu neste domingo (8) após um trecho da pista ceder na Avenida Norte Sul, nas proximidades da fábrica da Samsung. O veículo carregava fardos de juta e se dirigia para o bairro do Puraquequara, na Zona Leste de Manaus, quando ocorreu o acidente. O prejuízo estimado é de cerca de R$ 250 mil. Mas poderia ser maior, envolver pessoas, provocar tragédias, outras mortes. Há informações de obras da empresa Manaus Ambiental - uma permissionária da prefeitura de Manaus – na semana passada. Como ninguém assume a responsabilidade pela manutenção daquelas vias, qualquer um chega, faz suas obras e tudo fica por isso mesmo. É claro que os buracos físicos e os ético-metafísicos refletem a percepção vesga do problema político visto na sua mais obtusa e mesquinha manifestação. Poucas vezes o Brasil assistiu a uma classe política tão focada no seu umbigo de poder e tão ausente da demanda do cidadão. Esta é a miséria da falta de credibilidade na classe política, cujo discurso nada tem a ver, salvas honrosas exceções, com a conduta real. O fato é que ainda não amadurecemos como vontade política coletiva, capaz de gritar, em nome do interesse público, em uníssono e elevado tom: acorda, Brasil! E com isso, enfrentar a questão, aqui entendida como uma decisão dos gestores públicos referendada e viabilizada pelo estofo da adesão social e popular de quem paga a conta no fim da sessão, os empreendedores e trabalhadores, transformado sem cidadãos de segunda classe na hora de definir as prioridades coletivas. Até quando?

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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 11.11.2015

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