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Coluna do CIEAM

Os gargalos do progresso social

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03/09/2014 17:13

A prorrogação da Zona Franca de Manaus, sem equacionamento dos gargalos de infraestrutura, não vai conferir competitividade ao modelo muito menos remover os riscos de seu esvaziamento. Depois de uma longa espera para aliviar o gargalo aeroportuário de Manaus – mesmo reconhecendo as melhorias na infraestrutura para os passageiros do Aeroporto Eduardo Gomes – nos deparamos com as limitações crônicas do terminal de cargas. Foram investidos, em 2011, pelo PAC 2, R$ 452,6 milhões para ampliação aeroportuária. Entretanto, é preocupante reconhecer que a iniciativa não equaciona as demandas vitais da indústria local no contexto do planejamento focado no crescimento. Muito menos respalda novas atividades econômicas que precisam ser desenvolvidas no Estado para reduzir o desequilíbrio entre capital e interior. Num futuro muito próximo, estaremos operando em condições precárias com a capacidade instalada de armazenamento e não apenas no modal aéreo. Infraestrutura de transportes em todos os modais é pilastra essencial da competitividade de que padecemos.

Limitações e embaraços


Como investir na alternativa de exportação para aliviar a crise de setores, como o de duas rodas, açoitado pela economia interna, sem conferir competitividade às empresas do segmento, um dos sustentáculos do modelo ZFM? Com portos e aeroportos que não atendem os parâmetros de competitividade adequados, temos que afastar a reprise de 2010, quando as linhas de produção de celulares, televisores, aparelhos de som, DVDs, MP3 e câmeras fotográficas deixaram 20 mil trabalhadores de braços cruzados por conta das limitações da infraestrutura. Segundo a Infraero não há previsão para equacionar em definitivo a questão. Por que não cogitar melhor infraestrutura do aeroporto militar de Ponta Pelada para ser utilizado numa eventualidade de interdição da única pista do Aeroporto Eduardo Gomes? E por que compactuar com a teatralização ambientalista que invoca supostas ameaças de destruição do Encontro das Águas para boicotar a modernização portuária do polo industrial de Manaus e resguardar a livre concorrência no setor? Os navios-tanque da Refinaria de Manaus aportam seus petroleiros há 60 anos, precisamente na confluência dos dois rios e nada aconteceu nem acontecerá com a preservação do fenômeno, que é perene e decorre de falhas geológicas e temperaturas variadas dos rios em confrontação. É hilária a farsa da “destruição do Encontro das Águas”. Brincadeira tem hora e enfrentamento destemido dos embaraços artificiais, também.

Panaceia viária


A ideia de duplicar a rodovia AM 010, que liga Manaus a Itacoatiara, não pode ser tratada como a nova panaceia para os demais embaraços logísticos do modelo. A iniciativa é adequada, emergencial e necessária para as novas matrizes econômicas que se ensaiam naquela região, estratégica para o agronegócio, transporte de combustível e de fertilizantes, entre outros. Jamais para equacionar as demanda das indústrias já instaladas em Manaus. Inserir um modal rodoviário na cabotagem da indústria da ZFM é complicar mais ainda o elevado custo logístico ora praticado. Novas estruturas de modernização portuária para Manaus e dragagem sistemática da hidrovia do Rio Madeira, combinada com a recuperação da BR 319, para interligar Manaus ao país, são itens de uma pauta obrigatória no debate político a escolher a nova gestão pública e representação parlamentar.

Reivindicação justa


As empresas da ZFM reivindicam planejamento e interação dos entes públicos que atuam na região e a aplicação de 3% dos recursos recolhidos para a União no enfrentamento de seus gargalos logísticos, do colapso da transmissão de dados e voz e do apagão energético. Trata-se de uma medida de inteligência: maior produtividade e maior competitividade significa maior receita fiscal e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. É absurdo anunciar e não equacionar o fornecimento de energia em Manaus, açoitada por esfacelamento de seus equipamentos de distribuição, entre outros serviços para as empresas e para o cidadão. Na semana passada, mais um constrangimento cívico repercutiu os índices de progresso social na Amazônia. Uma pesquisa da organização Imazon, baseada em indicadores do IBGE, revelou que a região como um todo tem um déficit social de 15% em relação ao Brasil. No ranking das cidades, Belém ficou em 4º lugar no parâmetro social e ambiental e Manaus, em 23º (sic!). Considerando que o Polo Industrial de Manaus recolhe aos cofres do governo, segundo estudos da FEA/USP, mais de 54% da riqueza que produz e é responsável por 55% dos impostos federais de toda a região Norte, isso remete a um alerta de reflexão e urgente tomadas de decisão.

Olimpíada do Conhecimento


Começou neste domingo a Olimpíada do Conhecimento 2014, em Belo Horizonte, com 27 delegações formadas pelos mais de 800 alunos de todo o país que vão competir, de 3 a 6 de setembro, em 58 ocupações técnicas. O Amazonas participa com 14 alunos, 13 do SENAI, nas ocupações industriais, e um do SENAC, na área de serviços. Na abertura, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, foi enfático ao insistir que a indústria brasileira depende em grande parte dos alunos que estudam e se qualificam numa profissão para atender as demandas de cada segmento produtivo. É o desafio do conhecimento e da qualificação técnica e ética na realização profissional. Não há outra via de prosperidade e desenvolvimento integral das pessoas, especialmente dos jovens de hoje, dizimados pela violência e desumanizados pelas drogas. Nesse contexto, o setor produtivo do país passa a ser formulador de politicas educacionais, no vácuo de uma paisagem preocupante no ensino, que tem colocado o país nos últimos lugares do desempenho global.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br 

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