03/09/2014 17:13
Limitações e embaraços
Como investir na alternativa de exportação para aliviar a crise de setores, como o de duas rodas, açoitado pela economia interna, sem conferir competitividade às empresas do segmento, um dos sustentáculos do modelo ZFM? Com portos e aeroportos que não atendem os parâmetros de competitividade adequados, temos que afastar a reprise de 2010, quando as linhas de produção de celulares, televisores, aparelhos de som, DVDs, MP3 e câmeras fotográficas deixaram 20 mil trabalhadores de braços cruzados por conta das limitações da infraestrutura. Segundo a Infraero não há previsão para equacionar em definitivo a questão. Por que não cogitar melhor infraestrutura do aeroporto militar de Ponta Pelada para ser utilizado numa eventualidade de interdição da única pista do Aeroporto Eduardo Gomes? E por que compactuar com a teatralização ambientalista que invoca supostas ameaças de destruição do Encontro das Águas para boicotar a modernização portuária do polo industrial de Manaus e resguardar a livre concorrência no setor? Os navios-tanque da Refinaria de Manaus aportam seus petroleiros há 60 anos, precisamente na confluência dos dois rios e nada aconteceu nem acontecerá com a preservação do fenômeno, que é perene e decorre de falhas geológicas e temperaturas variadas dos rios em confrontação. É hilária a farsa da “destruição do Encontro das Águas”. Brincadeira tem hora e enfrentamento destemido dos embaraços artificiais, também.
Panaceia viária
A ideia de duplicar a rodovia AM 010, que liga Manaus a Itacoatiara, não pode ser tratada como a nova panaceia para os demais embaraços logísticos do modelo. A iniciativa é adequada, emergencial e necessária para as novas matrizes econômicas que se ensaiam naquela região, estratégica para o agronegócio, transporte de combustível e de fertilizantes, entre outros. Jamais para equacionar as demanda das indústrias já instaladas em Manaus. Inserir um modal rodoviário na cabotagem da indústria da ZFM é complicar mais ainda o elevado custo logístico ora praticado. Novas estruturas de modernização portuária para Manaus e dragagem sistemática da hidrovia do Rio Madeira, combinada com a recuperação da BR 319, para interligar Manaus ao país, são itens de uma pauta obrigatória no debate político a escolher a nova gestão pública e representação parlamentar.
Reivindicação justa
As empresas da ZFM reivindicam planejamento e interação dos entes públicos que atuam na região e a aplicação de 3% dos recursos recolhidos para a União no enfrentamento de seus gargalos logísticos, do colapso da transmissão de dados e voz e do apagão energético. Trata-se de uma medida de inteligência: maior produtividade e maior competitividade significa maior receita fiscal e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. É absurdo anunciar e não equacionar o fornecimento de energia em Manaus, açoitada por esfacelamento de seus equipamentos de distribuição, entre outros serviços para as empresas e para o cidadão. Na semana passada, mais um constrangimento cívico repercutiu os índices de progresso social na Amazônia. Uma pesquisa da organização Imazon, baseada em indicadores do IBGE, revelou que a região como um todo tem um déficit social de 15% em relação ao Brasil. No ranking das cidades, Belém ficou em 4º lugar no parâmetro social e ambiental e Manaus, em 23º (sic!). Considerando que o Polo Industrial de Manaus recolhe aos cofres do governo, segundo estudos da FEA/USP, mais de 54% da riqueza que produz e é responsável por 55% dos impostos federais de toda a região Norte, isso remete a um alerta de reflexão e urgente tomadas de decisão.
Olimpíada do Conhecimento
Começou neste domingo a Olimpíada do Conhecimento 2014, em Belo Horizonte, com 27 delegações formadas pelos mais de 800 alunos de todo o país que vão competir, de 3 a 6 de setembro, em 58 ocupações técnicas. O Amazonas participa com 14 alunos, 13 do SENAI, nas ocupações industriais, e um do SENAC, na área de serviços. Na abertura, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, foi enfático ao insistir que a indústria brasileira depende em grande parte dos alunos que estudam e se qualificam numa profissão para atender as demandas de cada segmento produtivo. É o desafio do conhecimento e da qualificação técnica e ética na realização profissional. Não há outra via de prosperidade e desenvolvimento integral das pessoas, especialmente dos jovens de hoje, dizimados pela violência e desumanizados pelas drogas. Nesse contexto, o setor produtivo do país passa a ser formulador de politicas educacionais, no vácuo de uma paisagem preocupante no ensino, que tem colocado o país nos últimos lugares do desempenho global.
=================================================================================
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br