20/05/2021 17:27
Fonte: Brasil Amazônia Agora
Belmiro Vianez Filho (*)
Com certeza não! Muito pelo contrário. Precisamos, entretanto, combinar alguns ajustes. Na Inglaterra, país onde ocorreram as diversas revoluções industriais, 6% dos empregos atualmente decorrem da indústria do ócio, ou dos empregos criativos... Há uma preocupação no âmbito do poder executivo, em plano global, com relação ao desemprego. Muito mais nesse momento de pandemia, onde a economia mundial foi abalada como poucas vezes na História. Cada caso é um caso e muitas são as intercorrências do problema. Ou das soluções, depende apenas do ponto-de-vista. Em nosso cotidiano, porém, a realidade ganha nuances muitas vezes surreal na medida em que as dificuldades são criadas em cima do mau-humor burocrático. Ou no desacato à Lei e ao bom-sendo. Para entrar na formalidade muitos empreendedores são tratados como bandidos até prova em contrário. Aí complica...
Toda a vontade política...
Que sentido faz o desemprego numa região como a Amazônia cujo nome, gratuitamente, é a melhor propaganda das oportunidades? Por que não prover um investimento de infraestrutura voltada particularmente para o turismo essencialmente amazônico, isto é, sustentável necessariamente e preparado para atender a excitação imaginária em relação ao mistério e ao exotismo que cercam a ideia florestal do Paraíso Perdido? É preciso, entretanto, abraçar um projeto como este com toda vontade política local, estadual e do poder central. É... mas faltam recursos! Diriam os arautos do imobilismo. Isso não procede de acordo com os fatos. Apenas o setor produtivo da Zona Franca de Manaus, ano a ano, repassa em torno de R$ 1 bilhão através do Fundo de Turismo e Interiorização do Desenvolvimento e de Fomento às micro e pequenas empresas. E o que é feito disso? O Portal da Transferência da Sefaz tem as respostas. A abundância, que tem seu lado perverso, carece de gestão competente e respeito à legalidade. E já faz tempo.
Gestão à distância da ZFM?
Na última reunião do Conselho de Administração da Suframa, órgão máximo da Autarquia, mas não da economia regional, foi retirado um projeto de ampliação de uma empresa de telefonia celular entre outros produtos. Que saiu e voltou para Manaus. O ato, intempestivo e assustador, alegava a quantidade tímida de empregos para o volume da compensação fiscal. Lógico? Sim, mas do ponto de vista linear da geração de emprego. Isso já foi contornado mas deixou uma reflexão. Como gerar empregos na Amazônia? Este modelo de gestão da ZFM no modo à distância funciona apenas meia boca. É genial a promessa do menos Brasília imagem Brasil. A gestão Brasília permitiu, por exemplo, que burocratas federais abolissem a ZFM de importados, ao mesmo tempo que a burocracia federal fez vistas grossas para Ciudad del Leste, no Paraguai, Feira de bugigangas em Brasília e Rua Santa Ifigênia em São Paulo, para citar alguns. O comércio ilegal virtual funciona a todo vapor e sem nenhum embaraço formal. E lembremos que nossa proposta nativa lá atrás era um Hub Internacional de importados semelhante ao Panamá. Sugeríamos transferir a Base Aérea e deixar este espaço para empreendimentos. A burocracia sequer quis ouvir. E os turistas brasileiros mais “bacanas” optaram por Miami e Europa, gerando empregos e oportunidades fora do Brasil. Os cofres da União ficaram a ver navios e aviões abarrotados de recursos para outras plagas.
Robotização e diversificação 4.0
O episódio da reunião do CAS, em abril último, não levou em conta que os empregos da linha de produção precisam mudar de lugar. A indústria local nunca mais vai gerar a massa de empregos da década passada. O avanço tecnológico recomenda a racionalidade do processo produtivo. As empresas seguirão produzindo com mais inteligência artificial, mais robotização e menos mão-de-obra humana. É claro. Os que permanecem vão ganhar bons salários. Os que não estudaram precisam fazê-lo. Pra isso existe o estado. Os que não forem integrados podem estudar e/ou empreender em outra direção.
Cadeias do conhecimento
Além das obrigações institucionais de prover as condições de educação e qualificação, o Estado, aqui entendido como poder público, precisa promover internamente uma revolução na gestão de sua burocracia e compulsão fiscal. Isso implica em flexibilizar, simplificar, trocar o carimbo por recursos digitais e dedicar-se ao verbo incentivar os empreendimentos. Tanto aqueles que já o ajudam a formar a receita como aqueles que usam inteligência, experiência e criatividade para transformar em empregos as infinitas oportunidades que a Natureza e a as cadeias do conhecimento nos apresentam a todo momento. Voltaremos ao assunto.
(*) Belmiro é empresário do setor varejista.