24/08/2017 10:23
Responsável pelo Observatório da ZFM em Brasília, o engenheiro Saleh Hamdeh estreia seu Blog Visão Crítica na web. Seu artigo inicial aborda as questões negligenciadas, não apenas pelos legisladores no tema, mas também pelas empresas do capitalismo primitivo muito presente no setor produtivo do país. Sem fortalecer a força de trabalho, as relações funcionais enfraquecem a competitividade e comprometem o frágil desempenho produtivo da indústria nacional.
“Reforma” Trabalhista – a promessa de empregos
A reforma trabalhista, recém aprovada pelo Congresso Nacional e integralmente sancionada pelo Presidente da República, a despeito da promessa de retomada da geração dos empregos, carece de uma vigilância atenta da sociedade em geral. É natural que muito se avança em boa parte do que se modifica, mas é histórica, desde suas raízes, a fragilidade nas relações capital x trabalho.
A relação capital x trabalho
O capital, evolui, cresce, navega por oceanos, trafega pelos ares, enfrenta mutações e se hospeda onde melhor lhe convém. O trabalho segue sempre refém, trafega em ambientes de ameaças permanentes, assédios e pressão emocional no limite. As modernizações dessas relações, somente se justificam, quando se tem ambientes equilibrados e maduros. Em uma sociedade pouco evoluída como a nossa, onde, falta instrução, pois não existe educação de qualidade, saúde precária, moradias sem saneamento, e a falta de políticas públicas capazes que suprirem as mazelas, é necessário a adoção de instrumentos de proteção capazes de buscar o equilíbrio de forças.
Fortalecer apenas o capital não resolve!
A maioria dos trabalhadores, empregados ou desempregados, principalmente das regiões mais carentes, não tem instrução e conhecimento suficientes para entender o que se modifica. Fica então a velha sensação, do que será que vem por ai!! Entretanto, essa sensação passa rapidamente, pois somos obrigados a voltar para a convivência das mazelas sociais que enfrentamos no dia a dia. Modifica-se sob o pretexto da geração de emprego sem a perda de direitos constitucionais, mas não podemos nos enganar, há precarização sim das relações entre capital x trabalho, onde o capital sai fortalecido e o trabalho ainda mais fragilizado.
Ambiente de trabalho
Não há nesta “reforma”, um ponto sequer que trata da melhoria dos ambientes de trabalho, de melhores condições na formação da representatividade do trabalhador ou medidas que visem a melhoria da qualidade de vida do trabalhador. Venhamos e convenhamos, a representatividade trabalhista é tal qual a representatividade política, ou seja, nenhuma, buscam apenas a defesa dos interesses escusos, enfraquece-la ao não tratar da correção de rumos no coração do problema, significa na pratica, a continuidade da dependência pela esperança do bom senso de empresários, que nem sempre entendem a importância de uma relação equilibrada.
Representatividade capenga
As classes sindicais trabalhistas, na sua grande maioria, estão sim adoecendo cada vez mais, sacrifica-las não resolve, é necessário a construção de políticas que estimulem uma melhor formação dos seus representantes, uma renovação permanente de seus líderes e fundamentalmente olhar para as necessidades reais dos trabalhadores, sem se resumir ao simples pagamento de salários. Meus amigos empresários costumam me questionar, “de que lado você está? ”, e minha resposta será sempre a mesma, não existe lado, o capital sempre vai precisar do trabalho e o trabalho sempre vai precisar do capital, portanto, precisamos avançar por uma relação mais equilibrada que nos permita evoluir com sociedade e nos permita uma qualidade de vida melhor pra todos.
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Esta Coluna é publicada às quartas,
quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável:
Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicada no Jornal do Commercio do dia 24.08.2017