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O viés político nocivo

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15/04/2015 15:30

A redução de 95% das verbas não-constitucionais - de acordo com levantamento, do jornal O Globo, do último domingo – repassadas para as capitais em que o prefeito é considerado oposição ao governo, não é um fato isolado da relação do Amazonas com a União federal. Cabe lembrar que Manaus foi escolhida como uma das cidades sede da Copa da FIFA em 2014, e foi vítima das promessas não cumpridas para as providências urbanas constantes do planejamento. Não obstante o ocorrido, Manaus deu demonstração histórica de superação, sendo reconhecida pelos organizadores como a melhor e mais hospitaleira sede entre as participantes. Essa relação truncada no pacto federativo aponta outros danos, entre eles o esvaziamento da Suframa, com perda de autonomia para cumprir os ditames constitucionais, o confisco das verbas de Pesquisa e Desenvolvimento e das Taxas recolhidas pela autarquia junto às empresas da Zona Franca de Manaus, entre outros prejuízos ao interesse público. Estes fatos sugerem uma discussão emergencial e pública sobre os estragos do viés político/eleitoreiro, esta anomalia institucionalizada que precisa ser contida. Por esse critério menor e nocivo, um exemplo marcante é a não confirmação no comando da Suframa de Gustavo Igrejas, cuja escolha reúne o apoio das entidades de classe e representação política local, que se arrasta desde novembro último, adiando definições e providências que comprometem planejamento de ações e, mais uma vez, o resguardo do interesse público.

Sem coordenação


Ainda nessa lógica, um exemplo da falta de sintonia é o caso da bancada parlamentar federal do Amazonas, que passou os quatro anos da legislatura passada sem coordenação nem articulação com os demais estados da Amazônia Ocidental e Legal, optou por não ter coordenação neste ano, por absoluta inviabilidade de entendimento. Assim procedendo, como mobilizar a bancada regional para a defesa da ZFM, dos gargalos logísticos, dos apagões sistemáticos de energia e de comunicação digital, que comprometem a competitividade do modelo, se a bancada estadual não entra em acordo para trabalhar em sintonia pela defesa e sobrevivência do modelo que responde por mais de 80% da economia do Amazonas? Falta altruísmo, falta espírito público... exatamente num momento de extrema dificuldade que se traduz por perda de empregos, redução da atividade econômica e fuga de investidores. Até quando?

Câmara Nipo-Brasileira


Cabe registrar com muita estima, e renovados votos de parceria fecunda, de acordo com a manifestação do presidente do CIEAM, Wilson Périco, a escolha da nova diretoria da Câmara Nipo-Brasileira, confirmada em expediente encaminhado para a entidade na semana passada. A presença nipônica no Amazonas – à parte as teorias antropológicas da presença humana na Amazônia desde as origens demográficas – é anterior ao advento da Zona Franca de Manaus. O desembarque das migrações japonesas é quase centenário e está relacionado à construção da prosperidade e do processo civilizatório da região. Nas origens do modelo ZFM esta presença se fez mais forte nas diversas fases, com destaque aos investimentos industriais que fizeram empinar o setor, desde seus fundamentos. A partir de 2008, o Japão se mantém como maior país investidor estrangeiro da ZFM. Somente no ano passado, segundo dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus, o capital nipônico no PIM superou US$ 2,65 bilhões, de um total de US$ 6,52 bi em investimentos estrangeiros.

De 2008 para cá, o montante total de investimentos realizados por 38 empresas japonesas na indústria local corresponde em média a 40,47%. O capital japonês, numa postura integrada e proativa, está presente hoje em praticamente todos os segmentos do PIM, com destaque para o setor de duas rodas, eletroeletrônico, mecânico, químico, relojoeiro, metalúrgico, termoplástico e de borracha, com gigantes mundiais como Sony, Panasonic, Hitachi, Pioneer, Honda e Yamaha. Mais recentemente, em 2013, foi aprovado o projeto de implantação da maior fabricante de aparelhos de ar-condicionado do mundo no PIM, a Daikin do Amazonas, com investimentos superiores a R$ 250 milhões.

Dever de casa


É extremamente importante registrar mais um avanço do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI AM para prover o modelo industrial de Manaus e, a partir dele, todas as plantas industriais do país relacionadas, com ferramentas de inovação tecnológica, o caminho mais inteligente e eficaz para agregar valor à indústria de transformação e desenvolver alternativas econômicas regionais com a biotecnologia e bionegócios. Na semana passada, foi lançado oficialmente o Laboratório Aberto SENAI de Inovação com a largada do Grand Prix SENAI de Inovação, uma parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Nacional), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O movimento é articulado, e tem presença das empresas e da academia, numa aproximação fecunda e necessária, de acordo com o diretor regional do SENAI, Aldemurpe Barros. “Estamos aqui para realizar a nossa missão, promovendo a educação e a transferência de tecnologias para ampliar alternativas de crescimento profissional para os nossos jovens, melhorar a competitividade da nossa indústria, trabalhar com integração interinstitucional e assim contribuir para o crescimento econômico do nosso estado”.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 15.04.2015

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