13/06/2025 08:28
”Hoje, o Polo Industrial de Manaus abriga cerca de 138 mil empregos diretos (SUFRAMA, 2025) e mantém meio milhão de postos diretos e indiretos na economia regional. Não é exagero dizer que a indústria sustenta Manaus – e grande parte do Amazonas”.
Coluna Follow-Up
Há mais de meio século, a Zona Franca de Manaus (ZFM) foi criada como uma resposta estratégica à ausência histórica do Estado brasileiro na Amazônia. Hoje, diante da persistente desigualdade nacional e dos ataques infundados ao modelo, é preciso recuperar o centro do debate: o Polo Industrial de Manaus (PIM) é uma engrenagem concreta de coesão territorial, integração produtiva e geração de riqueza em uma das regiões mais remotas do país.
Um Instrumento Real de Redução da Desigualdade Regional
Em 1970, a renda per capita de São Paulo era 7 vezes maior que a do Amazonas. Em 2010, essa razão caiu para 1,8. Segundo dados mais recentes do IBGE, a tendência de convergência segue: hoje, a renda per capita paulista é aproximadamente 1,5 vez maior que a do Amazonas. Nenhum outro instrumento de política pública teve esse efeito redistributivo tão relevante ao Norte do país.

Indústria que Gera Riqueza e Fiscaliza Cada Centavo
Hoje, o Polo Industrial de Manaus abriga cerca de 138 mil empregos diretos (SUFRAMA, 2025) e mantém meio milhão de postos diretos e indiretos na economia regional/nacional.
Não é exagero dizer que a indústria sustenta em 85% a economia de Manaus – e grande parte do Amazonas.
Mais do que isso: não é um paraíso fiscal, mas um território de controle e arrecadação rigorosos Segundo a Receita Federal, o Amazonas arrecadou R$ 17,5 bilhões em tributos federais em 2023, e está entre os oito maiores arrecadadores do país. Na região Norte, responde por mais de 50% da arrecadação federal total.
O Mito do “Gasto Tributário”
A crítica recorrente de que a ZFM representa uma “renúncia fiscal bilionária” ignora dois fatos centrais:
- A ZFM é uma política de Estado, prevista na Constituição Federal – não é uma isenção discricionária de governo.
- Os valores dos incentivos vêm caindo ao longo dos anos. Em 2010, a ZFM representava 17% de todos os gastos tributários do país. Hoje, responde por apenas 6,8%, dados FGV de 2018, do total, considerando o que recolhe aos cofres da RFB, enquanto o Sudeste concentra mais de 50% desses valores.
Além disso, cada real investido na ZFM retorna mais de um real em renda regional. O chamado “multiplicador fiscal” do modelo, segundo a FGV, varia de 1,14 a 3,03 — número muito acima da média de outros programas federais, que frequentemente beiram o zero.
Educação, PD&I e Interiorização
A indústria financia 100% da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e repassa anualmente mais de R$ 1,5 bilhão para o Fundo de Interiorização do Desenvolvimento.
Também destina meio bilhão de reais para pequenos negócios e projetos sociais, e investe continuamente em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), com foco crescente em bioeconomia e tecnologia da informação e da comunicação
Segundo os dados da FGV e da RAIS, os trabalhadores industriais do Amazonas possuem escolaridade média semelhante à de São Paulo: cerca de 10 anos de estudo.

E a Floresta?
A contribuição do modelo para a proteção da Amazônia é decisiva. Sua atividade reduz a pressão sobre a floresta e ajuda a conter o desmatamento. Estudos científicos indicam que a existência do Polo Industrial de Manaus diminuiu a pressão sobre a floresta amazônica em cerca de 70% a 77%, evidenciando seu papel na conservação ambiental da região.
Já outros estudos apresentam um impacto no desmatamento como modesto – mas, ainda assim, positivo. A cada 1% de aumento no número de trabalhadores formais na indústria, há uma redução estimada de 0,006% no desmatamento no Estado.
O Estado do Amazonas mantém aproximadamente 95% de sua cobertura vegetal preservada, o que demonstra que é possível conciliar avanço tecnológico e respeito ao meio ambiente, oferecendo alternativas produtivas à pressão por atividades predatórias.
Em suma: a ZFM é parte da solução, não do problema
O Polo Industrial de Manaus serve ao Brasil. Serve para equilibrar o mapa da desigualdade, gerar emprego onde antes havia abandono, arrecadar tributos em uma geografia desafiadora e manter a floresta em pé com economia real. O que precisa mudar não é o modelo – é sua comunicação, expansão e integração ao restante da Amazônia. A ZFM pode e deve ser o núcleo de um novo projeto nacional de desenvolvimento sustentável. E como mostram os dados: funciona.
Fonte: BrasilAmazôniaAgora