20/03/2020 11:14
Wilson Périco(*)
wilson.perico@wlbp-consulting.com
A crise mundial provocada pelo Covid-19, o novo Coronavírus, surpreendeu a todos e nos obrigou a deixar a zona do conforto para assegurar nossa sobrevivência. As lições do evento são bem maiores que seus efeitos e sustos. E o maior antídoto é a promoção da unidade associada à humildade, ingredientes de extrema importância, sempre, principalmente num momento como este.
Precisamos, pois, de espírito público para evitar maiores riscos a vida das pessoas, deixar de lado as diferenças, muitas vezes fabricadas politicamente, para pensar nos problemas que devem nos unir. Esta é uma prova de fogo, um pesadelo universal, que podemos vencer, e vamos vencer, juntos!
Carnaval, axé e talentos
Vamos lembrar que o Brasil foi um dos países onde mais rapidamente se obteve o sequenciamento do genoma do coronavírus Covid-19, ponto de partida das vacinas e dos medicamentos. Em menos de 48 horas, a contar da confirmação do primeiro caso no Brasil, lideradas pela cientista baiana Jaqueline Góes de Jesus, do Instituto de Medicina Tropical da USP, as equipes do Instituto Adolpho Lutz e do Instituto de Medicina Tropical, em cooperação com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, conseguiram decodificar o RNA do vírus. A média em processos desse tipo é de 15 dias. Isso significa que além do Carnaval e do axé, o Brasil tem muito talento, faltam-nos recursos e vontade política e sobram-nos a maior biodiversidade do planeta, 1/5 dos princípios ativos globais habitam na Amazônia. Alguém duvida que os ativos para liquidar o coronavírus estão perdidos na floresta?
A maior província mineral da Terra
E aí vem a questão crucial: por que não pudemos investir nessa direção quando os militares atentaram para a emergência de integrar nossa região ao resto do país nos anos 60 com a criação da ZFM? Ali, quando foi instalado este programa de desenvolvimento regional, e integração nacional, logo tratamos de promover o mapeamento científico de nossas províncias minerais. As maiores do globo terrestre. Era o projeto Radam, de aerofotogrametria, que o visionário Eliezer Batista levou a cabo com decisiva colaboração da Aeronáutica. Em 70 grossos volumes, estão detalhados os acervos incalculáveis de riqueza geológica da Amazônia. Sabe o que o Brasil fez com isso, após a conclusão do levantamento? De concreto e a favor da brasilidade, praticamente nada.
Inventário da biodiversidade
Sequer atentamos para uma recomendação genial de nosso fundador do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, outro visionário e homem público, Mário Expedito Guerreiro: ele queria e, aos 100 anos de idade, ainda hoje insiste em que façamos o levantamento semelhante ao Radam, da biodiversidade Amazônia, onde borbulham as soluções bióticas para as demandas de alimentação integral, da cosmética da eterna juventude e das fórmulas medicinais para a saúde humana. Para além da política pequena, o Amazonas – que, em vez de prejuízo fiscal, é parte substantiva da salvação nacional – se oferece inteiro ao país, para aplicar as riquezas geradas pelo Polo Industrial de Manaus nas descobertas das soluções vitais para a Humanidade, de verdade, sem tardança nem alarde.
(*) Wilson é economista, empresário e presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br