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O papel da Educação na construção da mudança

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27/02/2019 14:22

Todos os debates envolvendo o futuro da sociedade remetem à necessidade da Educação. De que Educação estamos falando? Aquela que nos dispensa a crítica e ensina a executar tarefas, mais conhecida por treinamento, ou aquela que reconhece, atrás das aparências, a afirmação ou desrespeito à dignidade das pessoas, o respeito aos valores, à Lei, define o papel dos gestores públicos e a liberdade e a responsabilidade social do setor produtivo? O gênio Guimarães Rosa costumava dizer: “o animal satisfeito dorme”. Os latinos do Império Romano descreviam com humor a senha do controle social: panis et circencis, pão e circo para acalmar as massas. A obviedade desta afirmação pode esconder a chave para compreendermos o papel da Educação transformadora e a razão de nossa dificuldade em apostar na criação de novas modulações econômicas que nos tornem, progressivamente, independentes dos incentivos fiscais que dão suporte à economia da ZFM.

“O animal satisfeito dorme”

A frase de Guimarães Rosa nos remete à abundância perversa, apenas aquela que marcou o início da ZFM com a movimentação frenética dos brasileiros em direção à Manaus. Numa economia fechada, comprar as bugigangas do capitalismo que a ZFM comercial oferecia não tinha preço. Era tão inebriante a experiência que poucos lembram do Amazonas ou da Amazônia descolada das tais bugigangas. Ninguém se preocupou em construir atrativos coerentes com os mistérios e fascínios da floresta. Foi mais fácil abrir lojas em Miami ou no Canal do Panamá. O mesmo se deu no boom dos eletrônicos e que tais da ZFM industrial, hoje abalada pela insegurança jurídica ou descaso por parte dos cânones liberais. Restaram dívidas de um estádio sem futebol, e de uma ponte bilionária em direção à Terra do Nunca, do Peter Pan, com todo respeito ao Cacau Pirera, Iranduba ou Manacapuru. Faltou o papel da Educação para o exercício da cidadania e formação de eleitores conscientes que superem a educação pão e circo e assumam seu papel de corresponsabilidade na fiscalização dos gestores de plantão.

Formar cidadão ou especializar mão de obra?

Muitas empresas do Polo Industrial de Manaus adotam gestão participativas e compartilham dividendos com seus colaboradores, dando-lhes oportunidades de exercer o protagonismo de resultados. Infelizmente, esta visão de mundo não alcança a absoluta maioria de nossos jovens, por obra e graça de uma educação domesticadora. Quando eles chegam à faculdade se tornam alvo fácil das ideologias totalitárias que chegam ao absurdo de demonizar os mantenedores de sua qualificação acadêmica – os empresários do PIM – no caso dos alunos da Universidade do Estado do Amazonas. E o que é pior. Eles ignoram o papel da Indústria, comércio/serviços e agricultura na movimentação da corrente financeira de geração de riqueza. Ou seja, economia e academia, com pontuais exceções, seguem divorciadas em busca da realização profissional e construção da prosperidade geral. Não interessa ao sistema produtivo uma sociedade transformada em manada. O capitalismo não se consolida na multidão dos esfarrapados, tanto do ponto de vista civil como na ótica educacional. Treinamento é fundamental mas educação crítica e cívica é prerrogativa de cidadãos conscientes e participantes.

Educação, mudança e mercado

Os 8% dos incentivos do bolo fiscal de renúncia do Brasil, utilizados pela Suframa, em toda a Amazônia Ocidental, já foram transformados em resultados como a Universidade Federal do Acre, e um conjunto enorme de empreendimentos para geração de atividade econômica e, especialmente, para financiar projetos de qualificação de recursos humanos que possam transformar ideias em projetos factíveis de criação de novas matrizes de geração de riqueza. O que não pode, é manter um padrão educacional desgrudado da realidade e das nossas vocações de negócios. Só assim, será possível enfrentar as imensas mazelas das desigualdades sociais que persistem e nos fazem pensar mais a fundo, sobre o principal papel da escola para a sociedade, da educação para reduzir a exclusão, nivelar essas desigualdades num patamar de justiça e oportunidades para todos. Na medida que formamos esse paradigma educacional, vamos construir oportunidades iguais de conhecimento e aprendizagem, desenvolver habilidades e propiciar a todos a conquista de seu lugar no mercado de trabalhando, sendo valorizado por ser um profissional diferenciado, que soube aproveitar as oportunidades a ele oferecidas, conquistando, por mérito próprio seu lugar perante o tecido social.

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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicada no Jornal do Commercio do dia 27.02.2019

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