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Coluna do CIEAM

O cenário atual da indústria do Amazonas

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15/06/2016 18:19

Neste dia 8, em atendimento ao convite da coordenação do Curso de Engenharia de Produção, da Escola Superior de Tecnologia – EST da Universidade do Estado do Amazonas – UEA, o presidente do CIEAM, Wilson Périco, proferiu uma palestra/debate com os alunos daquela instituição. Novos tempos, bons sinais de aproximação entre Universidade e Setor Produtivo. O evento ocorreu no âmbito da I Semana de Engenharia de Produção da UEA. O tema foi escolhido reflete um interesse de aproximação vital. Afinal, o mercado de trabalho para estes jovens prioriza a indústria instalada em Manaus, o III PIB industrial do Brasil, onde a força de trabalho ainda é preenchida em parte por profissionais de outras praças. O Brasil possui 519.624 Indústrias, e o Amazonas é o 22º, com apenas 3.302 (0,64%). Está a frente apenas de SE, TO, AC, AP, RR, apesar de ser o 4º em nível escolaridade, atrás de Roraima, São Paulo e Bahia. Há três anos, os alunos da EST fizeram passeata por falta de alguns professores na área de Tecnologia da Comunicação e da Informação. Hoje, firmada a parceria entre as entidades da indústria e a universidade, está lacuna ficou para trás. Com esta aproximação e com interveniência do CIEAM, foram ampliadas as parcerias com a Universidade de São Paulo, e aprovado um Doutorado Interinstitucional para qualificar 22 doutores na área de gestão. Por tudo isso, a palestra, como fator de aproximação da academia com a indústria foi destacada por todos os presentes. Em correspondência da professora Nadja Polyana Felizola Cabete, responsável pelo setor, onde ela agradece ao presidente Wilson Périco, “... a disponibilidade em nos prestigiar com tão rica palestra durante a SEP 2016”, ela relata o retorno dado pelos alunos, “...que está sendo extremamente positivo, na certeza de que, mais do que o conhecimento transmitido, o debate inspirou nossos alunos a se empenhar ainda mais para ser melhores profissionais, e isso não tem preço”. Cabe, ainda, destacar que esta foi uma oportunidade de lembrar que a indústria da Zona Franca de Manaus responde integralmente pela manutenção da UEA, nos 62 municípios do Amazonas onde ela atua, pagando todas as despesas materiais e dos servidores que nela atuam. Aliás, o Amazonas é o único estado da federação onde a universidade estadual é mantida integralmente pela indústria local.

Defesa da ZFM

Esta aproximação, portanto, se insere no desafio de encurtar distância entre universidade e chão de fábrica, tanto na inserção alinhada entre produção e demanda de mão de obra, como a proposição integrada de novas modulações econômicas, mais coerentes com a vocação regional de oportunidades. Os alunos, professores, a opinião pública, infelizmente, estão distantes do cotidiano da economia regional e, diante das ameaças constantes, de intervenção no modelo ou de ataques da mídia do Sudeste, não se observa uma movimentação favorável na defesa da ZFM. Durante a palestra, os alunos mostraram surpresa em relação a alguns dados dos Indicadores Industriais, disponíveis no portal do CIEAM, a saber, o volume de recursos transferidos para o governo federal, mais de 54,42% da riqueza produzida pelo Amazonas e que, além da UEA, as empresas financiam integralmente o CETAM, Centro de Educação Tecnológica do Amazonas, além de recolher mais de R$ 800 milhões/ano para o Turismo e Interiorização do Desenvolvimento e para o Fundo de Pequenas e Médias Empresas do interior, recursos que financiam o Banco do Povo, responsável por mais de 65 mil operações de crédito no interior, financiando pequenos empreendimentos.

As raízes da crise

O presidente do CIEAM, Wilson Périco, tem apontado as razões da baixa Competitividade Industrial, cobrando do poder público federal a retenção de pelo menos 3% da arrecadação de tributos do polo industrial para a infraestrutura de transportes, energia e comunicação. O setor produtivo está fazendo sua parte, e as entidades tem alertado o poder público há alguns anos sobre os gargalos de expansão do crescimento, razão pela qual a indústria vem encolhendo sua atuação e, consequentemente, a contribuição social. Há 11 anos, quando promoveu entre seus associados um levantamento das principais dificuldades para insuflar o crescimento e assegurar a competitividade, o CIEAM tornou público e com dados estatísticos demonstrativos, o gargalo na logística dos transportes, fonte de custos inaceitáveis que inviabilizam a competitividade do setor industrial. Por R$ 300 não dá para pagar o serviço de um motoboy para ir e voltar dos aeroportos de Campinas e Guarulhos (SP) ou mandar uma caixa de Sedex com 5 kg de Manaus a São Paulo. Mas é dinheiro suficiente para pagar o frete de um contêiner com 20 toneladas de produtos da China para o Brasil. O valor do frete marítimo de contêineres entre a Ásia e o Brasil está até 85% mais baixo que o de 2014. É o menor da história da navegação entre os país, segundo o maior operador em atuação, a empresa Maersk. Em Manaus, isso não paga sequer a diária de uma carga que ficou retida no armazém de uma das empresas portuárias, que se beneficiam com a escassez crônicas de fiscal do MAPA para liberar o contêiner. E por que essas mazelas perduram? Por que a questão energética não foi estabilizada, a despeito dos generosos repasses deste modelo ZFM para a União? Por que, apesar de tanta afinidade política da representação parlamentar com o grupo político até bem pouco tempo no poder, fomos excluídos do Plano Nacional de Banda Larga? Isso sem falar na maldição burocrática, que consome recursos, talentos e planilhas de custo. Como competir com tantas forças públicas remando ao contrário? A ZFM está atravessando a maior crise de sua história sobretudo pelo descaso, confisco e inépcia da Republica, com indiferença ou adesão camuflada de setores políticos locais.

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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 15.06.2016

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