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O Amazonas e o PIB do Brasil

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16/05/2014 09:51

Pelo Censo de 2010, o Amazonas comparece com 1,6% no ranking nacional de riquezas, com R$ 59,8 bilhões contra R$ 1,24 trilhão do PIB do estado de São Paulo, a locomotiva da economia nacional, com 33% da produção da riqueza. Esse desempenho do Amazonas tem aumentado sazonalmente, tendo ampliado neste ano por conta da produção de televisores, tablets e smartphones. No fim das contas, porém, este desempenho ainda vai demorar a alcançar os 2% do PIB, sobretudo considerando o encolhimento da economia e o rescaldo industrial pós-Copa da FIFA. Apesar da timidez desse desempenho, ainda é robusta a oposição de alguns segmentos do modelo econômico local e sua continuidade só será assegurada com a prorrogação do modelo, politicamente atrelada a da Lei de Informática que, em última instância, não tem cumprido suas intenções de investir recursos em tecnologia da inovação no setor para reduzir a dependência nacional da caixa preta estrangeira.

Revisão metodológica

Uma acrobacia metodológica, a propósito, para turbinar o desempenho nacional, fez a indústria brasileira crescer o suficiente no ano passando para recuperar toda a perda verificada no ano anterior. A produção industrial, que tinha aumentado apenas 1,2% em 2013 de acordo com a versão anterior da PIM-PF, passou a apresentar uma expansão de 2,3% no período, segundo a nova aferição de indicadores. Os dados melhoraram o Produto Interno Bruto (PIB) de 2013. Pela metodologia e uma nova Classificação Nacional de Atividades Econômicas 2.0 (CNAE 2.0), com mais produtos, mais informantes, mudanças nas atividades e ponderações, saem de cena produtos como tubos de imagem, sal de cozinha, amianto e cortador de grama e passam a ser investigados itens como tablets, biodiesel, revólver e pratos prontos a base de carne (congelados). As linhas de produção de veículos, alimentos e derivados de petróleo ganham peso. Mesmo assim, o Amazonas segue avançando sem ameaçar a desenvoltura produtiva existente.
 
E o Amazonas sem a ZFM ?


E como seria a produção de riqueza do Amazonas sem a Zona Franca de Manaus? Com um comércio pulsante, com geração de empregos diretos que se sobressaem à mão de obra da indústria, a atividade comercial só existe porque tem dinheiro circulando, uma roda na economia que opera a partir da atividade do Polo Industrial de Manaus. O PIB do Amazonas se sustenta e decorre, também, do setor de serviços e da administração pública, uma configuração estrutural e funcional fortemente atrelada à economia da ZFM, portanto só existe por causa do modelo. O único componente do PIB que independe, diretamente, da ZFM é a atividade  agropecuária, tímida e praticamente inexistente se não houvesse moeda em circulação. A atividade agropecuária e extrativa só responde a pouco mais de 2% na produção de alimentos no Amazonas. Quaisquer exercícios de especulação econômica e de cenários de descrição social desembarcariam numa economia informal, predatória e predominantemente influenciada pelo narcotráfico e contrabando. E demandaria um mega-investimento público na militarização de proteção e controle para guardar o patrimônio natural.

Economia às cegas

A metodologia dos indicadores utilizada para descrever uma retomada na produção neste início de ano não foi capaz de mascarar a perda de 0,5% em março em relação a fevereiro, segundo a nova versão da Pesquisa Industrial Mensal: Produção Física (PIM-PF), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  Em março, automóveis, caminhões e máquinas e equipamentos decepcionaram. Mas os aparelhos de TV tiveram um salto na produção graças às encomendas para a Copa do Mundo, na ordem de 51,5% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, o que ajudou a manter o saldo da indústria ainda em território positivo em 2014. O acompanhamento desses indicadores remete ao papel da informação de desempenho da indústria da Zona Franca de Manaus. Para quem já teve um CODEAMA, Comissão do Desenvolvimento Econômico do Estado do Amazonas, uma instância de estudos, sistematização de indicadores, nas diversas áreas da economia do Estado, está na hora de assegurar uma instituição semelhante que possa descrever, organizar e planejar os rumos do adensamento, diversificação, interiorização e integração do modelo à economia nacional. Cabe acalentar a ideia, recursos a indústria recolhe em várias contribuições, de um instituto como o IBRE, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE), que se dedica há mais de seis décadas para a produção e divulgação de estatísticas macroeconômicas e pesquisas econômicas aplicadas. O IBRE, pioneiro no cálculo do PIB brasileiro, criou ainda o IGP, Índice Geral de Preços, que durante muitos anos foi o índice oficial da inflação. Precisamos da excelência de um quadro técnico para análises e debates dos temas mais relevantes para a economia regional e sua integração nacional. Índices de preço, sondagens de tendência e ciclos de negócio, indicadores para defender e consolidar ações e projeções para a ZFM, garantida sua prorrogação.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes.  cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 16.05.2014

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