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Novamed – trilhas e desafios

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27/08/2014 13:34

Após quase 5 anos de expectativas, vetos velados ou explícitos para a liberação do PPB - o licenciamento formal para o início da produção - a Novamed está instalada e produzindo em Manaus. Com ela, se instala ainda o Grupo NC, do qual faz parte a EMS - uma das principais empresas do mercado farmacêutico brasileiro. A inauguração da unidade fabril se deu nesta segunda-feira: uma fábrica de medicamentos sólidos, a primeira da Zona Franca de Manaus, por mais ilógico que pareça à luz da vocação desta região em oferecer seu banco de biologia molecular, o mais complexo e diversificado do planeta. O investimento aportado é substantivo, na ordem de R$ 385 milhões e a capacidade produtiva é de 1,5 bilhão de comprimidos por mês. De acordo com o presidente do Conselho de Administração do Grupo NC, Carlos Sanchez, a Novamed possibilitará o aumento da capacidade de produção de medicamentos em território nacional, contribuindo para a redução da dependência brasileira de importações. A planta industrial de Manaus vai produzir medicamentos para os outros laboratórios do grupo, com perspectiva no curto prazo de dobrar a capacidade atual. Os ativos farmacêuticos, composto pelas empresas EMS, Germed, Legrand e Novamed, além de CPM e Natures, está agora sob o guarda-chuva do NC Farma. A EMS, que era a holding para as empresas do grupo, tem sob seu controle ainda a Brace Pharma, sediada Maryland, nos EUA. A Brace é o braço internacional da farmacêutica, que recentemente anunciou duas parcerias - uma com o laboratório francês BioAlliance e o outro com a Iroko Pharmaceutical, dos EUA, para licenciamento de medicamentos inovadores para serem comercializados no Brasil.

Política industrial virtual


O projeto da Novamed aguardava o avanço de outra iniciativa, a BioBrasil, com a participação de laboratórios nacionais como o Aché, União Química e a companhia Hypermarcas. Essa é uma das prováveis explicações para o embargo de gaveta que padeceu junto ao GT-PPB, o Grupo de Trabalho do MCTI e MDIC, que definem os rumos de uma política industrial virtual. A ideia até 2012, era criar a “superfarmacêutica brasileira”, com apoio financeiro do BNDESPar, braço de participações do BNDES. As quatro empresas formariam uma joint venture para a criação do laboratório, que será voltado a medicamentos biológicos (desenvolvidos a partir de células vivas). A BioBrasil contava com um aporte de capital de R$ 400 milhões, dos quais metade será financiada pelo BNDES e o restante, pelas quatro companhias. A superfarmacêutica aguardava a definição dos estados do Rio de Janeiro, Bahia e Santa Catarina que estavam na disputa para abrigar a nova farmacêutica. A criação de uma superfarmacêutica pretendia reduzir o déficit da balança da saúde, hoje em torno de US$ 11 bilhões, e quer criar um laboratório capaz de competir com as multinacionais em inovação.

Diversificação de mercado


Outro fator relevante desta alvissareira iniciativa - que enseja uma movimentação de Brasília na direção de amadurecer a inserção da ZFM no sumário da futura, desejável e necessária política industrial, ambiental e de ciência, tecnologia e inovação do país – é o anúncio da diversificação do Grupo NC, com a inclusão da NC Farma, a NC Invest, que buscará novos investimentos, e a NC Par, de acordo com as notícias do setor. Nesta serão agregadas empresas na qual o grupo já tem participação acionária, caso da Bionovis, joint venture entre EMS, Aché, Hypermarcas e União Química para produzir biossimilares. Os negócios de incorporação imobiliária ficam a cargo da ACS. A companhia faz parte de um dos consórcios que foram formados para participar da licitação da Rodovia Nova Tamoios, que liga o Vale do Paraíba ao litoral norte paulista. Quem ganhar a licitação vai ser responsável pelo gerenciamento de toda a rodovia durante 30 anos e responsável por sua duplicação no trecho de serra.

Coragem e inovação


Veículos como Valor, Estadão e Exame acompanham de perto o fato relevante da ZFM após a promulgação da prorrogação de seus incentivos. Até agora, nenhuma empresa brasileira havia se aventurado a competir com as multinacionais em escala global. E mais: o fato do Carlos Sanchez, abrir mão do projeto BioBrasil e bancar a configuração industrial que se descortina com a planta de Manaus, vai ainda dar muita pauta e pano para diversas mangas. É importante destacar que a origem deste grupo farmacêutico, a EMS, com sede em Hortolândia, no interior de São Paulo, representa outro diferencial. Líder nacional na produção de medicamentos genéricos, Sanchez montou um quartel general na cidade de Rockville, a poucos quilômetros da capital americana, Washington. É lá, perto do gigantesco complexo governamental de pesquisas farmacêuticas National Institutes of Health, onde são investidos 30 bilhões de dólares por ano em novas drogas, que desde julho funciona a Brace Pharma, a qual se reporta a Novamed diretamente, primeira etapa do sonho americano de Sanchez. É o peso do investimento em C&T&I. É curioso e vale um registro, que o austríaco Vincenz Plorer, executivo responsável pela condução dos avanços em inovação, veio da Novartis, a empresa que antecedeu – há 13 anos – NC para transformar fungos e bactérias da flora amazônica em produtos e soluções de saúde e novos negócios na floresta. A esperança é uma criança. O comitê científico responsável por identificar novos negócios tem nomes como o cientista austríaco Eric Kandel, ganhador do Nobel de Medicina em 2000.

FUCAPI - Laboratórios

A palavra é eloquente e está ligada ao trabalho. Labor, em latim. Os romanos adotaram o lema e, desde então, todas as instituições ligadas à pesquisa e à manufatura, seguiram o paradigma. Omnia vincit labor. O trabalho vence tudo. Este é o mote da Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi), ao inaugurar na próxima quinta-feira, 28/08, às 8h, Av. Gov. Danilo Areosa, 381, o Laboratório de Mecânica, num complexo de 717 metros quadrados, composto pelo salão de máquinas e equipamentos, sala de aula e laboratório de Desenho e Metrologia, com atendimento inicial em setembro próximo para 300 alunos dos cursos técnicos oferecidos pela instituição. Engenharia Mecânica em todos os cursos técnicos e cursos de extensão em parceria com indústrias em três turnos. Trata-se de resposta a uma demanda urgente do Polo Industrial, diz o diretor Niomar Pimenta, sobretudo no setor naval, polo de duas rodas, setor metalúrgico, dentre outros. O evento será ainda marcado pela assinatura do termo de financiamento para a construção do Campus II da Faculdade Fucapi, localizado no mesmo endereço. Para a diretora-geral da instituição, Isa Assef, esta parceria com o Basa, Banco da Amazônia, envolvendo R$ 13 milhões, representa mais uma aposta na qualificação dos recursos humanos e na inovação tecnológica.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 27.08.2014

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