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Moysés Israel, 90 anos, a força motriz

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13/02/2014 07:34

Moysés Benarrós Israel nasceu no dia 10 de fevereiro de 1924, em Manaus, filho de Salomão Benarrós Israel e Carlota Benayon Israel, nascidos em Belém do Pará. Começou a trabalhar aos onze anos de idade como mensageiro, na empresa I.B. Sabbá e Cia Ltda, de propriedade de seu tio, Isaac Benayon Sabbá. Aluno destacado desta escola de empreendedorismo que Sabbá representa, Moysés estará presente em todas as grandes iniciativas de promoção do progresso e da prosperidade social no Amazonas. Sem alarde, por força de sua simplicidade e recato, sua trajetória empresta uma contribuição robusta e excepcional na construção do processo do desenvolvimento regional amazônico. É um pioneiro tenaz, de visão holística e de uma singular habilidade para mobilizar atores e estratégias na busca do bem comum, da promoção das pessoas, da educação dos jovens e no cultivo das virtudes e princípios da comunhão social.
 
Os negócios da floresta

Estudioso das coisas da Amazônia, conhece como ninguém as demandas, as potencialidades e alternativas de novos negócios a partir da imensidade do patrimônio natural. Aos 20 anos, era encarregado por Isaac Benayon Sabbá de viajar aos Estados Unidos para identificar parceiros dos negócios da floresta, abrindo mercado para resinas, fibras, óleos medicinais, cosméticos, couros, madeira, fibras e frutos regionais, especialmente a castanha, do Pará, do Brasil, do Purus, não importa. O desafio era vencer a estagnação imposta pela quebra do Ciclo da Borracha, e atraindo investidores para a região. O saudoso economista Raimar Aguiar o chamava de Força Motriz dos empreendimentos pioneiros que foram desembarcar na construção da Refinaria de Manaus.
 
Visionário e empreendedor

Um pioneiro no sentido mais visionário e empreendedor do termo, pois pensou longe e grande, imenso como seu Amazonas. Sempre esteve adiante de seu tempo, inserido nas realizações e movimentações para sair da poesia dos recursos naturais para o fomento e diversificação de atividades que fazem da potencialidade natural prosperidade econômica e social, sempre alertando para a proteção ambiental e a recomposição dos estoques naturais. Arauto do uso inteligente dos produtos florestais, do manejo da fauna, da flora e dos recursos minerais, numa economia marcada pelo extrativismo que repõe e beneficia para agregar valor, na perspectiva agroindustrial e no atendimento das demandas locais e globais.

 
Emprego e renda

O grupo empresarial Isaac Sabbá, onde Moysés Israel atuava como Força Motriz, gerava, segundo Raimar Aguiar, 10.000 empregos diretos e indiretos na capital e 25.000 ao longo da cadeia produtiva que se estendia para o interior do Estado, vinculados a mais de 40 empresas, num diversificado leque de atividades, com ênfase no aproveitamento das potencialidades naturais da região. Um dos símbolos dessa grandiosa epopeia traz a marca da construção da refinaria de Petróleo de Manaus – (Copam), nos idos de 1953-1956, numa cidade em que inexistia mão-de-obra especializada nesse ofício, não havia um guincho sequer para soerguer as torres, nem os mínimos equipamentos necessários, existentes na construção civil de hoje.
 
Elegância e decência

A construção aconteceu basicamente com a utilização da força humana, pás, picaretas e carrinhos de mão. Até então, os derivados de petróleo, de cuja qualidade e preço todos reclamavam, vinham do Peru. Com a Refinaria, Manaus vira referência nacional de empreendedorismo e o Grupo I.B. Sabbá, unanimidade e respeito internacional de pioneirismo e obstinação. Resgatar a experiência de vida de Moysés Israel no Amazonas desperta saudosas lembranças para as gerações mais adultas e recomenda referenciais de conduta para as novas gerações, dentro das regras de dignidade e conduta marcada pela elegância dos lordes e a decência dos sábios. Um paradigma do empreendedorismo na floresta e das comprovações inequívocas de que vale a pena apostar nas promessas de prosperidade e equidade social a partir do bioma amazônico.
 
Sociedade fraterna

Em seu relato para o Memorial de Petrônio Augusto Pinheiro, ele retoma a memória dos grandes empreendedores dos anos 50, em diante, após a segunda debacle do Ciclo da Borracha, que as razões estratégicas da II Guerra Mundial quase nos fizeram emplacar. E recomenda visitar, ao lado deles, remanescentes dessa época, os esforços para viabilizar os negócios da floresta, antes do advento da Zona Franca de Manaus. Uma luta teimosa e, de tão profícua, atual. Ele estava lá, na fundação da Fieam, do Sesi, na Escola de Pais, fundada nos princípios evangélicos e bíblico, desde a caminhada do povo  hebreu, como ele, recolhendo os elementos constitutivos de uma sociedade fraterna, solidária, ética e guerreira. Sem alarde, Moysés se posta na linha de frente, com a prerrogativa de quem pode apontar caminhos. Seus ensinamentos estão aí, disponíveis a todos que quiserem entender que esta história teve a participação decisiva de heróis extremamente recatados, especialistas, porém, em obstinação e fé nas promessas da floresta.
 
"Leiam Samuel Benchimol!"

"Temos mais petróleo e gás na Amazônia do que as perspectivas mais otimistas possam estimar", diz com convicção e olhar brilhante de vaidade amazônica e satisfação nativa. Seu semblante, porém, se exalta quando ouve falar da ideologia de "manter a floresta em pé". Se isso significa ignorar o fator humano, para ele, é pura enganação, além de absoluta falta de respeito às pessoas que habitam a imensidão dessas potencialidades em condições socioeconômicas humilhantes. "Quem precisa se manter em pé e dignamente são as pessoas, e assim elas podem cuidar da floresta e dela extrair seu sustento com sabedoria".  Instado a aconselhar os mais jovens, ele recomenda insistentemente que "...é preciso, apenas, motivar nossa juventude para apropriar-se do conhecimento amazônico. E para isso eles precisam ler os livros de Samuel Benchimol... ali estão as lições e informações de que precisamos para avançar e começar um ciclo de prosperidade na região".
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes.  cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 13.02.2014

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