16/06/2021 11:17
Fonte: Brasil Amazônia Agora
Por Antonio Silva
presidente da FIEAM e vice-presidente da CNI
Manaus acolheu, nesta terça-feira, 15 de junho, entre tantos sobressaltos cotidianos, a boa notícia mais entusiasmante do momento, o lançamento do Instituto Amazônia +21, um programa de desenvolvimento regional proposto pelo setor privado da região, sob a responsabilidade das entidades locais e nacionais da indústria, tendo à frente a juventude e a determinação do líder empresarial, Marcelo Thomé da Silva de Almeida, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia, que apresentou os detalhes para a comunidade Manaó. Vocações econômicas, sob o crivo da sustentabilidade ambiental e geração de riquezas, com recursos gerados na Amazônia e pelos empreendedores que atuam sob a convicção da compatibilidade entre economia e ecologia.
Protagonismo do setor produtivo
O momento se reveste de uma importância histórica singular pois celebra o protagonismo de quem produz riqueza e propõe paradigmas de sustentabilidade e de prosperidade para o futuro da Amazônia. O mesmo que nos move há 54 anos com o programa Zona Franca de Manaus, de ações e contradições nesta interação entre o Brasil e sua maior parcela, a Amazônia, a mais desconhecida e, em múltiplos sentidos, a mais promissora. Nada contra o protagonismo gestor do setor público, muito pelo contrário. Para nós empresários, manter um canal aberto de discussão e de avaliação de resultados com a ação pública é o melhor dos mundos. Tão importante quanto, na instalação deste Instituto, trazermos para a sociedade a metodologia e os frutos dos bons investimentos que aqui fazemos. Investimentos que se caracterizam pelo melhor resultado, na ótica socioeconômica e ambiental, e com mais baixo custo. Isto é, nossos empreendimentos combatem o desperdício e priorizam a otimização de despesas para diversificação dos benefícios. Este protocolo está a disposição para as ações compartilhadas que podemos avançar na defesa do interesse civil.
Pioneiros e empreendedores
Permitam- me contar uma história. Manaus, década de 70, copa da FIFA no México, Brasil foi campeão como uma das seleções mais aguerridas da história. Três pioneiros e empreendedores de mão cheia, Antônio Andrade Simões, Petrônio Augusto Pinheiro e Osmar Alves Pacífico, nativos de carteirinha e brasileiros de militância, com a chancela de uma trajetória aguerrida, convencem a Coca-cola Corporation a fincar acampamento na região. Naquela ocasião, a produção do xarope do refrigerante ainda não ocorria em Manaus e, por muito tempo, foi trazida de caminhão para a nova fábrica, a partir do Rio de Janeiro. Por alguns anos, antes da verticalização industrial da Zona Franca de Manaus, isso se dava em três dias, através da rodovia BR-319. Entre outras conquistas, a vontade política daquele momento contemplou o direito inalienável e constitucional de ir e vir. Como deixar tanto tempo nossa gente tão isolada? Não havia devastação nem queimadas e, com o passar do tempo, com a extensão rodoviária do Amazonas até o Caribe, com a BR-174, vigiada pelos índios Waimiri-Atroari, ficou provado que é possível proteger a floresta e assegurar seu desenvolvimento com equilíbrio e responsabilidade civil. Como lembra o companheiro Wilson Périco, "...nossos irmãos índios foram competentes para evitar a destruição ambiental. Nossas forças militares também serão. Temos certeza".
O que representa este fato?
Antes de mais nada a história reafirma o talento empreendedor de nossa gente, sua vocação para a modernidade e prosperidade social. As ações, mais do que discursos e narrativas eloquentes, se pautavam pelo respeito ao meio ambiente e prioridade civil. O poder público, como poucas vezes, foi capaz de abraçar uma causa vital para a região. Sem este abraço onde estaríamos a essa altura. O abraço significou a chancela de um programa que redesenhou a paisagem humana e o perfil econômico da região. Infelizmente, os que vieram depois não foram capazes de entender a conjugação do verbo abraçar e seu sucedâneo de trabalhar em mutirão.
Irradiação regional de oportunidades
Nas últimas décadas, as pressões políticas de quem não entendeu o sentido de nossa compensação fiscal , os confiscos crescentes da riqueza que aqui deveria ser aplicada, se transformaram em vetos da diversificação comercial e industrial de Manaus, fator de irradiação regional de oportunidades. Se colocaram contra o adensamento de nossa economia e deixaram pelo caminho o fato relevante de um dia o Brasil ter abraçado suas matas, certamente, a fonte sustentável de sua viabilidade de desfilar entre as grandes nações desta civilização.
Guarda e zelo do bioma
A iniciativa de criação do Instituto Amazônia 2021, abraçada pela CNI - Confederação Nacional da Indústria e do Comércio, CNC, e entidades do comércio e indústria da região, ninguém poderá mais nos impingir vetos e lições de guarda e zelo deste bioma. E o que tudo isso significa do ponto de vista do setor produtivo, senão um um alento na perspectiva de intervenção ousada na Amazônia a partir da própria Amazônia. O programa reúne um trabalho silencioso e fecundo de atores que - há muito produzem saídas e riqueza para a região-juntamente com todos os envolvidos e compromissados com esta esfinge. São atores que buscam amá-la para conhecê-la no esplendor de seus serviços, a grandeza de seus impactos e de suas infinitas oportunidades.
(*) Antonio é administrador de empresas, empresário, presidente da Federação das Indústrias do estado do Amazonas e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria.
*esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes, cieam@cieam.com.br