09/01/2025 16:19
“No entanto, é decisivo que os recursos gerados pelo Polo Industrial de Manaus sejam revertidos para a própria região amazônica, priorizando investimentos em infraestrutura, bioeconomia e inovação tecnológica, beneficiando diretamente a população local.”
Por Lúcio Flávio Morais de Oliveira, Saleh Hamdeh e Alfredo Lopes – Coluna follow-up 08.01.2025
A Zona Franca de Manaus (ZFM) foi reconhecida pelo Congresso Nacional do Brasil muito mais que um modelo econômico de incentivo fiscal: a rigor, sua presença no cenário econômico, industrial e socioambiental é de uma estratégia de preservação ambiental e desenvolvimento social que mantém a Amazônia de pé, gera milhares de empregos e contribui diretamente para a economia nacional. No entanto, para que essa realidade seja sustentada e ampliada, é imprescindível que a sociedade local e regional compreenda profundamente o papel da ZFM e se una em sua defesa e evolução.
A Reforma Tributária, passados 40 anos de debates e protelação, é uma conquista irreversível. E, embora tenha preservado a Zona Franca, exige de todos um novo nível de mobilização e articulação para garantir que seus benefícios cheguem a todos os habitantes do Amazonas e da Amazônia Ocidental e Oriental, preferencialmente. Isso inclui não apenas a manutenção dos incentivos fiscais, mas também a transformação dos recursos arrecadados pelo Polo Industrial de Manaus (PIM) em projetos de infraestrutura, inovação tecnológica e bioeconomia que impactem positivamente a região.
Desafios e Caminhos para Mobilizar a Sociedade
A defesa da ZFM enfrenta desafios históricos, entre eles o preconceito contra os modelos de incentivos fiscais e a falta de entendimento sobre a importância do Amazonas para a sustentabilidade do planeta. Superar essas barreiras exige estratégias integradas que unam educação, comunicação e ação política.
Educação e Conscientização Regional - É essencial que a população do Amazonas e da Amazônia compreenda o papel estratégico da ZFM na economia nacional e na preservação ambiental. Para isso, propomos uma campanha educativa ampla e contínua que inclua:
•Workshops e seminários em escolas, universidades e comunidades locais, explicando como o modelo gera empregos, promove inovação e preserva a floresta.
•Materiais didáticos e campanhas audiovisuais que desmistifiquem preconceitos e apresentem o impacto positivo da ZFM na vida das pessoas.
•Plataformas digitais interativas, como um portal específico da ZFM, para centralizar informações confiáveis e atrair o interesse de jovens e empreendedores.
Mobilização/Articulação Regional: Desafio Parlamentar
Os gráficos aqui apresentados fazem parte do PEA - Painel da Economia do Amazonas, indicadores elaborados pelo CIEAM – e destacam o faturamento crescente do Polo Industrial de Manaus (PIM), atingindo em 2024 uma estimativa de R$ 201,3 bilhões (aproximadamente US$ 38,1 bilhões).
Este desempenho econômico coloca o faturamento do PIM em um patamar comparável ao PIB de países latino-americanos como Paraguai (US$ 38 bilhões), El Salvador (US$ 27 bilhões) e Honduras (US$ 25 bilhões). Esses números reforçam o papel estratégico do PIM como motor econômico da Amazônia, gerador de empregos e sustentação da floresta em pé.
No entanto, é decisivo que os recursos gerados pelo Polo Industrial de Manaus sejam revertidos para a própria região amazônica, priorizando investimentos em infraestrutura, bioeconomia e inovação tecnológica, beneficiando diretamente a população local. Essa é uma reivindicação justa e necessária, considerando os desafios enfrentados pela região e sua importância ambiental e econômica para o Brasil e o mundo.
Os parlamentares da Amazônia têm, pois, a responsabilidade de garantir que a riqueza gerada pelo PIM seja um instrumento de desenvolvimento sustentável, fortalecendo políticas públicas e projetos que impactem positivamente as comunidades locais. Esse é um direito da população amazônida e uma estratégia vital para o futuro da região e do planeta.
A integração entre os estados amazônicos é uma prioridade para consolidar a força política necessária em Brasília. Nossa bancada federal, composta por representantes da Amazônia Ocidental e Oriental, atuando de forma coesa, vão:
•Garantir o repasse de uma parcela significativa dos recursos arrecadados pelo PIM para infraestrutura competitiva e investimentos em bioeconomia.
•Promover projetos integrados que fortaleçam cadeias produtivas regionais, como a exploração sustentável de bioativos e tecnologias verdes.
•Inserir a Amazônia em agendas internacionais, como a COP 30, destacando a ZFM como exemplo de desenvolvimento sustentável.
Fortalecimento do Programa de Bioeconomia
A bioeconomia representa o futuro da Amazônia e a oportunidade de aliar preservação ambiental a geração de riqueza. Para que a Zona Franca da Bioeconomia (ZFB) do Pará se torne uma realidade, é crucial:
•Atração de investidores nacionais e internacionais para projetos de biotecnologia e inovação.
•Parcerias entre o setor público, privado e acadêmico, ampliando a pesquisa e o desenvolvimento de produtos amazônicos de alto valor agregado.
•Fomento de pequenos e médios negócios em comunidades locais, garantindo a inclusão social e a distribuição de renda.
O Papel da Sociedade na Defesa da ZFM
A ZFM é um patrimônio de todos os amazônidas, e sua preservação depende do engajamento coletivo. É necessário que a população local e regional:
•Apoie iniciativas de comunicação e transparência sobre o modelo ZFM.
•Participe ativamente de debates e consultas públicas que envolvam o futuro da Amazônia.
•Valorize os produtos regionais e as práticas sustentáveis, fortalecendo o mercado local.
Para isso, precisamos contar com a participação de lideranças comunitárias, empresários, educadores, jovens e todos os segmentos da sociedade. A união entre a Amazônia Ocidental e Oriental é crucial para consolidar uma visão comum de progresso que respeite a floresta e melhore a qualidade de vida de seus habitantes.
Um Compromisso com o Futuro da Amazônia
A preservação e o fortalecimento da Zona Franca de Manaus não são apenas uma questão econômica, mas um compromisso com o futuro da Amazônia e do Brasil. A sociedade local e regional desempenha um papel central nessa luta, ao reconhecer o valor estratégico do modelo e exigir que os recursos gerados na região sejam reinvestidos para benefício de todos.
Essa é uma conquista que depende de esforço coletivo, inteligência política e fé na capacidade de adaptação da Amazônia. Juntos, podemos transformar a ZFM em um símbolo ainda mais forte de desenvolvimento sustentável e equidade social.
Que essa luta seja permanente, e que o legado da ZFM inspire as futuras gerações a construir uma Amazônia próspera, unida e preservada.
(*) Lúcio Flávio Morais de Oliveira é Presidente Executivo do CIEAM.
Saleh Hamdeh - Observatório da Zona Franca de Manaus em Brasília.
Alfredo Lopes - Portal Brasil Amazônia Agora
(*) Coluna follow-up - sob a responsabilidade do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, e coordenação editorial de Alfredo Lopes, é publicada as quartas, quintas e sextas-feiras no Jor-nad do Commercio do Amazonas e no portal BrasilAmazôniaAgora.com.br