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Coluna do CIEAM

Indicadores da desatenção

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21/05/2014 10:43

Visando atualizar a Nota Técnica, preparada conjuntamente pelas entidades e setor púbico, Suframa, Sefaz e Seplan, há mais de um ano, no debate da Reforma Fiscal, algumas informações, compiladas e analisadas sob a ótica da comparação com outros modelos incentivados com renúncia fiscal, acabaram surpreendendo os próprios responsáveis pela tarefa. Uma delas diz respeito ao emprego. Os adversários deste modelo, criado para reduzir as desigualdades regionais, acusam a ZFM de consumir o volume de R$ 23 bilhões/ano para gerar 120 mil empregos diretos. E é este o indicador mais badalado pela Suframa na sua prestação anual de contas. A rigor, houvesse mais acuidade e atenção em torno dos resultados consignados nos últimos anos - a despeito das restrições de infraestrutura na logística dos transportes, de comunicação precária, dos apagões quase diários de energia e de uma burocracia emperrada e claudicante - o modelo ZFM revelou-se eficaz, além de mecanismo de redução das desigualdades regionais, de preservação da floresta, na geração de mais de 600 mil empregos diretos no Estado e milhares na região e no restante do país. Surpresa semelhante foi constatar que o setor produtivo local em comparação com a indústria nacional – diferentemente do que lhe é cobrado – produz mais agregação de valor.
 
Manaus desconhece Manaus

Entre outras deduções, resultantes da descrição e análise dos dados colhidos no portal da Receita, IBGE e Fazenda estadual para apresentar o perfil do modelo, ficou claro que a economia da ZFM é uma ilustre desconhecida. Padecemos de uma leitura mais acurada de dados históricos e cotidianos que traduzem aquilo que efetivamente acontece e padece de interpretação, planejamento, eventuais correções e comparações decisivas para programar a integração com a almejada política industrial brasileira e demais setores da pesquisa e desenvolvimento, e do enfrentamento dos desafios de sustentabilidade. São 129 mil trabalhadores nas fábricas, entretanto, ao descrever a trajetória da cadeia produtiva de cada item até o mercado, onde o consumidor final adquire a marca ZFM, a geração de empregos certamente surpreenderá atores e desafetos da economia indústria aqui implantada. Ou seja, Manaus desconhece o que faz Manaus e o alcance dessa atribuição.
 
Indústria do conhecimento

Historicamente reativo – só busca demonstrar sua eficácia quando colocado em questão por seus desafetos – a economia da ZFM não pode mais abrir mão de especialistas para promover estudos aprofundados, levados a efeito por profissionais que atuam e conhecem a região, sua história e a densidade do trabalho de seus atores para promover um paradigma bem sucedido de desenvolvimento. E a partir desses estudos, seguir os caminhos seguros da correção de pontuais distorções e equívocos de expansão e desenvolvimento econômico e social. Sequer, hoje, podemos descrever com exatidão o perfil da estrutura produtiva atual, os indicadores de cada segmento, custos incorridos e as expectativas não atendidas. É a indústria do conhecimento na compreensão de todas as fases da cadeia produtiva real e potencial.
 
Direcionamento estratégico

Estão sendo debatidos/detalhados os itens do acordo de cooperação entre a Universidade do Estado do Amazonas e as entidades representativas da economia local. Com a respeitabilidade da pesquisa, do ensino e aprendizagem acadêmica, focada no cotidiano produtivo da ZFM será mais fácil identificar os avanços e gargalos da competitividade, da viabilidade e articulação do adensamento e interiorização dos estabelecimentos produtivos e seus propósitos na perspectiva de integração na política industrial nacional. Avançar no conhecimento desses estudos é aprofundar o conhecimento das premissas de aperfeiçoamento e ampliação da competividade e fortalecimento do modelo ZFM. Todos os estados que avançaram seus processos produtivos o fizeram passo a passo na integração entre academia e economia. A ZFM só pode apontar um direcionamento estratégico nacional específico para cada área em que atua, se tiver perfilado sua indústria, suas demandas e alternativas de diversificação. Assegurada essa sistematização de desempenho ficará natural e necessário assegurar sinergia e harmonia entre a ZFM e produtores de outras regiões do país.
 
Entre o saber e o fazer

É curioso, e de certo ponto de vista surpreendente, observar que o governo federal perde a chance de divulgar sua presença atuante, comprometida e eficaz através do fortalecimento institucional da Suframa. Passados 47 anos do modelo, com um acervo de acertos e de tantas propostas e projetos aventados e arquivados e outros em andamento com acertos excepcionais, a União dispõe de todos os mecanismos para dizer com tranquilidade e vaidade que foi capaz de iniciar o processo de integração da Amazônia, 2/3 do território nacional, a partir da ZFM. Bastaria convocar seus demais braços federativos a corrigir os descaminhos inevitáveis que a iniciativa acabou gerando.  Fortalecer a Suframa na magnitude de suas atribuições de agência de promoção de desenvolvimento sub-regional significa avalizar suas funções, respeitar e referendar as decisões de seu Conselho gestor, onde o poder central e a representação se encontram para fazer brotar e propagar os benefícios dessa promissora equação entre o saber e o fazer, mediatizados pelos direitos e necessidades de cada um dos segmentos e dos grupos humanos que aqui vivem e trabalham. Meditar sobre a ZFM, em clima deste debate que aguarda o desfecho de sua paternidade eleitoral, estudar seu perfil integral, é passo decisivo de sua consolidação e autonomia crescente de sua configuração institucional.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do Centro da Indústria do Estado do Amazonas. Editor responsável: Alfredo MR Lopes.  cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 21.05.2014

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