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30/04/2014 09:55

Há um clima de desassossego jurídico, econômico e político rondando o imaginário e a racionalidade do planejamento de cidadãos e empreendedores. Todo o esforço histórico de projetar o Brasil na disputa de um lugar entre as civilizações desenvolvidas – e o Amazonas integrado no sumário da socioeconomia nacional – esbarra em obstáculos muitas vezes prosaicos, de vaidades politicas, arrogância gerencial, e dificuldades de definir o arcabouço legal que dará segurança para empreender e planejar um novo amanhã. A economia se amofina por conta da recusa de seus ordenadores em abrir o debate sobre as alternativas viáveis de enfrentamento das adversidades, pela exclusão de propostas de outros atores que não aqueles aferrados ao poder e pela falta de humildade de reconhecer o erro na primeira do plural. Daí o embate político e a dificuldade jurídica de respaldar uma nova ordem que seja transparente, proativa e criativa para assegurar crescimento com distribuição de oportunidades de que o país precisa.  Há um consenso em torno do impasse sobre a prorrogação da Zona Franca de Manaus, exatamente pela incapacidade de combinação desses três fatores. A recusa de conceder a prorrogação dos incentivos da Lei de Informática atrelada aos 50 anos da ZFM por parte da área econômica, e condicionada ao calendário do interesse eleitoral e os sobressaltos econômicos vão jogar para as calendas o segundo turno da votação no Congresso.
 
Premissas estratégicas

Enquanto não desabrocha a primavera, cumpre seguir pontuando a avaliação do modelo para priorizar as premissas da prorrogação, e dos compromissos que competem aos atores locais envolvidos na dinâmica produtiva do modelo ZFM. E aqui cabe pautar mais uma vez esta premissa estratégica: o gargalo da Educação, condição essencial na luta para inserir o país na galeria das nações civilizadas, aqui entendida como combinação harmoniosa entre crescimento econômico e prosperidade social.  Civilização supõe distribuição e acesso a oportunidades, num regime de transparência com instituições do Estado de Direito fortalecidas. Todos sabemos que este objetivo só é viável na medida em que priorizarmos a educação. Resta saber por que temos derrapado com frequência crescente na construção destes objetivos. Por que o processo educacional do Brasil está colocado na rabeira do constrangimento entre as nações, mesmo aquelas que investem muito menos recursos do que o Brasil na área de ensino.
 
Qualificação técnica e cívica

É simplista a acusação que responsabiliza exclusivamente os gestores públicos. É claro que eles refletem a percepção vesga do problema vigente no contexto geral da sociedade, tanto atual como no enfrentamento histórico desta questão desde as raízes coloniais e monárquicas. O fato é que ainda não amadureceu a vontade politica para enfrentar a questão, aqui entendida como uma decisão dos gestores públicos referendada e viabilizada pelo estofo da adesão popular. Num país em que o analfabetismo cresceu em determinadas regiões, dá para imaginar a complexidade e a amplitude desse desafio.  As redes sociais, a comunicação digital e a facilidade a acesso instantâneo de conteúdos são fatores que precisam orientar os esforços de enfrentamento do problema, para tanto, os gestores precisam mudar atitudes e atualizar conteúdos e posturas. Daí a urgência de rever o sentido da competitividade da economia nacional e regional. Rever conteúdos e estratégias locais de ensino é uma imposição inadiável para definir os novos rumos da economia da ZFM. Como priorizar a inauguração de Novas Matrizes Econômicas sem definir o papel da educação e da consequente qualificação técnica dos recursos humanos para operar estas novas alternativas num contexto regional e de brasilidade integrada?
 
Competitividade estimulante

Ora, descobrir as vocações de um país, que Brasil nós queremos, significa ter claro o perfil das vocações regionais, setoriais, empresariais e humanas, que se refletem nas mais variadas áreas. A nova Revolução Industrial é a revolução no uso da inteligência e da indústria do conhecimento. Sem valorização máxima do fator humano, sem investir na qualificação das crianças desde o Ensino Fundamental, nos jovens que já avançam hoje com deficiência em Matemática, Ciências e Leitura, aqui entendida como interpretação e elaboração de textos, iremos a lugar algum. Eles refletem uma geração de professores que avançaram num modelo laissez-faire, em que não precisa muito esforço para seguir adiante, a aprovação e avaliação não são assim tão essenciais. Assim prosseguindo vamos continuar acusando-nos mutuamente de ineptos, vesgos e falsários. É preciso rever estratégias, potencializar a criatividade, a diversidade metodológica de acumular e diversificar o conhecimento, sua utilização e transformação em estímulo para aumentar mais ainda o repertório de saberes, da história, das Ciências, das Artes e de sua presença nesta nova ordem social. Só assim poderemos inaugurar a competitividade estimulante, que cria soluções sustentáveis de convivência do homem com a natureza e das pessoas em comunhão, premissas da inserção da ZFM na economia nacional e do país no cenário da economia global. Voltaremos ao assunto.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes.  cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 30.04.2014

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