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Greves, greves e mais greves

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07/10/2015 17:28

Em defesa do modelo, e temendo o agravamento da queda de arrecadação, o governador José Melo recebeu nesta segunda-feira uma comitiva de empresários, parlamentares e autoridades do setor primário, liderada pelo deputado Dermilson Chagas, para debater as consequências e saídas da greve dos fiscais agropecuários do MAPA, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Eles decidiram radicalizar nos entraves para liberação dos contêineres para o setor produtivo do polo industrial de Manaus. Já são mais de 5000 na lista do atraso num momento em que o setor produtivo carece de insumos para sair do sufoco em que a crise enfiou a todos. De quebra, as despesas com armazenagem complicam e se multiplicam até três vezes mais. No início do ano, com a greve da Suframa, o Estado pôs à disposição da Suframa os auditores fiscais da Fazenda Estadual, para ajudar na liberação de mercadorias e redução dos prejuízos. Mesmo assim o rombo foi grande e as consequências disso se fazem sentir na assustadora queda de arrecadação, redução dos postos de trabalho além de um clima preocupante de insegurança que toma conta de todos os segmentos. Para os problemas com a operação tartaruga dos fiscais do MAPA, o governador já solicitou ao secretário de Produção Rural, Sidney Leite, que fizesse estudos e propostas imediatas de colaboração. Greves, greves, mais greves, em todas as direções, por todos os motivos, em busca de novos caminhos.

Castanhas: debater, identificar e propor

Na semana passada, numa iniciativa conjunta do CIEAM, FIEAM, FAEA, as entidades da indústria e da Agricultura, e a AFEAM, agência estadual de fomento, iniciaram com a castanha do Brasil, do Pará ou da Amazônia, os DEBATES PRODUTIVOS, visando identificar oportunidades de desenvolvimento na agroindústria e bioindústria a partir das cadeias produtivas levadas a efeito pela Afeam, em conjunto com seus parceiros habituais na formação de novos negócios e novos empreendedores. Fruta símbolo da alimentação e da economia amazônica, a castanha passa a ser produzida racionalmente, com os cultivos extensivos da Fazenda Aruanã, em Itacoatiara, da família Vergueiro, que plantou e distribuiu mais de 2 milhões de mudas da Bertholethia Excelsa, cujas oportunidades nutracêuticas, cosméticas e auxiliar na prevenção de danos cognitivos, de obesidade, diabetes e complicações renais carecem de pesquisa e desenvolvimento para a criação de novas matrizes econômicas. Caracterização nutricional das castanhas beneficiadas no Amazonas, com identificação da presença de selênio associada ou não a aflatoxina, são algumas das linhas de pesquisa e de negócios possíveis. Produtos de valor agregado, como barra de cereal para a nutrição balanceada, produção de cosméticos e de anti-maláricos, eis alguns dos desafios ou promessas dessa árvore sagrada. Além dos anfitriões, representantes do poder público, Secretaria de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, da Agricultura, a Universidade Federal, Estadual, a Embrapa e o Inpa se uniram aos técnicos da Afeam, da FAEA para achar saídas, debater os embaraços e propor os cenários de uma nova economia. É emblemático lembrar que a Afeam, onde ocorreu o evento na semana passada, trabalha com os recursos do FMPES, o fundo pago pelas indústrias para interiorizar a economia.

Selênio, Alzheimer, Obesidade...


Com a presença de Silvia Cozzolino, doutora em nutrição pela Faculdade de Farmácia da Universidade de São Paulo, a maior autoridade mundial em selênio, um mineral existente em quantidade destacada nas castanhas amazônicas, os pesquisadores e empreendedores da região tiveram oportunidade de debater os gargalos dessa promissora atividade, tanto de pesquisa como no desenvolvimento de negócios. Nas recomendações finais, ficou clara a necessidade do fortalecimento institucional e da organização social, onde associações e cooperativas podem avançar com certificação de produtos a partir e na direção do mercado, lançando mão da adequação dos instrumentos locais para agregar valor, Sustentabilidade, Gradientes tecnológico, Conformidades métricas e estruturais com a ajuda da indústria, através do INMETRO. Dada a relevância dos projetos, os pesquisadores locais em conjunto com os da Universidade de São Paulo, parceiros já consolidados pelo Acordo de Cooperação com a Universidade do Estado do Amazonas.

Não iremos jogar a toalha!


Entre outras recomendações de pesquisa resultantes dos DEBATES PRODUTIVOS, está a Definição dos Indicadores de coleta, beneficiamento e distribuição da castanha, estudos de Agronomia para identificar as lacunas do cultivo, o melhoramento genético de matrizes mais robustas, o Aproveitamento de resíduos para fins industriais, os Serviços ambientais de fixação de carbono, Com o Manejo florestal da castanha plantada, ampliação dos Estudo de potencialidades / mapeamento potencial de Inovação e Tecnologia disponível, estudos para saber quanto custa produzir, quais os grandes gargalos da cadeia produtiva, como partilhar a experiência da castanha plantada, usos e benefícios do Selênio e do bário: presenças fundamentais na certificação e padronagem na direção do mercado. Esses itens vão compor um programa/projeto, multidisciplinar, envolvendo atores privados, públicos e institucionais com apoio eventual da FAPESP e FAPEAM, fundações de São Paulo e Amazonas de amparo à pesquisa. Não iremos jogar a toalha!
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 07.10.2015

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