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Gilberto Vive! Amazônia: conhecer para acreditar e amar

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23/02/2022 09:53

Neste dia 23, Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo completaria 94 anos de idade. Entre seus legados, nas diversas áreas da vida na Amazônia, há que se destacar suas reflexões sobre o significado da floresta para o mundo e da necessidade de sua exploração sustentável para nossa gente. Em seu livro Amazônia a Terra verde sonho da humanidade (1994) ele registrou sua visão, compromisso e profecias sobre a Amazônia. Prestamos aqui nossa homenagem ao Boto Navegador, republicando um capítulo dessa obra e com muita gratidão por seu amor transformado em gestos e preocupações com nossa terra. Gilberto, Vive!! Confira!!!

Por Alfredo Lopes
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“Amazônia: conhecer para acreditar e amar”

Capítulo do livro: Mestrinho, Gilberto – Amazônia a Terra verde sonho da humanidade (1994)

Entre as diversas visitas que recebo na Amazônia, tive a honra de hospedar, antes da Rio-92 – quando nossa região estava mais do que nunca na berlinda da história, o duque de Edinburgo, príncipe Philip, que se surpreendeu com a exuberância da floresta e seu grau de preservação:

“Tudo é muito bonito, muito sólido e cercado de verde”.

Falávamos de educação ambiental e sua importância para habilitar esta e as gerações futuras no trato com o meio ambiente. A certa altura o ilustre visitante questionou a autoridade dos países do Norte em acusar os amazônidas de devastar suas florestas, se eles próprios foram incapazes de preservar as suas. Evidentemente o príncipe Philip se interessou pelo desenvolvimento de nossa região. Comprometeu-se a levantar recursos para projetos de desenvolvimento sustentável na Amazônia, como opção de conservação das florestas tropicais. Tal princípio ele já havia defendido no início dos anos 90, perante o Conselho da Comunidade Econômica-Européia e depois em reunião do G- 7, para surpresa de seus pares. A propósito, determinou, após sua viagem à Amazônia, que seus ministros da Pesquisa e Tecnologia e da Cooperação Econômica articulassem um plano ambicioso de parceria em relação ao Brasil. Não é sem razão que, entre os integrantes do chamado G-7(*) o governo alemão, até o momento, é o que tem participado, mais efetivamente de projetos ambientais no país, abrangendo, além da Amazônia, o Pantanal Matogrossense e a Mata Atlântica. Infelizmente, a burocracia brasileira tem emperrado tal parceria. O projeto proposto pelo G-7, em sua reunião de dezembro de 1991, em Houston, Estados Unidos, teoricamente destinava-se à preservação das florestas tropicais do Brasil. Afinal, nesse país iria ocorrer a Conferência da ONU no ano seguinte. Medidas de impacto se faziam oportunas. A decisão de liberar 1,5 bilhão de dólares foram palavras carregadas pelo vento para lugar nenhum. Falou-se depois em 250 milhões de dólares. Desde então, o único recurso liberado, de que se tem notícia, foi aquele pago pelo Banco Mundial aos consultores para que tomassem decisões sobre os diagnósticos e as necessidades amazônicas.
(*)G-7: grupo dos sete países mais ricos: Estados Unidos, Canadá, Japão, Inglaterra, França, Itália e Alemanha.

Consultores ou palpiteiros?

A figura do consultor traz-me à lembrança a história de dois aventureiros que sobrevoavam a floresta amazônica dentro de um balão. Sem saber direito onde estavam, eles tentavam inutilmente achar um rumo, quando encontraram um terceiro perdido na copa de uma grande árvore, a quem perguntaram onde é que estavam. O terceiro aventureiro de pronto, respondeu: “Vocês estão em um balão”. E exatamente isso o que tem ocorrido com a maioria dos consultores externos na Amazônia. Respondem rápido, aparentemente acertam, mas as respostas não têm qualquer relevância.

Nós da Amazônia certamente nada temos a ver com a necessidade político-eleitoral de certos dirigentes que, na esteira da onda verde, querem posar de bons-moços e sal- valores da pátria ecológica. Acendem uma vela a Deus, através de promessas de salvação da Amazônia (como se estivéssemos condenados), e outra ao Diabo, pela recusa de diminuir a taxa de poluentes na atmosfera, ou de conversão da dívida externa dos países subdesenvolvidos em projetos de recuperação ambiental.

Não nos assalta qualquer sentimento de inferioridade em decorrência de nossa condição de país subdesenvolvido, atrasado do ponto de vista das mais recentes tecnologias. O que nos envaidece e nos habilita a discutir alternativas para a humanidade é saber que nenhuma das economias centrais do planeta dispõe de tantas opções tecnológicas e biotecnológicas adequadas aos ecos sistemas dos trópicos úmidos como a Amazônia. Não é sem razão que a convenção da biodiversidade provocou tantos conflitos por ocasião da Rio-92. O encanto dos cientistas e a ganância das indústrias pelos princípios ativos do banco genético amazônico explicam bem a polêmica, citada há pouco, em tomo da propriedade das patentes naturais. Esta é uma questão crucial para a qual precisamos acordar.

GILBERTO MESTRINHO

Dados biográficos
• Data de falecimento: 19/07/2009
• Data de nascimento
• 23/02/1928

Atividades Parlamentares

CONGRESSO NACIONAL:COMISSÕES MISTAS: Comissão Mista de Planos e Orçamentos Públicos: Presidente, 1999 e 2003; Comissão Mista Especial de Combate à Pobreza: Suplente, 1999; Comissão Mista Especial de segurança Pública: Suplente, 2002; Comissão Mista Especial Centenário JK: Suplente, 2002.

Mandatos Externos

Prefeito(a), AM, Partido: PTB, Período: 1957 a 1958; Governador(a), AM, Partido: PTB, Período: 1959 a 1963; Governador(a), AM, Partido: PMDB, Período: 1983 a 1987; Governador(a), AM, Partido: PMDB, Período: 1991 a 1995; Senador(a), AM, Partido: PMDB, Período: 1999 a 2008.

Obras Publicadas:

Amazônia – Terra verde: Sonho da Humanidade; A Amazônia: Patrimônio Ameaçado?; A Importância do Conhecimento; Atuação Parlamentar ; ONG Estrangeiras; Homenagem ao 35º aniversário da Zona Franca de Manaus.

Publicado em: https://brasilamazoniaagora.com.br/gilberto-vive-a...

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