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Fucapi, inovação e rebeldia

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14/02/2014 11:29

O jurista Raimundo Noronha, autoridade maior do país em legislação e história das idas e vindas, distorções e imposições feitas à ZFM, costuma destacar a real expectativa histórica e projeto federal desenhado na implantação do modelo. Citando a Portaria n. 308, de 11 de agosto de 1976 - quando o ciclo da ZFM comercial foi ampliado com o desembarque das primeiras indústrias em Manaus - o legislador federal descreveu no “manual de instruções”, que na ZFM, somente ocorreria a montagem simples de produtos industrializados, contando com insumos estrangeiros e com insumos nacionais. A questão era liberar insumos estrangeiros e cobrar índices de nacionalização de componentes. Pronto!  Não se cogitava qualquer atividade de pesquisa e desenvolvimento ou inovação, incorporação de tecnologias compatíveis com o estado da arte e da técnica, no polo industrial local. Ilustra isso a instrução de que: ‘a mão-de-obra direta empregada no processo de produção engloba tão-somente a mão-de-obra até o nível supervisor’, segundo a tal Portaria. Eis aí a fonte e a orientação do desestímulo à instalação, pelas empresas, na Zona Franca de Manaus, de laboratórios e centros de pesquisa, bem assim como recrutamento em outras regiões do País de técnicos qualificados. Na prática, isso representava um veto – que ainda subsiste – ao desenvolvimento local de tecnologia de produtos e de processo de produção e até mesmo à absorção ou emulação de tecnologia adquirida de fontes externas. É nesse contexto de indignação e desacato que, em 1982, surge a Fucapi, Fundação Centro de Análise e Pesquisa e Inovação Tecnológica. Instituição de direito privado, fundada a partir das entidades de classe da indústria, CIEAM e FIEAM, há mais de três décadas, a Fucapi é reconhecida como o embrião do avanço tecnológico na Amazônia, na qualidade de principal instituição tecnológica da região, por sua atuação voltada para o apoio técnico às empresas instaladas em Manaus, com laboratórios de última geração e inventividade.

Na contramão da maquiagem

E se às empresas foi imposta e estimulada a modelagem de montar partes e peças, a Fucapi sinaliza esforços efetivos dos atores locais empenhados em desenvolver – com parcos recursos disponíveis – as novas saídas da inovação. A Fucapi é a instituição que criou a primeira escola técnica em informática do país, e tem pioneirismo de cursos de especialização em nível de graduação e pós-graduação Eletrônica Digital, Engenharia de Produção, Automação Industrial, Qualidade e Produtividade, Desenvolvimento de Recursos Humanos, Marketing, e Design Industrial e regional com serviços de busca e registro de marcas, patentes, desenho industrial e software, entre tantos avanços – sem injeção de recursos públicos – que a opinião pública precisa conhecer.

Informação e talento

Com todos os percalços, boicotes e ambiguidades na relação entre a União e as demandas locais, e transformação do modelo em moeda política, a Suframa é um – disparado – o mais acertado modelo federal de desenvolvimento, do ponto de vista dos benefícios gerados para a região e para os cofres da Receita. Um de seus maiores instrumentos, de maior transparência, prontidão e eficácia, é seu sistema de informação e gestão de dados. Com esse sistema, a autarquia integra a economia regional ao resto do país e suas conexões globais, com fornecedores e consumidores da produção local. Este sistema e a plataforma que o sustenta foi feito em casa, aqui, pela inteligência local. Os dados são processados sobre uma plataforma integrada contratada junto a Fundação de Análise Pesquisa e Inovação Tecnológica. Este é um item de uma generosa e diversificada gama de produtos e serviços oferecidos pela instituição. São múltiplos os clientes e diversificados os produtos de seu portfólio robusto. Parabéns, Fucapi!

O bedelho da União Europeia

Quem é mesmo – hoje – a União Europeia, além de um balaio de gatos, onde ninguém se entende e se nega recusa a fazê-lo, e no qual os ingleses se recusaram a entrar desde o começo, por sua lucidez histórica assimilada, quem sabe, em tantos anos de bons negócios na Amazônia, onde “macaco velho não mete a mão em cumbuca”? E a quem interessa – neste momento complicado e embolado pelo fator eleitoral, de discussão da prorrogação da Zona Franca – repercutir suas bravatas? Eles estão vendendo a mala por motivo de viagem, como se diz por aqui, tal a penúria de seus últimos indicadores econômicos. Caberia, nesse contexto, perguntar: o que discutiu Davos este ano de relevante e criativo para tirá-los do fundo do poço? Eles talvez nem saibam nem tenham argumentos entre si para manter a reunião do fórum que inventaram. E aí se voltam contra a ZFM sem saber de que falam nem o que isso significa. A guerra da prosperidade, travada sobretudo pela questão basilar da segurança alimentar, os ignora pois esgotaram seus recursos naturais e não sabem para onde nem porque ir. Estão fora de qualquer eixo e querem compor com Obama, que está muito mais interessado em alguma associação asiática, para onde está migrando o locus global de poder. O problema, portanto, não é a bravata da União Europeia, é a repercussão que os oportunistas fazem dessa bravata. O presidente do CIEAM, Wilson Périco, a respeito do tema, chamou a atenção para os oportunistas de plantão, e seus arautos, nesse momento delicado de discussão dos incentivos.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes.  cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 14.02.2014

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