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ZFM, indicadores da mudança

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20/09/2013 10:10

Ainda com a vaidade acadêmica abalada com a divulgação do Ranking Universitário da Folha, que colocou a Universidade do Estado do Amazonas-UEA em centésimo lugar na classificação nacional, atrás de estados empobrecidos como o Piauí, é gratificante constatar a parceria tecnológica firmada entre a UEA e a Honda da Amazônia, pioneira no polo industrial, a maior fábrica de motocicletas do planeta. Ressentida pela escassez de professores na área de engenharia e tecnologia, a instituição só tem a ganhar com essa interação promissora. Afinal, com mais de quatro décadas de atividades na Amazônia, a empresa - mais do que uma fábrica – virou um complexo processo produtivo em que são desenvolvidos também produtos e processos de alto valor agregado. São duas centenas de engenheiros disponíveis para a saudável e inteligente permuta de conhecimento e de soluções no desafio da agregação de valor.  De quebra, essa interatividade vai atuar no enfrentamento da competitividade capenga, o pecado capital da indústria local, carente de infraestrutura, desoneração burocrática e, especialmente, de mão-de-obra qualificada para disputar espaço no mercado global. É inquietante constatar que o Brasil, ZFM inclusa, entrou em tendência decrescente nos indicadores internacionais de educação, competitividade e inovação. A Embraer migrou parte de sua planta industrial para Portugal empurrada pela pesada carga tributária e escassez de mão-de-obra qualificada.  E no âmbito educacional, a carência maior se dá no ensino dos números, daí a ojeriza nacional à Matemática e a consequente fragilidade cientifica e tecnológica do país.

Programa de mudança

Pesquisa e desenvolvimento são o objeto do acordo de cooperação e intercâmbio científico e tecnológico visando propiciar aos estudantes dos cursos de engenharia, logística e administração focar as próprias pesquisas na rotina produtiva, aperfeiçoando e desenvolvendo tecnologias, para adensar o processo produtivo local. Uma aproximação inteligente, já experimentada em outros momentos e segmentos e que reafirma a obviedade das vantagens advindas dessa escolha. A Honda inaugura um Centro Tecnológico e o Polo Industrial de Manaus envereda por um caminho de sua emancipação fiscal e perenização institucional. A rigor, a inovação é a saída que resta para assegurar o modelo. Eis, a propósito, o grande mote para a instalação do Conselho Consultivo da UEA, com a participação dos diversos atores da sociedade, especialmente da indústria, os responsáveis efetivos pelo suporte financeiro da instituição. Essa é uma engrenagem funcional que pode assegurar com mais rapidez – a partir da interatividade institucional, trocas de informações, demandas e serviços entre academia e setor produtivo – a efetiva estruturação da indústria do conhecimento, a vocação econômica e ecológica mais adequada à Zona Franca de Manaus.

Motor de rabeta

A celebração da parceria entre uma empresa local e a universidade estadual traz à tona a figura de um dos sócios da Honda da Amazônia, o pioneiro Nataniel Xavier de Albuquerque, da Moto-Importadora - daí o nome Moto Honda - o inventor do motor de rabeta, cujo sonho era agregar tecnologia e economia no ambiente regional, para acrescentar novos itens ao imaginário da Humanidade que tem associado, predominantemente, Amazônia à intocabilidade ambiental e, por isso,  carece de informação sobre a possibilidade e a efetividade da  poderosa relação entre o chip e o cipó na floresta, inovação e biologia . A intuição tecnológica de Natan, o empreendedor poeta, desembarcou na utilização do motor estacionário Honda, nas viagens mais rápidas por esse beiradão sem fim da imensidão florestal. Além da rabeta, o motor ganhou diversas aplicações na civilização da Mandioca, como moedor da casa de farinha, moedor de cana e compactação de solo, ilustrando com profusão essa saudável e fecunda aproximação entre o fazer e o saber tecnológico. Supondo sempre que a necessidade é a porta de acesso à inventividade e a viabilidade das soluções, integrar alunos egressos do interior no Programa de Talentos que a parceria UEA-Honda prioriza é motivo de aguardar curiosas aplicações dessa equação entre economia e tecnologia na floresta.

Pesquisa, inovação e fomento

Dando sequencia ao que foi debatido no Seminário CIEAM/FIEAM, sobre Pioneirismo e Futuro da Economia Regional, ocorrido no último dia 5 de agosto, técnicos do INPA e da AFEAM, juntaram as farinhas da pesquisa e do fomento, num workshop entre pesquisadores, empreendedores e gestores, para identificar pontos de convergência entre os dois organismos e formas de ação compartilhada em cadeias produtivas do interior e sua integração com o Polo Industrial de Manaus. Um dos acenos é começar pela produção de fonte alternativa de energia com a produção de biocombustível, numa área experimental de 200 hectares, que possa gerar efeito demonstrativo e ser replicada em outros municípios para viabilizar agroindústria a partir do extrativismo sustentável. A aproximação vai mobilizar recursos de pesquisa e fomento do Fundo Amazônia e demais fundos de P&D das diversas agências e vai buscar replicar as empresas encubadas do INPA, em parceria com a Embrapa e organismos relacionados. Enquanto a academia tira as próprias sandálias da abstração para adentrar o chão de fábrica, atores da economia regional começam a estreitar ações, partilhar energia e experiência para desenhar novas matrizes de negócios, na expectativa de interiorizar oportunidades, equilibrar a distribuição da riqueza e integrar o esforço de um desenvolvimento humano mais justo e equânime.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do Centro da Indústria do Estado do Amazonas. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 20/09/2013

 

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